Eu caminhei a esmo pela cidade abandonada. Atrás das janelas podia ver os rostos mascarados dos que se escondiam. Ao longe ouvia o rumor de combates.
Eu tive medo, eu senti frio, minha alma com fome e meu coração exausto. Sobre meu ombro esquerdo, um dragão me oferecia canções inúteis e conselhos de meia estrada.
Foi quando o céu se rompeu.
E eu a vi, a Cruz plena, toda átomos de luz, numa onda celestial varrendo a cidade, tomando-a por inteiro, sendo carregada por legiões douradas de seres celestiais portando armamentos em prata, ouro e gumes aguçados.
O dragão tombou, dilacerando-se em mil estilhaços da luz branca, limpa, pura, seu veneno sendo purificado pelo solo sagrado a meus pés.
Os seres celestiais acamparam a meu redor, erguendo uma muralha de fogo e aço azul, impenetrável, e seu líder caminhou até mim, e caí de joelhos.
Ele me ergueu, mostrou-me um disco flamejante de prata polida, semelhante à uma pequena lua, e tão brilhante quanto, e fechou-o na minha mão.
Os símbolos e letras tatuaram-se em minha pele, e ele disse apenas, antes de desdobrar suas asas majestosas e erguer-se ao firmamento:
- Ora et labora.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.