E hoje li que a Mesbla vai voltar, ao menos como loja on-line. Alguns carros do metrô já desfilam propagandas da antiga loja. O que foi o bastante para que eu ligasse os motores da minha máquina do tempo.
A Mesbla reinava no Centro do Rio, na localidade conhecida como Cinelândia.
Em sua época áurea, eram ao menos cinco cinemas de rua: o Odeon, o Palácio 1 e 2, o Pathé, e o maior de todos, o Metro Boavista, com sua tela gigantesca, localizado no edifício Mesbla.
Parte do ritual do cinema era passar na Mesbla e comprar chocolates para comer na sessão – mais tarde, em 1999, quando a grande loja de departamentos fechou, passei a comprar as guloseimas nas Americanas que abriram próximo. Mas nunca foi a mesma coisa.
A Mesbla faz parte de um cantinho de memórias de um Rio mais suave, doce e gentil, que passa longe do que é hoje a cidade: Tom Jobim, o bonde de Santa Teresa, as festas juninas, o Inverno delicado, o Maracanã ainda sem der dilapidado…
E a maior de todas as memórias, que um dia foi esperança: que a cidade pudesse manter-se sempre maravilhosa.
Hoje a Cinelândia virou Cracolândia, em uma triste paródia do seu antigo e glorioso nome.
Quanto ao Rio, sem bonde, sem freio, sem Tom, é maravilhoso apenas nas lembranças de cariocas exilados como eu.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.