Em poucos segmentos da indústria existe uma competição tecnológica tão disputada quanto no dos automóveis de luxo. E eu não estou falando apenas de recursos ligados ao conforto – como bancos com dezenas de regulagens e massagens e um mordomo-residente que trata de tudo a bordo ao ouvir a a voz do patrão. A tecnologia de ponta nesses carrões tem também como foco a performance, a segurança e – quem diria – a eficiência energética, traduzida em menos consumo e emissões de gases poluentes.
Foi esse tipo de modernidade que mais me chamou a atenção no lançamento dos Audi A6 e A7 modelo 2020 aqui no Rio, na semana passada e que mostro para vocês neste post e, em movimento, no vídeo da TV Rebimboca, acima. Além de conhecer os carros em detalhes, em apresentações de técnicos da montadora, puder dar uma rápida voltinha (rápida em duração, não em velocidade) com eles num trajeto que incluiu ruas engarrafadas e com o asfalto “crocante” e, também, as pistas bem mais livres e lisas do Aterro do Flamengo.
Fabricados lá na Alemanha, os Audi A6 e A7 são, na prática, irmãos quase gêmeos. Usam a mesma base mecânica e compartilham de quase todos os recursos. De diferente, mesmo, só o perfil da carroceria. Enquanto o A6 é um sedã de três volumes – capô, cabine e porta-malas –, o A7 tem um desenho em dois volumes, como o de um cupê, com o teto terminando em uma, hum, ladeira que segue até a ponta do porta-malas, num estilo que o pessoal do design alemão chama de Sportback.
Pelo menos por enquanto, os dois só estão disponíveis aqui no Brasil na versão Performance. Eles vêm com sistema de tração integral Quattro, que dosa a força que vai para as rodas da frente e de trás de acordo com a necessidade; câmbio de dupla embreagem com sete marchas e motor V6. Dependendo da versão e dos opcionais, cada um deles pode custar entre R$ 426.990 e R$ 456,990.
Comecemos pelo motor. Ele é um V6 3.0 TFSI (turbo com injeção direta de combustível) de 340cv de potência e 51 kgfm de torque. E é capaz de levar o A6 de 0 a 100 km/h em 5,1 segundos – dois décimos mais rápido que o A7. Ele agora tem um sistema de assistência elétrica com uma bateria de íons de lítio e um alternador de correia, funcionando em 48 volts que, entre os 55 e os 160 km/h, quando o carro está “embalado”, desliga o motor e desacopla a transmissão. Guardadas as devidas desproporções, isso me lembrou o recurso da “roda livre”, que o tataravô desses Audi aí, o DKW fabricado no Brasil nos anos 1960, oferecia a seus motoristas.
Nos A6 e A7, a bateria mantém todos os sistemas elétricos, como a direção, a refrigeração das partes mecânicas e o ar-condicionado em funcionamento. Quando a força volta a ser necessária, o sistema religa o motor silenciosamente. Tudo isso serve para diminuir as emissões de CO2 e, também, um tiquinho do consumo.
Comparando com os carros da geração anterior, os novos A6 e A7 ganharam grade mais larga e novas entradas de ar, que lhes dão uma aparência mais larga e próxima do chão. As rodas agora têm 20 polegadas e isso fez com que as aberturas para elas nos paralamas crescessem ligeiramente. Os carros ganharam também faróis full LED que têm como opcional um sistema chamado Matrix HD.
Como o nome cinematográfico sugere, esse sistema é algo futuristas e gerencia os faixos de luz de acordo com a direção, o tipo de caminho e os carros que vêm na direção contrária. Além disso, ao acionar as travas do carro de longe, com o controle remoto da chave, você e quem estiver por perto assistirão a um verdadeiro balé de luzes, na dianteira e na traseira, que segundo o pessoal da Audi, lembra o movimento de abertura das cortinas de um palco.
Pois é, eu já ia comentar que o desenho e mesmo os acabamentos internos dos carros seguem o velho estilo alemão, que combina bom gosto com mais funcionalidade que exibicionismo… E ainda tem uma coleção de frisos de led no interior da cabine, também, com mais de 900 combinações de cores possíveis… É, nem tão discreto assim.
Também em relação à geração anterior, os carros cresceram uns 1,2 cm e agora têm 2,92 m de entre-eixos. Uma mexidinha na posição dos bancos fez com que o ganho total de espaço fosse de uns 3 cm e isso rende um espaço generoso para quatro ocupantes. Sim, sim, há assento, cinto e encosto de cabeça para um passageiro, no centro do banco traseiro, mas o enorme túnel por onde passa o eixo de transmissão vai fazer com que os joelhos desse quinto elemento viagem altos demais.
