29 de abril de 2024
Colunistas Joseph Agamol

A falta de talento endêmica no habitante médio do Principado do Bananistão

Um amigo me convidou para almoçar numa hamburgueria metida a besta. Aceitei, porque, como já disse, sou o louco dos hambúrgueres. Lá chegando, pedimos e ficamos esperando, assistindo alguns clips musicais em um telão. Foi aí que o tema desse texto surgiu.

Na tela, uma mocinha, jovenzinha, bonitinha, com uma vozinha delicadinha, dedilhando um violãozinho, assim, todinha fofinha, agradavelzinha e… mediocrezinha.

A mocinha fofinha e… – ah, ok, chega de diminutivos, vocês já entenderam – a moça escolheu um dito clássico da dita MPB, propositalmente uma música que não exige grandes vôos vocais e executou uma versão sem absolutamente NADA que justificasse uma regravação.

Nada contra covers – podem ser muito bons e muito prazeroso ouvi-los, mas o desempenho foi mediano, burocrático, CHATO, enfim. Mas o que me surpreendeu foi alguém ter achado que essa versão era digna de ser imortalizada.

Essa é a via de regra aqui.

Enquanto isso, apenas para efeito de comparação, nos U.S.A. você tropeça em cantores e musicistas geniais, que jamais gravaram discos e talvez jamais gravarão, em qualquer esquina, qualquer estação de metrô.

O Bananistão é uma espécie de areia movediça de ideias. Um buraco negro de talentos.

A nefasta cultura antimeritocrática, que inveja e pune quem se destaca, que fincou suas presas repulsivas em nosso país, desde meados dos anos 30, é, para mim, a grande responsável.

Se há saída? Não sei. Talvez aquela que o genial Tom Jobim – ou o igualmente genial Roberto Campos? – preconizou.

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *