Bolsonaro recriou o Ministério da Comunicação. Colocou lá o deputado Fábio Farias, cujas credenciais para o cargo é ser marido da filha de Sílvio Santos.
O Centrão ganha espaço e num só lance Bolsonaro quebra duas promessas de campanha: reduzir ministérios e não barganhar com os políticos.
A área de comunicação do governo é muito complicada. Ontem, o ministro Bruno Dantas no seu relatório sobre as contas de 2019, disse que há indícios de que Bolsonaro favorece algumas empresas e discrimina outras. Aliás ele faz isso ostensivamente e tem orgulho de proclamar sua rejeição à Folha, Tevê Globo, Estadão.
Ao comentar o relatório do Ministro Bruno Dantas, falei: esperem as contas de 2020. Vão surgir mais problemas.
Não deu outra, antes mesmo do TCU examinar as contas de um ano que não acabou, foi aberta uma investigação em Brasília para apurar aqueles dois milhões de anúncios que contemplaram sites de fake news e até alguns pornográficos.
Bolsonaro fez uma investida também contra a autonomia universitária dando poder a Weintraub para nomear 19 reitores durante a pandemia.
Vai perder de novo. A autonomia está consagrada no artigo 207 da Constituição. Vários partidos já entraram no Supremo.
Creio que a tática é esta: faz medidas provisórias para ser derrotado na Justiça e reclamar que não pode governar.
Na verdade, poderia governar tranquilamente. Não pode passar por cima da Constituição. Se a acha que está errada, há um caminho legal para reformá-la, duas votações por maioria absoluta no Congresso.
Hoje escrevi um artigo em que menciono o IPHAN. Bolsonaro, para atender ao dono da Havan, designou como presidente a esposa de um de seus seguranças na campanha.
O IPHAN cuida de 2300 bens materiais e 25 mil sítios arqueológicos. Não deu outra: a justiça federal barrou a indicação de Bolsonaro pois ela não tem competência para o cargo, para o qual são necessários atributos previstos em lei.
Eles querem passar uma boiada em nossos recursos naturais e um bando de javalis sobre nosso patrimônio cultural.
Não dá. O patrimônio histórico e artístico forma nossa identidade nacional. Bolsonaro o trata como se fosse “um cocô de índio cristalizado”
São duas concepções de mundo. Por enquanto, venceu a nossa.
Fonte: Blog do Gabeira