Os bancos forrados em couro são firmes o suficiente para apoiar o corpo em manobras mais rápidas, mas também macios o suficiente para garantir conforto em trajetos mais longos. O acabamento geral é primoroso.
As principais novidades, porém, não são tão fáceis de se enxergar. Começando por uma nova estrutura para a carroceria, com diversos tipos de aço, alumínio e ligas de metais combinadas de forma a aumentar a rigidez, o silêncio a bordo e, ao mesmo tempo, a segurança em caso de colisão. E há uma série de sistemas de assistência, alguns de série, outros opcionais. Começando pelo piloto automático com controle adaptativo e assistente de faixa, que mantém a distância para o carro que estiver à frente e, também, o carro entre as faixas da estrada.
Há também avisos de ponto cego, de obstáculos à frente e até acionamento automático dos freios em casos extremos. Esse sistema também protege motorista que acabou de estacionar de, por exemplo, bicicletas ou outro tipo de veículo que se aproxime por trás sem ser visto. Se houver perigo iminente, além dos avisos, ele trava a porta da esquerda e evita que você seja atingindo ao saltar do carro.
Para facilitar as manobras, um conjunto de câmeras instaladas ao redor do carro gera uma imagem “aérea” em 3D, projetada na tela do painel. Esse sistema é capaz até de avisar sobre outros veículos que estejam ocultos por pontos cegos, em cruzamentos ou saindo de trás de outros carros parados.
Digitalização total
Outra novidade são dois grandes displays sensíveis ao toque localizados no console central. O de cima, com tela de 10,1” mostra todas as funções de multimídia e de ajustes dos tantos sistemas do carro – como o seletor de modos de direção, que permite escolher entre Comfort (mais macio e com reações suaves), Dynamic (esportivo, ajustado para melhor performance), Efficiency (economia), Individual (você mesmo configura o pacote) e Automático. No display de baixo, de 8,6” ficam os controles do ar-condicionado, de algumas outras funções de conforto e, também, um grande e muito útil teclado virtual que pode ser usado para programar o GPS.
A Audi foi uma das primeiras montadoras a utilizar painéis totalente digitais em seus carros e nesses dois tudo é centralizado em uma grande tela de TFT. Ela permite três modos de configuração, que mudam o tamanho, o jeitão e o formato de mostradores e do tipo de informação exibida.
O sistema de som é da difícil de pronunciar marca premium Bang & Olufsen e tem 705 watts distribuídos por 16 alto-falantes – incluindo dois bem pequenos, embutidos nas colunas dianteiras e que criam um incrível efeito 3D.
Voltinha rápida (em duração)
O curto test-drive de aproximadamente 20 km não foi, claro, suficiente para tirar grandes conclusões. Nos trechos de trânsito pesado e piso ruim, com o modo Comfort acionado, esses Audi se comportam como ótimas salas de estar. O isolamento acústico é bom e, mesmo com a cortina do teto solar panorâmico aberta para o céu (nublado) do final do inverno carioca, o clima lá dentro era de montanha.
Na parte via-expressa do percurso, com máximas permitidas de até 90 km/h e um asfalto melhorzinho, coloquei o ajuste geral no modo esportivo Dynamic e, por instantes – especialmente em retornos e retomadas de velocidade, me lembrei um pouquinho – bem pouquinho mesmo – das autobahns alemães. O juízo – ajudado por alguns radares –, no entanto, me manteve dentro da lei e longe das emoções mais fortes.
Ficha técnica (A6/A7):
Motor: V6 3.0 (2.995cc) turbo FSI
Potência: 340cv entre 5.000 e 6.400rpm
Torque: 500 Nm entre 1.370 e 4.500rpm
Tração: integral
Transmissão: automatizada S tronic com 7 velocidades
Peso (kg) 1.900/ 1.955
Dimensões (mm):
Comprimento: 4.939 / 4.969
Largura: 2.110/ 2.118
Altura: 1.457 / 1.422
Entre-eixo: 2.924 /2.926
Porta-malas (litros): 530 / 535
Tanque de combustível: 73 litros
Aceleração 0-100 km/h (segundos): 5,1 / 5,3
Velocidade máxima limitada eletronicamente: 250 km/h
Preço: a partir de R$ 426.990
Fonte: Blog Rebimboca
Veículos
Audi A6 e A7 2020: velozes e tecnológicos
- Por Henrique Koifman
- 25 de setembro de 2019
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