5 de maio de 2024
Adriano de Aquino Colunistas

Aforismo

Ainda bem que o aforismo “Não me associo a um clube que me aceite como sócio” do Groucho Marx, é compartilhado por bilhões de pessoas mundo afora.

O clube dos super ricos é uma creche para terceira idade que junta gente que herdou fortunas e gente que, por esforço e competência, fez a própria fortuna. Entretanto, ao serem aceitos pela diretoria, as diferenças existenciais se dispersam e se transformam em uma massa homogênea empenhada em garantir seu alto padrão de vida.

Mal comparand, parece o Congresso Nacional, onde a maioria canalha exerce um poder enorme sobre os neófitos cheios de boas intenções.

O fato é que os sócios do Fórum Global se acham o sócios proprietários do planeta. Ao darem uma tacada de golfe, imaginam que a bolinha é a Terra e ele o senhor do universo, com o poder de organizar o equilíbrio dos planetas. A começar pela Terra.

O afã desses sócios é criar condições ideais para manter o seu alto padrão de vida. Para isso é necessário reduzir a população de terráqueos.

Lembram do filme ‘Soleil Vert’?

O argumento é um pouco inspirado nos grandes autores de ficção científica dos anos 50/60.

O filme é sombrio mas, comparado com as insanidades dos sócios do FG, é bem mais instigante porque toca em dois grandes impasses da humanidade, um velho, outro novo.

O velho é a Fome. O novo a Superpopulação.

Como pano de fundo, uma provocação moral: qual o limite do seu humanismo, quando se trata da salvação do planeta?

‘Soleil Vert’ é uma ficção futurista focada nesses dois polos. Naquele mundo a fome era grande. Na película a solução do Fórum dos Poderosos era seletiva e pragmática.

Uma usina de reciclagem de proteína humana atacaria radicalmente os dois problemas, reduzindo a população e suprindo a comunidade dos eleitos com as proteínas necessárias para manter a vida.

Um biscoito(Soleil Vert) nutritivo, feito com a matéria-prima de corpos humanos com data de validade vencida, era a principal fonte de proteína.

O programa concedia aos vendedores dos próprios corpos, gente das camadas mais pobres, velhos, incapacitados e indigentes dos subterrâneos da sociedade, o direito de vender seus corpos para suprir a produção de proteínas para alimentar o povo do andar de cima.

A fórmula era oferecer o conforto de um suicídio assistido, onde o infeliz desfrutaria das sensações de um mundo lindo e experimentaria sensorialmente momentos de êxtase, transcendência e felicidade.

Aqui, nesse ponto, vale uma observação: quando esse filme foi lançado as políticas de ação afirmativa estavam circunscrita aos debates entre um pequeno número de intelectuais e tímidas investidas acadêmicas.

Na ocasião do lançamento, o filme foi negligenciado por tratar a vida humana (corpo & alma) como matéria-prima reciclável para manter o abastecimento de nutrientes para as classes mais ricas enfrentarem a fome.

Hoje, talvez não tivesse o mesmo impacto, tendo em vista, o predomínio das políticas de ação afirmativa, tipo ‘meu corpo minhas regras’ que não se restringe apenas ao auto domínio feminino de decidir sobre a vida de um feto indesejado mas vale também para a venda de órgãos, não apenas de cadáveres mas, também, de gente viva como crianças sequestradas e gente necessitada que, tendo dois rins, pode vender um para abrandar a miséria.

Os associados do Fórum Global usam de uma retórica salvacionista planetária mas omitem dizer claramente quem precisa morrer ou não nascer, para que o aquecimento global seja estancado.

Dentre as hipocrisias da classe política, ONU, ONGs, etc, a subserviência ao Clube dos Super Ricos é a mais evidente.

A banalização da vida da gente pobre e infeliz, que se mata na linha de frente da gigantesca produção de bens de consumo que, ao fim e ao cabo, reverte inexoravelmente em poluição e desastres ambientais(sic)é, no fundo, o que teóricos do Fórum Global pretendem eliminar.

O desejo oculto desse clã é reduzir pela metade a população global.

Suponho que exista um grande estoque de robôs prontos para executar de forma mais limpa e econômica o que hoje faz o contingente humano de mão de obra.

O paradoxo do clube dos super ricos é pretender salvar o planeta exterminando metade da população.

Mas dizer isso assim, na lata, fica grotesco e desumano. Na dramaturgia e na arte os delírios são impulsos criativos. Quando desce pro plano da realidade objetiva, vira doutrinação estúpida e celeiro dos novos profetas do Apocalipse.

Disparar a paranoia antiviral é uma das táticas da grande estratégia do Fórum Global, que fomenta nas mentes incautas o delírio de enfileirar ‘corpos mortos pela COVID’, num cordão humano que preenche a distância que separa a lua da terra

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *