O sujeito que aparece ao volante nas fotos deste post estaria completando 130 anos hoje. De família nobre,o Conde (Graf, em alemão) Alexander Joseph Kolowrat-Krakowsky foi, entre 1904 e 1914 um ídolo esportivo em seu país, a Boêmia, hoje República Checa – àquela época, parte o Império Áustro-Húngaro. Corridas de carro naqueles começos do século XX e da próprias história automobilística eram coisa de que, raras as exceções, somente os muito ricos participavam. Sascha Kolowrat (um de seus apelidos) começou a competir com uma motocicleta Laurin & Klement, que acabara de ganhar do pai por suas boas notas na escola, correndo nos alpes. E se deu bem.
O Conde Kilowatt (outro de seus apelidos, por conta de seu temperamento “energético”) foi também produtor e diretor de cinema, tendo feito filmes mudos de sucesso – alguns deles como uma atriz então novata e desconhecida chamada Marlene Dietrich. Nas pistas, teve como principal feito da carreira ter terminado quatro vezes o famoso Rali Alpino (em 1910, 1912, 1913 e 1914) sem perder um ponto sequer. O detalhe é que, naquela época, os pilotos levavam, sentado ao seu lado, um juiz da prova, para garantir que cumpririam todo o percurso nos tempos determinados.
Outra curiosidade sobre as heróicas provas daqueles tempos é que, assim como os carros, as duplas de piloto e co-piloto tinham de obedecer a um limite máximo de peso – além de, claro, ser vantajoso ser um time “leve”. Por isso, Kolowrat costumava correr algumas das provas tendo ao seu lado o irmão caçula adolescente, Heinrich (na foto abaixo). Pelo jeito, os pais, naqueles tempos, deviam ser mais corajosos.
Divulgação Skoda
O carrinho (ao lado) disputou a famosa Targa Lorio, na Itália, em 1922, conseguindo a primeira e a segunda colocações na categoria até 1.100 cilindradas. Kolowrat – que nasceu “por acaso” nos EUA, num período em que seu pai, por ter matado um desafeto em duelo, permaneceu exilado – morreu de câncer, em viena, em 1927. Sua vida definitivamente daria um bom filme.