29 de abril de 2024
Colunistas Ilmar Penna Marinho

Os gatos pretos protetores

Nunca gostei muito de gatos, de repente tudo mudou com a chegada de um gatinho guerreiro…

No dia 26 de fevereiro de 2020, a minha Bonjour faleceu.

Não conseguia me comunicar com o veterinário, que cuidou dela durante 13 anos.

Fui então, em busca de socorro, até o seu consultório na rua Djalma Ulrich.

Qual não foi o meu espanto ao encontrar um minúsculo gatinho preto abandonado, que miava baixinho numa gaiola num canto escuro da porta fechada.

O sonho da minha mulher, Solange, sempre foi ter um gato preto!

Sua chegada foi como um fulgurante raio de luz, que expulsou a tristeza de um lar, que tinha abrigado o saudoso gato da minha nora, que hoje mora em Portugal.

Libertado da gaiola, o recém-chegado mal cabia na mão carinhosa da minha mulher.

Era tão miudinho, que tínhamos que alimentá-lo pacientemente com uma colherzinha na boca.

Nas primeiras semanas, já se sentia dono da casa, desfilando dengoso na beira das janelas fechadas, nos macios tapetes e nos acolhedores sofás.

Um dia desapareceu. Não achei em nenhum lugar da casa e nem nos degraus da escada de serviço.

Foi quando descobri que deixara uma brecha aberta na janela do meu escritório.

Será que tinha pulado do 8º andar?

Sim, o gato pulou no vão entre o meu prédio e o prédio vizinho, em cima de um colchão salvador de galhos e folhas.

Para a nossa alegria ele estava vivo, comprovando que estava predestinado a nos proteger.

Mesmo assim, foi imediatamente medicado numa clínica especializada em gatos.

Lembrei da conhecida “Síndrome do gato paraquedista”, que descreve porque os gatos caem das alturas, resultando quase sempre em curáveis lesões e raramente mortes.

“Na maioria das vezes, o pet está caçando borboletas, insetos ou passarinhos”.

Se distrai e sem querer caí de uma altura considerável, sem estar preparado para a queda.

O Chat Noir teve a capacidade de garantir um pouso seguro, chegando nos galhos “de pé”.

A síndrome menciona gatos que caem do 7° ao 10° andar têm tempo de acionar o sistema de proteção “quadrupedal”, resultando em lesões menores que as quedas do 3° ao 6° andar.

Hoje, todas as janelas do meu apartamento têm redes protetoras, imunes ao paraquedismo.

Solange sempre admirou o cartaz do Cabaret parisiense “Chat Noir”. É a estampa do belo e gigante gato preto que fez sucesso como convite publicitário do lendário ponto de encontro de artistas, músicos, escritores e poetas da boemia de Montmartre, em fins do século XIX.

Daí o nome do seu gato-herói, sempre rodeando os seus pés, a protegendo com seus reluzentes olhos dourados e garras combativas contra as adversidades cotidianas e as maldades humanas.

O nosso Chat Noir continua zelando pela sua liberdade e autonomia: só faz o que bem-quer.

Se recolhe nos seus refúgios exclusivos: a bolsa de couro em cima da cama, onde dorme, o teclado do meu computador ou a cadeira da sala, vigiando quem pretende importuná-la na dolce sonolência.

O que me encanta nele é a sua elegância ao desfilar pela casa e a sua vaidosa agilidade corporal.

Sua história de luta pela sobrevivência é uma lição de vida para os que amam os animais.

Vive com meu Cocker Proust em respeitosa e pacífica convivência.

A verdade é que não conseguimos mais viver sem a presença peluda e devota dos nossos amiguinhos.

Os alimentamos com muito amor e gratidão e eles nos recompensam com muito afeto e proteção.

Que Deus os proteja…

Ilmar Penna Marinho Jr

Advogado da Petrobras, jornalista, Master of Compatível Law pela Georgetown University, Washington.

Advogado da Petrobras, jornalista, Master of Compatível Law pela Georgetown University, Washington.

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