18 de abril de 2024
Veículos

Uma semana com o Nissan Kicks. Só simpático?

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A primeira coisa que me veio em mente quando peguei as chaves desse Nissan Kicks aí da foto foi um sujeito correndo, saltando, nadando e tentando alcançá-lo ao som de Fred Mercury cantando “Don’t stop me now”, hit de de 1978 de sua banda, o Queen. A danada da música iria me acompanhar ainda por algum tempo, martelada que foi durante todo o período dos Jogos Olímpicos aqui no Rio. Patrocinadora oficial do certame, a Nissan aproveitou a ocasião para lançar seu novo modelo, escolhido para ser o carro oficial dos jogos. E isso nos foi lembrado, pelo menos de meia em meia hora, em qualquer transmissão das competições (ou abertura, premiações e encerramento) que assistíssemos na TV. Gostava da música (e acho que ainda gosto, embora precise ainda acabar de me desintoxicar da superaudição contínua dela). Mas, confesso, meus sentimentos em relação ao carro eram um pouco dúbios, misturando simpatia por seu visual com o enjoo da superexposição contínua a sua campanha publicitária. Tive, portanto, de me concentrar, meditar e limpar a mente – da música e do excesso imagético – para poder, com a devida isenção, fazer a avaliação que posto aqui agora, em texto e no vídeo que produzimos para a TV Rebimboca (abaixo).

Galã de novela
O Kicks tem um desenho bem bacaninha. Não chega a ser radical, mas é suficientemente original para que salte aos olhos nas ruas. Especialmente quando traz o teto opcionalmente pintado em outra cor, como esse que usei por uma semana. É visível a simpatia que ele desperta por onde passa. Ainda não é muito comum nas ruas, mas, por conta do que mencionamos no primeiro parágrafo, é como se fosse um galã da novela das 8 que todo mundo já viu na TV. Por dentro, ele é bem simpático também, com tablier bem desenhado e parcialmente forrado em couro, com um ótimo sistema de multimídia e um painel que combina um grande velocímetro analógico “de verdade” com uma tela digital que pode ser ocupada por um conta-giros, informações de consumo e outras tantas coisas do computador de bordo.

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O espaço interno é, no geral bom, embora não seja dos maiores para quem viaja atrás. O porta-malas tem bom tamanho (432 litros) e ganchos de amarração em todos os cantos e o aspecto geral passa a impressão de boa qualidade e boa construção. As forrações internas são bem-feitas e isso pode ser comprovado, também, com ó silêncio que impera dentro do carro quando o ar-condicionado está ligado e os vidros fechados. Os bancos são bonitos, bem forrados e bem confortáveis, para todos os passageiros, mas, como motorista, senti falta de poder regular sua posição com um pouquinho mais de precisão, com um ajuste lombar, por exemplo.

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Grandes contrastes
Falo sobre isso no vídeo: para conseguir manter o preço final do carro – que por enquanto só está disponível em versão única, a SL, por cerca de R$ 90 mil – competitivo em relação aos seus não poucos concorrentes, o pessoal da Nissan teve de fazer algumas escolhas difíceis em relação ao que colocar ou não no Kicks. Há um ótimo câmbio CVT e uma coleção de recursos eletrônicos de segurança – entre eles, um providencial controle de inclinação da carroceria – que tornam a condução uma experiência das mais tranquilas e pouco cansativas, mas não há um piloto automático, que tornaria isso ainda melhor e mais econômico na estrada. Há belas forrações em couro no painel e em pequenos detalhes nas portas, mas o resto do acabamento delas é feito com plástico injetado duro e com aspecto barato, destoando do resto. Há um ótimo sistema de câmeras que auxiliam muito as manobras de estacionamento e não é preciso usar a chave (basta tê-la no bolso) para abrir ou ligar o carro, mas, não existem saídas de ar-condicionado (que é de uma zona) para os passageiros de trás e falta luz nos espelhos de cortesia atrás do para-sol. As luminárias internos do teto, aliás, parecem ser compartilhadas com as versões mais baratas do March. O saldo, no entanto, é bem positivo.

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Garoto esperto
No trânsito, o Kicks é surpreendentemente esperto. Como pesa proporcionalmente pouco (1.142kg), seu motor 1.6 de 16 válvulas – que gera 114cv de potência máxima e 15,5 kgf.m de torque, tanto na gasolina quanto no álcool – dá conta do recado com relativa facilidade e bebendo relativamente pouco (recebeu nota A do INMETRO, que atestou animadores 11,4 km/l na cidade e 13,7 km/l na estrada, sempre com gasolina). Não chega a ser empolgante, mas está longe de ser amarrado, mesmo com o eficiente, mas insípido, câmbio CVT cuidando do andamento. A direção elétrica tem o peso certo em todos os momentos e o carro é muito bom de manobra. Arrancadas mais fortes fazem com o que o silêncio seja rompido e você se lembre que não está dirigindo um modelo elétrico, mas ao longo da semana que passei com ele, não senti falta de força ou de fôlego em nenhum momento digno de nota.

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Listo os principais concorrentes (e não são poucos) do Nissan Kicks no vídeo. Nesses nossos tempos bicudos, de grana curta, ele tem uma parada dura pela frente. Mas, pelo que pude avaliar, mesmo sem bater recordes, com a ajuda da torcida, ele tem boas condições de chegar ao pódio de sua categoria e abocanhar uma boa fatia do mercado.

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FONTE: BLOG DA REBIMBOCA 

Henrique Koifman

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

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