16 de maio de 2024
Colunistas Joseph Agamol

A lenda do escorpião barbudo

Imagem: Google Imagens – Jornal da Cidade Online

Era uma vez, em um pântano do Principado do Bananistão, uma linda rãzinha dourada. Muito chic, cool, uma dândi, finérrima, quase uma narcisa batráquio.

Era tão elegante que se recusava a saltitar pelo pântano, como as rãs comuns, e só se locomovia de Kombi.

Era linda, como eu disse, mas meio nariz empinado, meio besta, metida a obrar cheiroso, vocês conhecem o tipo. Sabem o que é “obrar”, pois não?

Um belo dia, um escorpião barbudo apareceu na casa da rãzinha. Ela estava sentada em seu imponente muro, tomando sol, e ali se manteve, cautelosa.

O escorpião barbudo falou, com uma voz roufenha e trôpega: “parecia bêbedo”, pensou a rãzinha. Sim, ela falava “bêbedo” em vez de “bêbado”. Não disse que era fina?

  • éééé, cupanhera rã, bom dia. Eu preciso passar lá pra riba desse brejo, mas tô fud… quer dizer, tô lascado, pruque eu num sei nadá. A senhora não poderia me levá em seu lombo para o outro lado?

    A rãzinha titubeou. Mas pensou que o escorpião barbudo não seria tolo o bastante para lhe aplicar uma picadura em meio à travessia: afinal, ambos sucumbiriam no pântano. A rãzinha, então, deixou o repulsivo animal encarapitar-se em suas costas e iniciou a travessia do pântano. Não estavam nem na metade do mandato, ops, da travessia, quando ela sentiu um ardor no lombo. Dito e feito! O escorpião barbudo a tinha picado!
  • seu burro!!! Seu jegue!!! Seu asno!!! Seu… seu MUAR! – ela gastou seu estoque de xingamentos asininos – Você me picou e agora ambos pereceremos nesse pântano fétido!

    O escorpião barbudo, meio sem jeito, disse:
  • éééé cupanhêra rã… essa é a minha narute… natere… ah, essa parada aí!

    E arrematou:
  • mas mais jerico é você, que acreditou que escorpião muda…

    Moral da História?

    Não tem, amigos e vizinhos. Essa é uma história imoral – desde o início.
Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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