Quem tem ou já teve filhos pequenos, ou por outro motivo qualquer – e eles podem ser muitos e variados – precisa de espaço no carro para levar mais bagagens do que o padrão convencional, certamente já sonhou em ter na garagem um modelo do gênero das raridades e conceitos que enfeitam este post*. As caminhonetes ou peruas, como as costumamos chamar aqui no Brasil têm esse recurso como destaque e, de quebra, mantém quase que integralmente a dirigibilidade (e o prazer de dirigir) de um automóvel de passeio comum, algo que opções igualmente espaçosas, mas mais altas, como os queridinhos da vez SUVs e as ex-queridinhas minivans não conseguem. Sumidas do nosso mercado há um tempo, as SW continuam em alta na Europa.
Star Station Wagon 1923, considerada a primeira SW americana | Internet
As origens
Há quem diga que as caminhonetes – versões familiares de carros de passeio em que um espaço extra na traseira é acrescentado à carroceria, que de resto é igual a dos sedans e hatches – têm origem nas carroças que levaram os colonos para o oeste norte-americano no século XIX. Pesquisando um pouco, a referência mais antiga que encontrei dessa denominação relacionada a um automóvel foi o modelo “C Station Wagon” (foto), da extinta marca Star, lançado em 1922 nos EUA. E, já nos anos 1930, surgiram por lá as primeiras “woodies”, carrocerias que eram adaptadas com estrutura e painéis de madeira para dar aos carros essa mesma configuração espaçosa.
Rolls-Royce estate “woodie” 1929 | divulgação internet
O fato, porém, é que, depois de já ter visto até um exemplar de Rolls-Royce dos anos 1920 com sua carroceria sob medida construída com esse feitio, não dá para ser categórico ao indicar um primeiro modelo desse tipo que tenha seguramente inaugurado o segmento.
As brasileiras
Volvo PV445 sw Carbrasa, montado no Brasil nos anos 1950 | Internet
No Brasil, onde a indústria automobilística propriamente dita só começou a produzir carros em série a partir do final dos anos 1950, um dos primeiros projetos locais desse tipo foi uma modificação de um modelo importado, feita pela empresa carioca Carbrasa em meados daquela década. Especializada na construção de carrocerias para ônibus e representante da Volvo no país, a fábrica usava como base a mecânica, o chassis e a parte dianteira do modelo PV445 sueco para montar uma bela caminhonete (acima).
DKW Vemaguete quatro portas, outra que nunca esteve no catálogo do fabricante | Internet
Em 1957, passaram a ser montadas aqui a DKW Universal (depois modernizada e rebatizada de Vemaguete) e a VW Kombi – que só menciono neste texto por ter sido classificada justamente de perua, particularmente em São Paulo, onde até não faz muito tempo, “perueiro” designava motorista de van…
Pouco depois chegavam Rural Willys (nosso primeiro SUV, no conceito preciso do termo), Simca Jangada, derivada do sedã Chambord, e Chevrolet Amazona, a “mãe” da Veraneio, esta lançada em 1965. Paralelamente, algumas fábricas e oficinas que percebiam a carência desse tipo de carro no mercado faziam adaptações com picapes de outras marcas. No final dos anos 1960, vieram a Ford Belina (irmã do Corcel, na foto abaixo em uma inédita versão de quatro portas) e a VW Variant e, nos 1970, a charmosa Chevrolet Opala Caravan.
Ford Corcel Belina quatro portas 1969 | Internet
A partir dos 1980, a oferta de modelos familiares foi incorporada de vez pelas montadoras e, assim surgiram Chevete Marajó, VW Parati, Fiat Panorama, Fiat Elba, Chevrolet Kadett Ipanema, VW Santana Quantum, Fiat Tempra SW, Ford Royale, Fiat Marea Weekend, Renault Megane Grandtour, Fiat Palio Weekend, Toyota Corolla Fielder… Me desculpem se deixei alguma de fora, ok?
Peruas fora de moda
Hoje, quem quiser um carro com esse desenho terá de comprar uma aventureira Fiat Weekend ou buscar uma importada, como a bela Golf Variant – e daí para preços mais salgados, com versões SW da Mercedes, Audi e Volvo,
Opala Caravan de quatro portas, fora-de-série feito por encomenda | Internet
Mas por que esse Dr. Rebimboca dedica tanto espaço para esses carros que, pelo menos aqui no Brasil, andam tão fora de moda, pode perguntar o paciente leitor do blog. Puro saudosismo? Em grande parte, sim, reconheço. Já me enquadrei como luva no perfil de um pai de família com a família, as tralhas etc. e, a bordo de um desses carros vivi momentos bem felizes. Mas, sem querer soar pretencioso ou arrogante, acho que basta gostar de dirigir para entender os motivos de eu preferir as caminhonetes às práticas minivans e aos estilosos SUVs.
Boas de se dirigir
Se a posição elevada de guiar é um dos (desculpem-me a redundância) pontos altos desses carros, é justamente o fato de estar mais próximo do chão que proporciona às SW um comportamento mais esportivo e a sensação de estar a bordo de um automóvel, não de um utilitário. Acho dirigir caminhões um barato, guiar picapes bacana, vencer desafios com um fora-de-estrada muito empolgante. Mas na hora de passear ou viajar com a minha família, ou mesmo sozinho, prefiro um carro de passeio, de preferência com um desempenho (aí incluída a estabilidade e o comportamento dinâmico) estimulante, capaz de tornar qualquer trajeto divertido ou, no mínimo, menos aborrecido. Além, claro, do estilo visual da coisa – mas aí já é mera questão de gosto.
Dodge 1800 SW nacional no Salão do Automóvel de SP | Internet
(*) Todas as imagens publicadas aqui foram pesquisadas na Internet. Boa maior parte delas se refere a modelos ou versões que nunca foram produzidas em série, com configurações diferentes, com mais portas, por exemplo. A seguir, posto uma galeria com mais laguns desses carros raros e curiosos.
Aero Willys SW. Já que nunca entrou em linha, alguém resolveu fazer o seu sozinho | Internet
Ford Maverick SW, versão adaptada chegou a ser oferecida por uma concessionária | Internet
Simca / Chrysler Esplanada SW | Internet
Fusca SW dos anos 1960, estacionado na fábrica da VW do Brasil (mas aparentemente fabricado fora dali) | Internet
Renault Gordini SW, fruto da criatividade de algum brasileiro | Internet
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