Sempre que leio artigos bombásticos (link no post) sobre os rumos da cultura na atualidade, me vem a lembrança o excelente livro – que já citei aqui algumas vezes – intitulado ‘A Cultura Inculta’ escrito há trinta anos pelo filósofo e professor norte americano Allan Bloom.
Um pequeno trecho do artigo de Laura Gullar, publicado em agosto de 2017 na Revista Ideias, toca em aspectos da visão crítica do pensador sobre os motivos e as consequências do colapso da educação moderna no Ocidente.
Diz ela: “Há livros seminais que deveriam voltar ao centro dos debates. Um deles, que acabo de revisitar, é o de Allan Bloom, professor de História das Ideias na Universidade de Chicago, tradutor de Platão e Rousseau, que escreveu uma obra que é fundamental para entender nosso tempo de degradação cultural. “A Cultura Inculta” é um ensaio sobre o declínio da cultura geral e de como a educação superior fraudou a democracia e empobreceu os espíritos das gerações que hoje estão no comando.”
Concordo!
‘Cultura Inculta’ é um livro seminal!
É um farol na escuridão porque esclarece os pontos nevrálgicos que soam como prefácio | epitáfio do que hoje é a cultura geral. Quem tiver interesse em ler a resenha da autora, acessa o link no box comentário.
Voltando ao tema bombástico inicial, o ‘levante’ tardio de intelectuais, políticos e professores franceses contra a exportação do modelo de ‘esquerdização’ das universidades norte americanas e sua absorção nas universidades do país soa para mim como um ‘rap’ nostálgico.
Hoje, duas décadas vencidas do século XXI, ver políticos, intelectuais proeminentes e acadêmicos franceses clamarem por emancipação do “esquerdismo fora de controle e da cultura do cancelamento na América” é, no mínimo, constrangedor.
Alertar os franceses de que essa vertente ideológica “está minando a sociedade francesa e que é um ataque à herança francesa” é lamentável, quando todos sabem -sobretudo os franceses- que nomes ilustres da cultura, que hoje se apresentam como denunciantes, estiveram por décadas em silencioso e confortável conluio com as ideias que agora denunciam.
Parece evidente que sem esses apoios, a influência americana sobre vários setores da vida francesa não seria uma ameaça tão significativa quanto hoje ressentem e alardeiam.
“O presidente francês Emmanuel Macron em outubro advertiu contra “certas teorias das ciências sociais inteiramente importadas dos Estados Unidos(…).
Seu Ministro da Educação também alertou sobre uma ‘batalha travada contra uma matriz intelectual das universidades americanas” e por aí afora.
Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial “Em Busca da Essência” Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.