Passei uma semana com a nova versão topo de linha da picape Fiat Strada, a Ultra. Corrigindo: passei uma semana com uma das versões topo de linha da Strada – isso porque, pelos mesmos R$ 136 mil você tem como opção a Ranch, que traz exatamente o mesmo pacote de recursos, apenas com alguns detalhes estéticos diferentes, quem sabe, mais “country”. Já em relação àquelas que eram as versões mais caprichadas da picape até o ano passado, a Ultra tem um visual mais caprichado, com uma nova e diferente grade frontal e outros detalhes próprios. Mas a maior diferença, mesmo, é o seu motor.
A Strada Ultra vem com um motor aquele motor 1.0 turbo de três cilindros da Stellantis (acima), batizado de T 200 – que rende até 130 cv de potência e mais de 20 kgfm de torque – e que equipa versões dos Fiat Fastback e Pulse e, mais recentemente, também do Peugeot 208. O câmbio é automático do tipo CVT, que simula sete marchas, que podem opcionalmente ser trocadas manualmente, por borboletas no volante.
O resultado disso deu para perceber logo no primeiro contato. Ao ligar e acelerar a Fiat Strada Ultra pela primeira vez, me lembrei de personagens como o Popeye, o Super Pateta e outros do tipo, que ganham superpoderes depois de ingerir alguma coisa. A até aqui pacata Strada da atual geração parece ter comido espinafre ou super-amendoim e, de repente, virou Ultra! Pensando bem, até o nome parece coisa de super herói.
Não que as outras versões da picape leve, equipadas com o motor 1.3 aspirado de até 107 cv sejam fracas, mas… Aliás, antes de ir em frente, convido vocês a assistirem o nosso test-drive com a versão Volcano 1.3 manual da mesma Strada, neste vídeo abaixo, gravado durante a pandemia (daí as máscaras no rosto do apresentador) para a TV Rebimboca:
E, também, a lerem este outro post aqui (https://www.rebimboca.com.br/single-post/fiat-strada-volcano-autom%C3%A1tica-%C3%A9-picape-nutela), com outro test-drive de uma Strada Volcano 1.3, dessa vez equipada com o mesmo câmbio automático CVT da nova Ultra.
Conferindo esse material anterior, você vai ter as informações sobre coisas como ergonomia e espaço interno da Strada, que, assim, não preciso repetir aqui, ok?
Fiat Strada Ultra vem com fôlego extra
Retomando a conversa, com esse novo motor a Strada efetivamente ganhou mais fôlego para carregar peso e ficou muito mais divertida de dirigir. Se antes a picape leve da Fiat já era um carrinho bem acertado (para sua configuração e propósito) e espertinho (quando vazia), com esse aumento de disposição mecânica, ela ficou – digamos – espertalhona (e ágil, mesmo quando carregada).
A diversão aumenta um pouco mais quando você aciona a teclinha vermelha sport no volante. E aqui volto a dizer que não entendo como todas as outras marcas ainda não copiaram a Fiat nessa localização para a teclinha que faz com que o câmbio “estique” mais as marchas simuladas, mantendo o motor em giro mais alto (e mais cheio) e proporcionando respostas mais diretas, insistindo em colocar o “sport” em locais pouco óbvios e às vezes até difíceis de se alcançar.
Vazia, essa Strada Ultra acelera de 0 a 100 km/h em 9,5 segundos; E, mesmo com a progressão nem tão rápida assim do câmbio CVT, retoma velocidade de forma ágil. E, claro, você ainda pode “apressar” as trocas dessas simulações de marcha usando as borboletas atrás do volante – que, de resto, são ainda mais úteis para reduções de velocidade e escalonamento do freio motor, nas descidas de serra, por exemplo.
Para além do motor, o que a Fiat Strada Ultra tem?
Para justificar a posição de topo de linha da Ultra, a Fiat procurou dar um “banho de loja” na simplicidade da Strada, incluindo boa, faróis de LED, bancos e forrações diferenciados e estribo estiloso (mas não muito prático) sob as portas. E ainda ar condicionado digital automático, emblemas da versão internos e externos, bancos em couro, barras no teto, câmera de ré, carregador sem fio para celular, forração e cobertura da caçamba e quatro air-bags, além dos obrigatórios controles de tração e estabilidade, freios com ABS etc.
Mas, em se tratando de uma “top de linha” de R$ 136 mil, confesso que senti falta de itens que já estão presentes em modelos dessa faixa de preço, como aviso de tráfego no ponto cego dos espelhos, retrovisor com sistema antiofuscante automático (fotocrômico), piloto automático e alerta de colisão. E também de um isolamento acústico mais eficiente para a cabine, pois o nível de ruído dentro dessa Strada, especialmente em giros e/ou velocidades mais altos, beira o estridente.
E no mercado, como essa Strada Ultra vai se posicionar?
Como a Fiat não se cansa de mencionar, sua picape leve Strada é o veículo (incluídos aí carros de passeio de todos os tipos e tamanhos) mais vendido no Brasil, e isso já há três anos. Independentemente de qualquer outra análise, essa liderança é uma indicação retumbante de seu bom custo-benefício.
Além disso, na prática, mesmo, a Strada até aqui não tem concorrência significativa no nosso mercado. Com o perdão da VW, mas a Saveiro, hoje, não faz nem cosquinha no modelo da Fiat. E também a despeito de haver alguma interseção de preços entre versões mais simples das um pouco maiores Renault Duster e Chevrolet Montana (esta, com bons números de vendas).
Agora, porém, deve ser mesmo a Montana – com seu motor 1.2 turbo de três cilindros, 133 cv e 21,4 kgfm (números próximos aos do modelo da Fiat) –, a princípio, a rival mais próxima (em preço) das novas versões Ultra e Ranch da Strada, especialmente em suas versões de entrada e intermediárias. A conferir.
Fonte: Rebimboca Comunicação