2 de maio de 2024
Colunistas Joseph Agamol

Cavalos do Tempo

No calendário judaico, estamos no ano de 5782. Os budistas comemoraram 2563. Pelo calendário gregoriano, 2022.

E eu fico a me perguntar: onde se depositam os anos? Como se guardam as horas? Em que dobra do universo se escondem semanas, dias…?

Porque, em um piscar metafórico de olhos, sete meses passaram por nós a galope, a toda brida, como diziam os antigos, e – pior – nós talvez não tenhamos sentido o deslocamento do ar à nossa volta, deixado pelo sr. Tempo em sua passagem.

O Flamengo e Santos no antigo Mário Filho, as camisas sem propaganda e as torcidas misturadas. A TV em branco & preto passando um festival de canção. O combo minissaia-com-botas. A espera de semanas pelas fotos reveladas no aniversário de 15 anos. A espera de semanas por um primeiro beijo. As palavras hoje olvidadas, como “olvido”. “Recato”. “Flerte”.

Os cascos do cavalo do sr. Tempo deixam marcas na estrada. A estrada é meu rosto e minha alma. As marcas são as linhas traçadas na face e na memória que não me permitem esquecer.

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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