Penso que algumas canções são algo mais do que progressões adequadas de acordes e combinações certas de notas. Penso que algo especial aconteceu durante seus processos de composição. Um ingrediente secreto. Sei lá. É o caso de “Burning Love”, música composta por Dennis Linde, e gravada – e eternizada – por Elvis Presley, em 1972. Há 50 anos, portanto.
Acredito que seja impossível cantar “Burning Love” sem sorrir. Experimente. Vá ao You Tube e procure. Em absolutamente TODAS as versões cover da música – e são dezenas, talvez centenas – de Bruce Springsteen ao desenho “Lilo e Stitch”, passando por Melissa Etheridge, quem a canta parece estar vivendo uma alegria pura e verdadeira – talvez proveniente do tal “ingrediente secreto” que citei acima.
Quando estou mal, quando me sinto triste, quando os vapores sombrios da melancolia me abraçam, eu procuro por “Burning Love” e… é batata. As nuvens do Não-Bem se dissipam. “Burning Love” lembra dias ensolarados, o vento no cabelo e você dirigindo um Impala nos anos 70, a estrada aberta à sua frente.
Eu disse que é impossível ouvir “Burning Love” sem sorrir? É o “ingrediente”: “Burning Love” carrega em seu ritmo, suas notas e acordes uma centelha de D’us.
P.S. no primeiro comentário, o vídeo que motivou esse texto: uma jovem baterista, Lizzy Lambert, com seus 19 ou 20 anos, toca “Burning Love” com uma alegria no rosto que explica muito melhor o que eu quis dizer no texto.
No segundo, a versão original do Rei.
No terceiro, um cantor faz um cover e sua filha dança.
No quarto, uma montagem com momentos de Elvis.
Desfrutem. Tentem não sorrir.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.