19 de maio de 2024
Adriano de Aquino Colunistas

Madonna e “o ressignificado das cores do pavilhão brasileiro”

Foto: O Liberal: A cantora encerrou a turnê The Celebration Tour em grande estilo com mais de 1,6 milhões de fãs, em Copacabana (Créditos: TV Globo)

Algumas pessoas abraçaram essa tolice como uma formula simples, elegante e ridícula para manifestar sua tola convicção sobre o embate político nacional.

Como simples hipótese, não consigo imaginar que a Madonna seja uma tolinha facilmente emprenhada pelos ouvidos.

Ela tem personalidade forte e sabe o que deseja. Você pode não gostar ou achar sua arte agressiva, despudorada e imoral, mas, arte e moral não se mesclam com harmonia.

Além disso, é muito difícil, senão impossível, achar no meio intelectual nativo, um gênio da espécie progressista capaz de seduzir a super estrela pop a ponto de convencê-la a virar manequim de vitrine do ativismo ensandecido.

Ela é norte-americana.

Quem conhece o país sabe do poder que o simbolismo do pavilhão nacional tem no sentimento daquele povo.

Até o birrento Texas e outros estados sulistas, que por anos e anos se orgulhavam da bandeira dos confederados usando-a em frente às casas, nas ruas e repartições públicas, tiveram que se curvar e adotar definitivamente a bandeira da União.

Mesmo “easy riders” e demais contestadores do “american way of life” estampam com orgulho nas suas motos, camisetas, mochilas, etc… as listras vermelho/branco e as estrelas sob fundo azul.

Essa é a cultura nacional básica de um norte-americano.

Por isso admito como plausível, Madonna usar as cores da bandeira brasileira como uma demonstração de empatia com o país e o seu povo.

Por outro contexto, dar uma de espertalhão tentando atirar a Madonna na jagunçada em confronto, usando-a como “massa de manobra” para se apropriar do pavilhão nacional em prol dos progressistas, só funciona para idiotas.

Só idiotas acreditam nessa baboseira.

Até porque, por décadas a fio, as esquerdas se orgulham dos estandartes vermelhos, cor de representação do socialismo internacional, que colocam acima dos símbolos nacionais.

Na verdade nunca deram a menor bola para a bandeira nacional.

Por anos, as manifestações dos sindicatos, frentes de movimentos estudantis e dos sem terra e os partidos políticos usam o vermelho predominante nas suas bandeiras.

Recentemente, uma celebridade da MPB subiu ao palco de seu show enrolado na bandeira da Palestina, ostentando seu apoio ao Hamas, na guerra contra Israel.

Ele jamais teve o mesmo carinho e atenção para o estandarte nacional.

Então, paulatinamente, uma leva de pessoas anônimas, identificadas com as vertentes liberais conservadoras e de direita, em contraposição à vermelhada que fluía pelas ruas, decidiu adotar a desprezada bandeira brasileira como símbolo de luta.

Aí, foi um Deus nos acuda!

Oh! Os inimigos se apoderaram da bandeira nacional, chora a militância alucinada que há tempos a joga no chão e pisoteia.

Claro!

Não precisa ser muito inteligente para sacar a retumbante burrice da esquerda.

O clamor verde/amarelo se espalhou rapidamente, tomou as ruas do país e penetrou fundo no tecido social, tornando as cores bandeira nacional um pesadelo para os vermelhinhos.

No abraço dos afogados, a Madonna é só mais uma boia.

O que sua performance acrescenta ao debate político nacional?

Nada, absolutamente nada!

O debate é sentimentalista, ruim e de baixo nível e assim continuará.

A star norte-americana tem mais o que fazer do que salvar os náufragos nativos – que se acham a cereja do bolo de uma elite colonizada, burra e deslumbrada – que espera na praia de Copacabana ou qualquer outra do extenso litoral brasileiro, o desembarque de um comboio de stars do show biz norte-americano – de esquerda, óbvio – como salvadores da pátria.

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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