31 de outubro de 2024
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Eleições perdidas – começa a temporada dos ratos abandonarem o navio a pique

O resultado de uma eleição tem um poder transformador: ele redefine relações, alianças e o próprio ambiente político em uma velocidade impressionante. Quando as urnas são desfavoráveis e a vitória não chega, inicia-se a chamada “temporada dos ratos”.

Aqueles que antes eram aliados fiéis, que prometeram apoio e confiança, agora se mostram rápidos em abandonar o navio. Essa metáfora do rato saltando de um barco que afunda traduz bem a dinâmica política brasileira, onde a derrota de um candidato muitas vezes escancara a fragilidade dos laços que pareciam sólidos.

Durante a campanha, tudo é entusiasmo e promessas. As pessoas se envolvem, muitas vezes, pela chance de algum benefício futuro, uma oportunidade ou, ao menos, a expectativa de estar ao lado do “vencedor”. É um relacionamento de conveniência, de troca, que se sustenta enquanto há uma luz de sucesso no horizonte.

Mas quando o cenário se inverte e a derrota se consolida, esses vínculos se desfazem com a mesma rapidez com que foram criados. Subitamente, aqueles que prometiam fidelidade incondicional passam a buscar novas alianças, agora com os vencedores.

Há algo de profundamente revelador nesse processo. Perder uma eleição permite, talvez melhor do que qualquer outra experiência, observar quem realmente compartilha dos mesmos ideais e propósitos, e quem estava ali apenas para usufruir de uma possível vitória.

O poder político atrai todo tipo de gente: os idealistas, os pragmáticos e os oportunistas. E, diante de uma derrota, a diferença entre eles se torna gritante. O idealista permanece; o pragmático repensa, e o oportunista… some.

No entanto, é preciso fazer uma reflexão sobre o papel desses “ratos” no processo político.

Seria ingênuo pensar que alianças baseadas em interesses desapareceriam ou que uma campanha eleitoral fosse marcada apenas por amizades sinceras e desinteressadas.

A política, por sua própria natureza, é um campo de disputas onde cada um luta para defender seus próprios interesses, e muitos enxergam as eleições como uma oportunidade para se beneficiar. Não se trata, necessariamente, de um ato de traição, mas de uma adaptação ao ambiente.

Mesmo com toda a decepção que essas “fugas” possam trazer, a temporada dos ratos tem um valor estratégico: ela permite ao candidato derrotado repensar seus aliados e seus próximos passos.

Com a partida dos interesses oportunistas, fica o espaço para reconstruir uma base de apoio mais genuína, onde o compromisso não dependa do resultado de uma eleição, mas sim de um projeto a longo prazo, de uma visão para o futuro.

O fato é que a derrota nas urnas é um teste de fogo para qualquer político. Ela separa os verdadeiros parceiros dos passageiros temporários e traz uma oportunidade para reorganizar os ideais, as alianças e os próprios sonhos.

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