29 de março de 2024
Colunistas Walter Navarro

A “Acqua Alta”, a Idade do Gelo e meu whisky

Não tem jeito que dê jeito, a Itália é chique até na lama. Enquanto no Brasil e no resto do mundo, enchentes, aguaceiro, inundação, etc., têm nome e cheiro de esgoto, na Itália têm grife de perfume: “Acqua Alta”.

“Acqua Alta”, no caso, é Veneza que, recentemente, com inveja de Atlântida, quase ficou submersa. A começar por uma linda livraria, cujo nome é exatamente, “Acqua Alta”…
Peguei num site francês e traduzo livremente, tá? “Considerada a justo título como uma das mais belas livrarias do mundo, ‘Acqua Alta’, no coração de Veneza, não foi poupada. Dia 12 de novembro, uma maré também alta, como a lacustre cidade não via há 53 anos, invadiu ruas e praças. A quase totalidade da cidade ficou inundada”, molhadinha, encharcada. Todos os turistas, que enchem a cidade e o saco dos habitantes, comendo pizza de galocha. Bem feito, adorei! Mas chato é chato até debaixo d’água…
Rapidamente colocaram a culpa na D. Marisa e no mordomo; quer dizer, nas mudanças climáticas do Bolsonaro. Acontece que, além da “Acqua Alta” acontecer todo ano; neste 2019, ela estava bem acompanhada do Sirocco, um vento sudoeste com chuvas diluvianas. Sem esquecer que profetas, muito antes de Bolsonaro nascer, sempre afirmaram que, mais dia, menos séculos, Veneza, numa laguna, vai acabar submersa.
Centenas de livros foram para o ralo. Foi tanta água e uma subida tão rápida que nem mesmo as gôndolas puderam salvá-los.
Menos de um mês depois, agora, em Madri, Espanha, acontece a COP 25, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2019, onde a pirralha Greta Thunberg e outros 29 mil chatos, com raras exceções, de 200 países, continuam culpando o Aquecimento Global e, claro, Bolsonaro, por todas as enchentes e incêndios do mundo.
Em meu humilde sarcófago não ouso ter uma opinião definitiva. A cada minuto acredito numa fonte diferente.
Temos grandes especialistas dos dois lados. Cada um cheio de ótimas intenções, sabedorias e opiniões.
Acho que devemos levar em conta, por exemplo, a opinião da NASA que vê tudo lá de cima e de boa. O problema é que estes inimigos do Aquecimento Global são os mesmo que duvidam da ida do Homem à Lua. Aí, fudeu o batatal, “Darling”.
No Brasil temos muitos cientistas competentes e sérios que acham o Aquecimento Global uma piada, nada a ver.
Por exemplo, aquele professor da USP e climatologista, Ricardo Felício, astro de várias entrevistas, já cansou de declarar e garantir que o Aquecimento Global é uma farsa, fraude.
Antes de Ricardo Felício virar “pop star”, já em 2010, outro professor e especialista, Luiz Carlos Molion, da Universidade Federal de Alagoas, jura por todos os santos e sóis que não existe Aquecimento Global. Existe sim o contrário. A Terra está esfriando, a começar pelo minha cerveja e meu whisky. Por falar nisso, Molion diz que estamos muito mais perto de uma nova Idade do Gelo que do fim do mundo nos mármores do Inferno.
“O mundo está é resfriando, o que é muito pior. Há mil anos, os vikings invadiram a Groenlândia, cujo nome quer dizer ‘Terra Verde’”. Isto é, no último aquecimento do planeta, a Groenlândia era verde e cultivável, por isso foi invadida pelos povos glaciais. Hoje é aquele monte de gelo e gente se matando. Um dos mais altos índices de suicídio do mundo! Para Molion, é justamente no contrário, no aquecimento, é que as civilizações crescem, se desenvolvem, como o Egito, o Império Romano, etc.
Molion, sem titubear, continuou com outras ótimas informações que, além de boas, são muito interessantes. Ele diz que o derretimento das geleiras acontece não pelo aquecimento do ar, mas pelo aquecimento das correntes de água quente que derretem, por baixo, uma parte ínfima dos 90% da parte encoberta dos icebergs, dentro do mar. Tanto que, pelas imagens, a gente vê: icebergs não derretem, desmoronam…
E Molion tirou um sarro inclusive do Paladino do Meio Ambiente, Al Gore, que comprou uma mansão em Montecito, Califórnia. “O Ser Humano mais preocupado com o Clima comprou uma mansão de US$ 8.875.000 milhões junto à praia; imaginem se o nível da água sobe…”.
All Gore, propagador da Teoria do Aquecimento global e sócio da maior empresa de soluções climáticas do mundo, tem quatro casinhas do tipo. Luxo a perder de vista, com vista para o mar, piscina, SPA e, pasmem! Seis lareiras!
Por fim, Molion me convenceu muito mais facilmente do que a NASA, com alguns fatos óbvios: mudanças climáticas são totalmente diferentes de conservação ambiental.
“Nosso planeta tem em sua composição 71% de oceanos, 29% em continentes. Destes, 15% são desertos ou terras geladas. Nos 14% restantes, felizmente, 7% ainda estão cobertos por florestas tropicais e boreais. O homem manipula apenas 7% da superfície terrestre. Ele consegue sim, trocar uma floresta exuberante como a de Piratininga por um inferno como a cidade de São Paulo, com aquecimento de quatro, seis graus, mas tudo local. Tem que ter conservação ambiental porque é muito importante para preservar as espécies. Várias espécies já desapareceram, o homem pode ser a próxima. O planeta mesmo tem problema nenhum, quem tem problema somos nós que criamos os problemas. A terra ficará aí e, se for o caso, se recupera em mais alguns milhões de anos, como já se recuperou antes. Apenas, talvez, deixaremos mais marcas. O temido CO2 não controla o clima global, o aquecimento, ele é benéfico, é o gás da vida. Aumentando o CO2 na atmosfera, aumenta a produtividade das plantas. O problema do planeta está é na miséria humana na desigualdade que existe entre os países e os homens. A COP deveria discutir é falta de saneamento básico, de educação, de alimentação – a fome que causou a Revolução Francesa – e nutrição e não perdendo tempo com besteiras”.
Pensando bem, Molion está certíssimo e podemos até ir além e tocar em tabus.
A miséria humana está diretamente ligada à população mundial que não para de crescer. O mundo nunca produzirá tanto alimento, para tanta gente. Mas, vá falar em controle da natalidade para ver o que é bom para tosse, gripe e cadeia!
Aquela sequência do filme “O Código Da Vinci”, “Inferno”, trata do tema. E garantimos que o final do cara, que queria diminuir a população mundial com epidemias, não é nada feliz.
“Quer falar do mundo? Fale de seu quintal”. OK, falo por minha Barbacena natal, a cidade conhecida pelas flores e loucos que não tem mais. O burgo também é famoso pelo frio. Ou era… Pois bem, meu pai já falava que Barbacena não tinha o frio de sua infância. Nem da minha. E isso, Molion já explicou, ao falar da cidade de São Paulo. Barbacena ainda é uma roça, mas hoje, é uma roça iluminada, cheia de carros, asfalto e prédios. Tudo isso causa um certo aquecimento, mas local. Não precisamos ir à Barbacena, o clima de Nova Lima é muito mais ameno que o de BH…

PS: Garota eu vou pra Califórnia… Vou nada! Lá tem terremoto e Al Gore, tô fora!

Walter Navarro

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

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