12 de outubro de 2024
Carlos Eduardo Leão Colunistas

O manual do Isentão

Ser isentão é altear-se à culminância da babaquice humana.

Os isentões são uma entidade, sobretudo, perigosa. Muito embora sejam contemporâneos de Adão e Eva, eles vêm se aperfeiçoando ao longo dos milênios atingindo o “apogeu da glória” nestes últimos anos, especialmente no Brasil de hoje. “Você vai perder o seu tempo escrevendo sobre esses caras, Cadu? Você tá sem assunto?”

Pois é! A princípio pode parecer mesmo um desperdício dedicar um texto inteiro pra tecer comentários ou tentar entender a figura do isentão, mas, na atual conjuntura política, talvez seja prudente conhecê-lo. Trata-se de um ser pernicioso, asqueroso, seboso, escorregadio, sem personalidade que se caracteriza por não tomar partido. É aquele cara que gosta de criticar, mas nunca assume uma postura. É do tipo que não quer jamais se comprometer. Um covarde! Uma espécie de hipócrita demagogo!

O isentão nasce assim. Faz parte da sua índole. É o “simpático” que jamais desagrada, que não cria arestas, que quer estar bem com todos e tem certeza que a neutralidade é o caminho da felicidade, pelo menos da sua. É o típico 171, o “em-cima-do-muro”, o amante do meio-termo. Na política, é aquele cara que se diz “terceira via” defendendo-a como solução dos problemas políticos brasileiros. Não quer se comprometer com a terrível polarização que nos encontramos visando sempre tirar proveito próprio, seja pra que lado penda a balança.

O que me preocupa é o isentão cromossômico, esse mesmo que professa a isenção em tudo na vida. Torce pro Galo, mas se o Cruzeiro ganhar não foi tão ruim assim, porque o chefe cruzeirense vai estar feliz e pode até lhe dar um aumento. Não confundam com otimismo. Atleticano raiz prefere a mendicância a ver o Cruzeiro vitorioso. E vice-versa, claro!. Portanto, a isenção nesses caras é algo instintivo, visceral, genético. E é aqui que mora o perigo.

Por essa máxima razão acho prudente e super necessário apresentar o “Manual do Isentão” para aqueles que exercem sua arte sem pensar nas nefastas consequências que poderão advir do automatismo de suas atitudes isentonas. Que fique claro que este “Manual” é para o isentão distraído, se é que existe, que se envereda no perigoso campo da política partidária brasileira.

  • “Não sou Lula nem Bolsonaro” = É Lula.
  • “Não sou nem Esquerda nem Direita” = É Lula.
  • “Voto na Terceira Via” = É Lula.
  • “Bolsonaro fala com muita rispidez” = É Lula.
  • “O voto é secreto” = É Lula.
  • “Prefiro votar em branco” = É Lula.
  • “Vou anular meu voto” = É Lula.
  • “Gosto do Bolsonaro, mas…” = É Lula.

Em suma, se você se encontrou neste texto mas ama seu país, preza pela sua total liberdade de ação, expressão e pensamento, é pela família, pelos costumes, pela moral, pela decência, pelo crescimento do Brasil como povo e nação, não lhe peço para mudar sua característica isentona. Mesmo porque isso é impossível. Apenas peço que pense e repense na merda que você poderá fazer no momento político mais importante de nossas vidas, desde Cabral.

Em tempo: refiro-me a Pedro Álvares Cabral. Aquele outro Cabral ainda espera por aquela super canetada que lhe permita uma outra farra de guardanapos. Pelo visto, está próxima.

Carlos Eduardo Leão

Cirurgião Plástico em BH e Cronista do Blog do Leão

Cirurgião Plástico em BH e Cronista do Blog do Leão

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