18 de maio de 2024
Colunistas Fernando Fabbrini

Trailer para fim de mundo

Degradação e demagogia nas ruas de São Francisco.

O cinema adora criar cenários de uma hecatombe universal. Choque de planetas, meteoros enlouquecidos e marés gigantes aterrorizam a plateia, causando arrepios e engasgos de pipoca. O apocalipse inclui ainda zumbis sanguinários à solta nas cidades entregues ao deus nos acuda.

Se a vida imita a arte, a situação atual de São Francisco, na Califórnia, alerta que o fim do mundo já chegou. Os responsáveis não são monstros nem alienígenas, mas políticos alinhados ao progressismo delirante, juízes corruptos e oportunistas que se enriquecem por meio de ONGs “humanitárias”.

A bela cidade já viveu dias de glória. Lá se reuniram membros de 50 nações para fundar a ONU. Atraiu americanos, imigrantes do Oriente e investimentos; consolidou-se como metrópole da costa do Pacífico e foi um dos maiores estaleiros navais do mundo. Nos anos 90 ganhou impulso com as empresas de informática. No entanto, refúgio de “outsiders”, ativistas, minorias e agora referência “woke”, São Francisco sofre com o aumento assustador da violência e constata que de tolices e de falsas intenções o inferno anda cheio.

Praças e avenidas outrora charmosas e bem-cuidadas estão imundas, ocupadas por milhares de moradores de rua; grande parte drogados. Nossas cracolândias são fichinhas perto delas. Mimados como vítimas do capitalismo pelo Partido Democrata no poder, velhacos se esbaldam sob leis estapafúrdias que apadrinham a marginalidade e ainda obrigam o contribuinte a sustentá-la.

O dinheiro público banca as seringas e muito mais. Qualquer um pode receber o salário-desemprego de US$ 300 semanais. Se não morar nos abrigos municipais, o indivíduo leva mais US$ 588 por mês. Outros US$ 190 são para alimentação gratuita – marmitas que o cara logo vende por centavos para comprar crack. É permitido montar barraca defronte a qualquer casa ou loja, sem chance de remoção pelo dono ou pela polícia.

Desocupados podem quebrar vitrines e pegar mercadorias de até US$ 950 sem risco de prisão. A Lei 553 impede que o funcionário da loja assaltada reaja ou se defenda. Outra proposta quer dar US$ 300 ao bandido “que não atirar em ninguém” durante o roubo.

Nos gabinetes, na mídia e nas redes sociais, os aplausos a essa vagabundagem patrocinada vêm dos tradicionais especialistas em exigir direitos e repudiar deveres e dos usuários elegantes que sustentam o narcotráfico e a criminalidade com carinhas de inocentes. Nenhum efeito positivo ou “inclusivo” surgiu até agora, e a Califórnia mantém-se no topo de população carcerária dos EUA.

O maior shopping da área central de São Francisco devolverá o imóvel ao proprietário por causa dos assaltos e quebradeiras. Jardins, corredores e elevadores viraram depósitos de fezes, seringas e demais imundícies. Wallgreens, Abercrombie & Fitch, Amazon, Office Depot, Whole Foods, Uniqlo, Banana Republic, Disney, Anthropologie, Gap, H&M e outras marcas cerraram as portas, levando embora milhares de empregos e milhões em tributos.

A rigor, políticos e burocratas não produzem nada; dependem do setor privado para sustentar seus altos salários, mordomias e fantasias travestidas de solidariedade. Um dia, o cofre dos impostos se exaure, e a festa acaba, comprovando que teoria e prática, ilusão e realidade são coisas bem diferentes.

Localizada no encontro de placas tectônicas e sacudida por terremotos frequentes, a Califórnia teme a chegada do “big-one”, um derradeiro abalo devastador. No entanto, outro desastre de sérias proporções já está em curso, e o número de vítimas é incalculável, como nos enredos mais trágicos de Hollywood. Ah, sim: o trailer desse filme pavoroso já pode estar passando nas ruas do Brasil.

Fonte: O Tempo

Fernando Fabbrini

Escritor e colunista de O TEMPO

Escritor e colunista de O TEMPO

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