5 de maio de 2024
Adriano de Aquino Colunistas

Fundamentalismo nuclear

Narges Mohammadi, Prêmio Nobel da Paz, edição 2023, é a segunda mulher iraniana a receber esse prêmio. Narges é ativista dos Direitos Humanos e vice-presidente do Centro de Defensores dos Direitos Humanos.

Foto: Internet – Britannica

Esse Centro é  liderado por Shirin Ebadi que, em 2003, recebeu o mesmo prêmio. Narges Mohammadi está presa. Ela foi condenada a 154 chibatadas e a 31 anos de cadeia por combater a opressão contra as mulheres.

A sua luta se estende a diversos itens impostos pela ditadura teocrática à população do Irã, que lhe custou 13 confinamentos nos calabouços do Estado. Todavia, um dos motivos que com mais frequência aparece nos noticiários da banda ocidental do planeta é sua determinação na defesa ao direito de escolha das mulheres iranianas que desejam deixar de usar o véu.

Parece patético que alguns centímetros de pano possam representar tão grande  ameaça a uma ditadura que governa o país com mão de ferro. Sabe como é!

Cultura é terreno movediço onde  ‘progressistas libertários’ do Ocidente, atolados até o pescoço em contradições, mas, com a boca livre e fora do atoleiro, em prosa e verso mixados ao ritmo da ‘world music’, exaltam o multiculturalismo que, queiram ou não, oprime e massacra dissidências.

Ora, mas o viés teocrático da cultura que lá oprime, é em tudo antagônico àquele dos países democráticos onde vivem os progressista e lhes garante a livre opinião e… o silêncio conivente com o método da opressão cruel. Longe deles, claro.

Lindo isso,né?

Qual o significado da academia sueca conceder dois Nobel da Paz, com dez anos de distância um do outro, a duas cidadãs iranianas?

Quatro dias atrás postei uma análise da jornalista Anchal Vohra para o Foreign Policy intitulada “A relação da Europa com o Irã nunca foi pior”. Esse artigo foi publicado no FP um mês antes dos ataques terroristas à Israel.

O Iran exerce enorme influência e apoia ostensivamente movimentos árabes no Oriente Médio.

Parlamentares da UE estão em rota de colisão com a política do ministro dos Negócios Estrangeiros para o Irã, Josep Borrel.

Em setembro passado, durante um debate no Parlamento Europeu, David Liga, parlamentar sueco (Ops! Nobel)  endureceu posição com a política do Borrel.Ele reforça a opinião de outros colegas de recusar “qualquer negociação com o regime iraniano”, em referência à  mediação de Borrel para ressuscitar o Acordo Nuclear com o Irã.

Os parlamentares da UE manifestaram indignação com a audácia do Irã de raptar um diplomata sueco(ops!) no ano passado. E, pior. O sequestro do diplomata sueco pelo Irã foi mantido em sigilo por mais de 500 dias.

Os parlamentares pressionam Borrel  a uma resposta europeia contundente contra o regime iraniano que sequestrou e  mantém 22 europeus na prisão.

O risco de o Irã perder apoio no parlamento europeu para selar em definitivo o Acordo Nuclear, pode ter diversas consequências nos vizinhos do Irã. Entre elas arrefecer o poder de Israel um opositor de peso ao Acordo Nuclear dos países do Ocidente com o Irã.

Um mês depois do impasse nas negociações do Acordo Nuclear, terroristas do Hamas tocam o terror em Israel e sequestram centenas de cidadãos.

Em matéria de sequestro e chantagem o Hamas tem um ousado mestre.

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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