29 de março de 2024
Walter Navarro

Acelera e atropela Brasil


Senna
Eu tenho tanto pra lhe dizer, mas sem um tinto não sei dizer. É que deixei acumular. Minhas falsas férias foram fajutas e anda acontecendo muita coisa neste ano de 2014 que mal começou e já está acabando por causa de feriados, feriados, carnaval, Páscoa, feriados, Copa do Mundo, eleições, blá blá blá.
Não falei da madrasta que matou o menino Bernardo, nem de outros crimes atrozes, cada vez mais comuns neste Brasil varonil, juvenil e nem a pau Juvenal. Tem Petrobras e Graça Fortes brincando de Titanic, André Vargas do PT e do doleiro, Alexandre Padilha, Genoíno na cadeia, Dilma discursando o 1 de maio dia 30 de abril, como se fosse 1 de abril; Galo na Libertadores daqui a pouco – sai ou continua? – Bob Hoskins morto de pneumonia; Aécio subindo, Aécio na Band, Dilma Bastilha, que mais?
Estou em Barbacena desde a Sexta-Feira da Paixão, meio de férias, meio emendando feriados – duas semanas – mas trabalhando via Internet. Aniversário de 81 anos de minha mãe, dia 30 de abril, com jantar de bacalhau que era do Natal, mas tava congelado. Comi muito, bebi e fumei menos; fiz duas “artes-plásticas” e vou viajar pra longe, dia 14 de maio, de onde só volto dia 2 de junho, pra pegar o clima e a bagunça da Copa do Mundo em Belo Horizonte.
Acabo de perder metade desta crônica, tive que desligar o computador e esqueci de salvar o texto. Nada me irrita mais do que isso… Quer dizer, tem sim, petistas. E era disso que eu estava falando, era isso que eu estava escrevendo e perdi. Será praga deles? Com certeza.
Eu tava escrevendo sobre a ótima e bem humorada entrevista que o Aécio deu na Band. Eu escrevi também que estou impressionado com o Facebook. Para cada 100 eleitores do Aécio, tem 0,1 ou 0,2 de petistas, mas eles são chatos demais. Chatos aparecem, ocupam espaço de malas sem alça. Um elefante incomoda muita gente, um petista incomoda muito mais. Eu tinha até usado aquele clichê atribuído ao Lobão: “DISCUTIR COM PETISTA É COMO JOGAR XADREZ COM POMBO.ELE VAI DERRUBAR AS PEÇAS,CAGAR NO TABULEIRO E SAIR DE PEITO ESTUFADO CANTANDO VITÓRIA”.
Lembrei de outra busca do tempo perdido sem salvar o texto… Hoje é 1 de maio de 2014… 20 anos sem Ayrton Senna. Eu não podia deixar esta data nada querida passar em branco, né? Por falar em branco, não comentei também a banana do Daniel Alves que já encheu o saco. Daniel foi ótimo, mas o assunto, rapidamente “bananalizou-se”… Mais legal foi seguir os jogos da Champions League. Deu Real Madri e Atlético (Gaaaaaaaaaaaaaaaaaaaalo) de Madri, na final, em Lisboa, dia 24 de maio. Neste dia estarei em Paris. Será que consigo um boteco pra ver o jogo? Dia 26 vou pra Roma, via Lisboa e, acho, dia 29, estarei com minha companheira de viagem e amiga de sempre, Isabela, em Lisboa, depois, voltamos ao Brasil, como disse, dia 2 de junho. Mas antes, tem Londres, de 15 a 19 de maio.
E hoje, 1 de maio, 20 anos sem Senna…
Tô esquecendo mais alguma coisa que tinha escrito e perdido? Provavelmente. Tá virando uma bagunça este texto, pior do que o primeiro que perdi.
Resumindo a ópera bufa, eu queria lembrar todos os assuntos da semana que não comentei e justificar esta volta, bem assim assado, porque hoje é dia 1 de maio e tô “vendo” o jogo do Gaaaaaaaaaaaaaaaalo pela Rádio Itatiaia, porque na bosta da minha Sky não tenho o Fox Sports…
E foi-se e foice o Galo mais uma vez pro ralo.
Vai começar Forrest Gump no Telecine Touch, 22h. São 21h53.
Vou terminar esta crônica em sete minutos. Ou não. Triste e sozinho? Com frio? Escreva.
Vamos lá. Pra variar, dia 1 de maio de 1994 eu morava em Paris. Morava não, vivia. Tinha um amigo francês, Nicolas, casado com uma brasileira do Vale do Jequitinhonha, com nome esquisito, muito gostosa.
Nicolas trabalha como segurança, na Air France. Falava português com sotaque baiano, porque aprendeu a língua na Bahia. Então fazia vôos para a África lusófona… Naquele dia, ele nos convidou para almoço (bebedeira) na casa dele, mas saiu antes, porque ia trabalhar. Eu e mais uma turma ficamos enchendo a cara, com a mulher dele, sempre muito gentil. Começamos a ver a corrida, mas, em pouco tempo, estávamos nem aí, acho até que desligamos a TV.
Nicolas ligou do aeroporto, avisando sobre o acidente do Senna, ligamos a TV e…
Cabeça no muro da curva. imolado em Ímola. Acabou-se o Senna doce.
Comoção mundial. Uma semana depois, cartas, pré Internet, corriam lágrimas brasileiras. Comparação entre o enterro de Elis Regina e de Tancredo Neves. Documentários na TV, elogios, muros de lamentações gerais. Desde então, nunca mais Brasil na F1.
PS: Ah! Brasil é Brasil. No tempo em que as cartas levavam uma semana para cruzar o Atlântico, duas semanas depois, já faziam piada com Ayrton, tipo essa: “O que é uma pilha de caixões? A ´senna´ acumulada…”.
Publicado em 5 de maio de 2014 no blog do autor

Walter Navarro

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

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