Parte esclarecida(sic) da sociedade brasileira volta a manifestar chiliques de sentimentalismo patriótico.
Ora, personagens chiliquentas, sobretudo da grande imprensa, que se orgulham em tecer loas a um político brasileiro que eles acham que se destaca como ‘amiguinho’ confidente das lideranças das nações desenvolvidas.
É a mesma gente que se ofende quando as pautas internacionais revelam características xenófobas nas suas reações contra severas criticas de alienígenas às autoridades brasileiras.
Em resumo; estrangeiros que criticam o status quo e as autoridades brasileiras, atacam a soberania nacional. Quando, na verdade, nem mesmo brasileiros natos têm essa prerrogativa.
Voltando no tempo, em 1962, foi declarada a “Guerra da Lagosta” com a frase “O Brasil não é um país sério”, erroneamente atribuída ao então presidente da França, Charles de Gaulle, quando a verdade, registrada na Wikipédia, “a frase foi dita pelo diplomata brasileiro Carlos Alves de Souza Filho ao jornalista Luís Edgar de Andrade, à época correspondente do Jornal do Brasil em Paris, no contexto do incidente diplomático conhecido como Guerra da Lagosta.”
Na ocasião, até brasileiros alérgicos a frutos do mar caíram de pauladas no lombo do presidente francês.
Nacionalistas de esquerda e de direita, e até mesmo enólogos extremistas, propuseram boicote aos bons vinhos franceses, e as dondocas se revoltaram com a perfumaria Chanel.
Hoje, tudo esquecido, o amor venceu.
O atual presidente francês é um progressista de exportação, manequim de vitrine da Galerie Lafayette e amiguinho do presidente brasileiro.
Os membros da mais alta corte do país há tempos adotaram a lagosta como o crustáceo que melhor harmoniza com um Gran Cru Chablis, servido a rodo.
Por falar em plataforma…
Hein?! Por que este termo volta a atormentar os brasileiros?
Ora, se toca, rapaz. As autoridades brasileiras declararam guerra contra uma poderosa plataforma digital alienígena que prega e defende a Liberdade de Expressão irrestrita.
Mas esse principio não foi consagrado na Constituição de 88? Aparentemente sim mas, de fato, não. Por quê?
Porque liberdade de expressão pode tornar uma agressão verbal às autoridades, um incentivo às fake news e ao crime, e é uma ameaça à democracia.
Por isso, sob a retórica de defesa da democracia, a Censura em “situações excepcionais” deve ser aplicada com rigor, pouco importando os devidos trâmites do devido processo legal, cassando o direito fundamental de defesa pelos advogados constituídos pelos acusados que serão punidos sem mesmo saber do que são acusados.
Em tempo: qual a maior profundidade do mar na plataforma continental da costa brasileira?
Não sei! Mas suponho que seja muito profunda e sombria.
As lagostas gostam de meio ambiente profundo e sombrio.
Ora, até os habitantes de estúdios e redações, iluminados e glamourosos, têm atração em rastejar no leito de aguas profundas e sombrias.
Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial “Em Busca da Essência” Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.
