22 de outubro de 2024
Veículos

Test-drive do Nissan Sentra Exclusive Premium 2025

No mês passado, fiz um test-drive de uma semana com um Nissan Sentra 2025, atualização da oitava geração desse sedã japonês que tem jeitão americano. A versão que eu dirigi foi a topo de linha Exclusive Premium, que custa cerca de R$ 185 mil. Falo sobre minhas impressões neste post.

Antes de ir em frente: como os leitores mais assíduos vão lembrar, em julho do ano passado, publiquei neste blog (confira em https://www.rebimboca.com.br/single-post/nissan-sentra-2023-volta-por-cima) uma avaliação do Sentra, então modelo 2023 e que, a não ser por pequenas alterações – parte em retoques visuais na dianteira, parte em equipamentos – era praticamente igual a este. Por isso, não vou me aprofundar aqui sobre coisas como medidas, espaço interno, suspensão, direção e acabamentos, que não mudaram, ok?

Outra coisa que se manteve inalterada, aliás, foi o pacote motor e câmbio – este, automático do tipo CVT com 8 marchas simuladas. Aliás, o motor 2.0 aspirado desse Sentra é um pouco diferente do padrão em modelos que não são híbridos, pois funciona no ciclo Atkinson (e não no ciclo Otto, que é o mais comum). Simplificando, ele roda com um regime diferente de abertura e fechamento das válvulas para os cilindros, com foco na maior eficiência. Não por acaso, esse tipo de motor é mais comum nos híbridos, que têm na economia de combustível um de seus maiores apelos.

Nissan Sentra, um sedã suave

Mas, mesmo dando prioridade à eficiência – e não à performance –, esse motor atinge bons 151 cv de potência e 20 kgfm de torque, que são suficientes para você rodar com conforto, arrancar e retomar velocidades com suavidade.

Suavidade, aliás, poderia ser o segundo nome desse Sentra. Extremamente macio, silencioso e confortável, ele parece flutuar pelas ruas (desde que não exageradamente esburacadas ou encalombadas, claro) e tem uma condução muito agradável. Ele é daqueles que “nem parece que está tão rápido” e exige certa atenção ao velocímetro para não gerar prejuízos com as multas. Isso porque, a despeito de acelerar de zero a 100 km/h em informados pouco menos de 10 segundos, a sensação de ganho de velocidade que se tem é menor. Além disso, o desenho da carroceria parece cortar o ar com extrema facilidade, ou, pelo menos, sem fazer tanto alarde quando outros modelos.

Junte a isso bancos muito acima da média em termos de conforto – e, nesta versão, com uma forração em couro em tom de caramelo que faz com que se pareça com um carro bem mais caro –, um ótimo sistema de som Bose e uma boa climatização, o convite à alienação em relação ao mundo exterior fica quase irresistível. E essa viagem (nos dois sentidos) nem cobra caro no consumo – registrei perto de 11 km/litro de gasolina (seu único combustível) na cidade, incluídos aí engarrafamentos, subida ao Alto da Boa Vista etc.

As novidades do Nissan Sentra Exclusive Premium 2025

Por fora, o Sentra 2025 ganhou alguns retoques, a começar pela nova logomarca da Nissan, presente na grade dianteira e sobre a tampa traseira. E a grade frontal ganhou frisos horizontais, que “empurraram” os cromados para a parte de baixo. Segundo o fabricante, esses retoques melhoraram a aerodinâmica do carro, proporcionando uns 10% de diminuição no consumo de combustível.

E, no recheio, o bom pacote de segurança ativa “Safety Shield” – que agora também equipa a versão mais barata do carro – traz monitoramento de colisões, alerta de ponto cego, mudança de faixa, visão 360º (na tela da multimídia e com detecção de objetos no entorno), frenagem inteligente (e autônoma de emergência), alerta de saída de faixa (com correção na direção), alerta de tráfego cruzado traseiro, comutador de farol alto automático e frenagem automática em manobras de marcha a ré.

O que destoa do pacote do Sentra Exclusive 2025 – ou ainda falta

Esse sedã tem um padrão de acabamento e conforto tão bom, que certos detalhes que nem perceberíamos em carros mais simples meio que “saltam aos olhos”. O freio de mão, por exemplo, nesse Sentra é um “freio de pé”, e é acionado por um pedalzinho à esquerda do pedal do freio (me lembro disso nas primeiras Chevrolet S-10 produzidas no Brasil). Além disso, a despeito de ser digital (e forte), com duas zonas, o ar condicionado não tem saída para os passageiros do banco de trás.

Além disso, alguns itens que já estão presentes em modelos nacionais bem mais simples e baratos também faltam no Sentra, como a possibilidade de conexão sem fio para Android e Apple com a multimídia – cuja tela de 8 polegadas não tem a alta resolução que já vemos por aí.

Como você já deve estar acostumado a ler nesses meus comentários, esse tipo de opção, entre o que entra ou não num carro em termos de conforto e recursos tem muito mais a ver com uma estratégia de preço que com qualquer outro motivo relacionado à tecnologia ou produção. E, no caso deste Sentra, o custo é estratégico: um preço mais baixo que seu concorrente principal é um argumento de venda do qual a Nissan não quer (com razão) abrir mão. A propósito, a versão mais barata, Advance, sai por R$ 162,7 mil.

Isso porque ele concorre simplesmente com o campeão absoluto do segmento de sedãs médios no Brasil, o Toyota Corolla. Embora dificilmente vá bater esse rival em números totais, o segundo a Nissan o Sentra tem vendido bem, com médias que nos melhores meses ultrapassam as 500 unidades. Pode parecer pouco, mas levando-se em conta que esse tipo de modelo, hoje, é praticamente um “produto de nicho”, e que o Sentra é produzido no México em volumes consideráveis, tendo como foco aquele país e seu vizinho, os EUA, esse número justifica com folgas sua importação para cá.

E então, o Nissan Sentra 2025 vale a pena?

Vale. Mesmo com essas pequenas “faltas”, o Sentra é um ótimo carro e fica até um pouco acima da média em termos de conforto e padrão de acabamento interno, por exemplo, e tem um desenho bacana. É bem espaçoso, oferece um desempenho agradável e um bom pacote de itens de segurança – novamente, superior ao de boa parte dos modelos de sua faixa de preço. E a marca é reconhecida por sua qualidade, com modelos robustos que exigem pouca manutenção. Se você pensa em comprar um sedã de porte médio, sugiro que, no mínimo, faça um test-drive com ele também.

fotos HK e divulgação

Fonte: Rebimboca Comunicação

Henrique Koifman

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *