

Isso para cumprir a profecia do homem que ficou três dias no ventre do peixe. Yonah. Ele quase tinha esquecido o nome. Apertou com mais força o bornal onde estava o livro. O Livro, assim, em maiúsculas. Sua mão buscou o punhal à cintura. Não tinha nada para defender, a não ser O Livro.
Era quarta-feira, véspera do Shabbat HaGadol: o Shabbat Grande, como diziam. E, pela posição do sol sobre a estrada, devia ser por volta das três da tarde.
“Foi à essa hora”, ele pensou. Os pêlos dos seus braços se crisparam, efeito de um vento vindo sabe-se lá de onde. Ele lembrou do vento que rompeu o véu do santuário, logo após Ele expirar. Persignou-se. Ajoelhou-se, pois que, para ele, aquele seria para sempre solo sagrado.
Levantou, verificou as redondezas, e seguiu na estrada aberta à sua frente. Com um pouco de sorte, chegaria antes da Páscoa. Sorriu. Ele era o portador do Livro. Ele conseguiria.
“Foi entre a quarta e a quinta”, ele pensou mais uma vez. “Por volta das três. E não numa sexta”, repetiu para si mesmo.
E o mais importante: “Yeshua venceu”. Sorriu de novo, confortado por esse pensamento.
Yeshua vive.


Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.