2 de maio de 2024
Adriano de Aquino Colunistas

Em abril de 2017 postei um texto no meu blog

Passados sete anos, abri a sugestão do robô/memória dessa plataforma e achei oportuno compartilhar de novo.

A 14ª edição da Documenta, a mais badalada exposição mundial de arte contemporânea inaugurou sábado.

Pela primeira vez a mostra acontece em Atenas.

A imprensa alemã informou que muitos moradores da capital grega nem mesmo ficaram sabendo do evento.

O blasé curador da edição preferiu que o público ‘descobrisse a exposição por si mesmo’ em vez de apresentá-la como um espetáculo mundial da arte ou se deixar instrumentalizar pelo marketing da cidade.

Curador muito artístico é assim!

Ele se coloca na posição messiânica de onde orienta os estetas seguidores sobre quais atitudes e estilo de arte são mais adequados para se inserir no circuito contemporâneo e contestar a massificação dos meios de comunicação, cunhando uma ‘marca’ pessoal capaz valorizar suas escolhas estéticas no mercado de arte.

A ideia não é original.

O que é até certo ponto inédito é a quantidade de dinheiro investido para subsidiar um programa GlobeTrotter de impacto nas artes.

Quem vive no meio, e reflete sobre os deslocamentos culturais tectônicos, sabe identificar um movimento artístico autêntico de mais uma jogada de marketing e política cultural no circuito das artes.

Bem que eu gostaria de dar mais atenção às propostas curatoriais exóticas que surgem a cada temporada no campo das artes visuais.

De ano para ano, meu desinteresse mais se consolida.

Adam Szymczyk, diretor artístico da Documenta 14, mostra mais uma vez o quanto é enfadonho ressuscitar experimentos do passado para ilustrar a arte do presente.

Para ilustrar com mais precisão minha crítica a esse tipo de manipulação, destaco a criatividade(sic) do curador ao deixar de lado a maciça visibilidade midiática das tendências pós-modernas e, inspirado nas ideias do músico vanguardista britânico Cornelius Cardew (7 de maio de 1936 – 13 dezembro de 1981),toma a frase do citado no modo catequese: “Desaprender é a chave do aprendizado”.

Talvez, por saber que os teóricos das cátedras acadêmicas hoje formam batalhões de artistas, doutores em arte, que se aventuram em performances no campus universitário com o objetivo de inserção no circuito de arte por ‘notório saber’ e que talento e ousadia não são critérios a serem considerados, ele tirou essa pérola do ostracismo.

E, também porque, colocar em questão e se aprofundar criticamente sobre as propostas e realizações da produção pós moderna e sua massificação, dá muito trabalho e semeia muitos atritos.

Desde o despertar dos tempos modernos, esse tipo de sacadinha foi dita das formas e estilos mais variados.

Isso só reforça minhas expectativas sobre a gradativa e inexorável decadência do pensamento sobre Arte.

Ao ser indagado sobre o que significa ‘Aprender de Atenas’, o entediado, e entediante, curador Adam Szymczyk respondeu: “Deixar o pré-concebido e entrar num estado de desconhecimento.”

Ok! Baby…

Isso é o que mais se vê por aí

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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