O que será do Rio? Existe saída? Essa pergunta me foi colocada muitas vezes na manhã de domingo.
Tenho uma noite de trabalho pela frente e, na verdade, não consigo respondê-la de forma satisfatória.
A linha de sucessão foi trincada. O governador afastado, o vice sob investigação, da mesma forma o presidente da Assembleia.
Muita gente fala em nova eleição. Mas para que isso acontecesse seria preciso duas cassações de mandato antes de dezembro. Será que concluem as investigações sobre o vice? Haverá disposição para cassá-lo também?
Esta hipótese de uma nova eleição, por mais sedutora que possa parecer, tende a ser inviável se considerarmos os prazos legais.
Muito possivelmente, o vice ficará no cargo. Ele é aliado da família Bolsonaro, cujo principal objetivo no Rio é nomear o procurador geral do estado e estancar as investigações sobre Flávio.
A Constituição fluminense diz que o procurador tem de sair de uma lista tríplice. O vice não poderá escapar disso. A pressão tem de ser feita para que escolha o primeiro nome da lista.
Creio que, a partir de agora, diante dessa realidade vão surgir muitas manifestações em defesa da escolha do primeiro nome da lista.
Isto resolveria apenas um dos problemas. Há uma pendência no campo da segurança pública, a partir de uma decisão do STF. O tema precisará ser rediscutido. A polícia não pode realizar operações a esmo nas comunidades. Mas também é necessário reprimir o avanço do tráfico e das milícias.
Há ainda a questão da recuperação fiscal do Rio em grande crise financeira. O avanço da Covid 19 ainda existe no estado, um dos três em que a pandemia não esmorece.
Tudo muito complicado. Raul Jungmann me perguntou com que forças era possível contar para a recuperação do Rio. Não vou especular sobre isso. As semanas seguintes vão revelar os que querem fazer alguma coisa e os que já se resignaram com a idéia de que o Rio é irrecuperável.
O problema é que muito brevemente, se não houver uma reação organizada, o lugar pode se transformar em inabitável.
Continuarei seguindo os acontecimentos. Pensei que o vice iria aparecer. É comum dizer para as pessoas, olá eu sou o vice, vou trabalhar para vocês. Isto existe ate nos hotéis: olá sou camareira Odete, pretendo coloaborar com sua estada no hotel, em caso de necessidade, o ramal é esse.
Mundo estranho. Vamos ver se achamos uma saída com imaginação para ele.
Fonte: Blog do Gabeira