19 de setembro de 2024
Ricardo Noblat

Um discurso mais à esquerda não elegerá Boulos prefeito de SP

Nem tanto ao céu, nem tanto à terra

Queixa-se o PT mais à esquerda (sim, existe o de direita e de centro) da moderação excessiva do candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), apoiado por Lula.

Fiel ao seu modo “metamorfose ambulante” de fazer política, Lula, desta vez, dá razão ao PT mais à esquerda. Ele acha que Boulos está carecendo de “um discurso e uma presença” mais fortes.

Dirá a ele da próxima vez que o encontrar. Nas contas de Lula, a vitória de Boulos em São Paulo compensaria amplamente todos os resultados negativos que o PT colherá país afora.

Não sei o que significa “presença” mais forte. Será do tipo cheguei, barulhenta, “oi, gente, estou aqui”, chamando atenção? Quanto ao “discurso” forte, só pode significar um discurso de esquerda.

Será mesmo o caso? Quando presidente, em março de 2013, candidata à reeleição, Dilma Rousseff ensinou:

“Nós podemos disputar eleição, podemos brigar na eleição, podemos fazer o diabo quando é a hora da eleição. Agora, no exercício do mandato, nós temos que nos respeitar”.

Boulos e seus assessores de campanha sabem, ou imaginam saber, que dependem de parte do voto de centro para ganhar a prefeitura. E é com o olho só nisso que se comportam até aqui.

Sabem também que o voto de centro irá quase todo para Ricardo Nunes (MDB) se ele disputar o segundo turno. Boulos só terá chances de vencer se no segundo turno enfrentar Pablo Marçal.

Então, salvo melhor juízo, para Boulos só resta o caminho de não assustar ninguém. Ides a ele, pois, eleitores de todas as tendências, cores e idades que ambicionam um lugar no céu.

Fonte: Blog do Noblat

Ricardo Noblat

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *