Agora, que a hora mais escura da madrugada recue, e o amanhecer, antes mesmo que desponte, pressinta-se.
Porque a ausência de luz foi feroz e muitos de nós se renderam, de todas as formas que se pode render.
E rendição quase nunca é bonito de se ver.
Não, nunca se poderá olhar além dos ombros e rir do tempo selvagem que está partindo. Que haja respeito.
Há corações e mentes talhados de cicatrizes.
Sinta os cortes.
Mas alívio, e conforto, e ação de graças, sim, que haja.
Que se ouçam ásperos cânticos furiosos de vitória, e celebre-se em cada centímetro de terreno conquistado: o ouro é de alma e, como tal, vale muito mais e não pode ser tirado de quem o mereceu.
A névoa à estrada à frente se dissipa – e o mais magnífico de todos os sóis, de todos os sistemas estelares, galáxias e universos, conhecidos ou a porvir, brilha exatamente sobre ela, e dentro de cada um dos combatentes que agora, só agora, começam a emergir do pântano sombrio – em direção à Vida.
Essa reza, oração, ode, elegia, canto, poema e prosa é em honra ao sol de cada um.
Que brilhe. Que permaneça. Que proteja. Que ilumine. Acalente-o. Acolha-o. Guarde-o. Proteja-o.
Para que esteja pronto para ser desembainhado – para sempre e mais uma vez.
(Texto: Joseph Agamol )
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.