24 de abril de 2024
Vera Vaia

Plácido domingo!


Depois de um plácido sábado, ultimo do ano, passado com filha, mãe, cunhada e um casal de amigos, acordo no dia seguinte lá pelas dez e meia, belisco umas frutas que ainda estão sobre a mesa, tomo um café com panetone e começo a pensar no que fazer.
Hoje é o primeiro dia de 2017, e espero que ele se apresente melhor do que o ano anterior,  que não foi nada bom pra mim, e que,  pelo desânimo geral, não foi bom para muita gente.
Dava pra ver nas pequenas filas dos supermercados. Carrinhos semi-vazios, combinado com a expressão de quem os empurrava. Ninguém trocando abraços e votos de Feliz Ano Novo. Até os operadores de caixa finalizavam com o usual “volte sempre” no lugar do “que tudo se realize no ano que vai nascer”. A que se deve isso? Falta de dinheiro? Falta de entusiasmo? Falta de esperança?
Mesmo a queima de fogos à meia-noite foi meio chinfrim. Já vi espetáculos maiores da minha casa, a ponto de um amigo jornalista e otimista, (ou cínico?), comentar que o que estávamos vendo da varanda de casa não deixava nada a desejar ao que os cariocas estavam vendo em Copacabana. Exageros a parte, a verdade é que faltou  alegria.
Por que faltou? Não deveríamos estar contentes por termos nos livrado da Dilma? Não deveríamos estar contentes por ver tanto corrupto na cadeia? Não deveríamos estar esperançosos de ter um Brasil melhor daqui pra frente?
Ou será que esses mesmos motivos que seriam de alegria, não seriam os causadores da paumoleza geral? É muita ladroeira! Não passa um dia sequer em que não tenhamos uma nova notícia de envolvimento de políticos em falcatruas. Isso dá muita canseira e descrença. No mesmo noticiário vemos funcionários públicos do Rio de Janeiro que não recebem um tostão há meses, que estão sem dinheiro até pra comer, e na outra ponta da corda está o veto do governador à proibição  do aumento do seu próprio salário, enfiando o pezão na jaca do erário público carioca.
Logo teremos de escolher candidatos e pelo jeito, vamos ter de andar com uma lista do Sérgio Moro nas mãos para não corrermos o risco de acabar elegendo seu suplente.
Fora isso, assistimos diariamente à uma verdadeira liquidação de gente pelo mundo. Estado Islâmico matando de baciada, drogados matando por uns trocados, crianças praticando arrastões, insano dizimando uma família inteira, aviões acabando com times de futebol, de músicos, de jornalistas…
E há pouco leio sobre a chacina de presos em Manaus. Integrantes do PCC, (partido formado por outro tipo de bandido), armados até  os dentes, dizimando o PCCdoB de dentro da cadeia. Embora não seja uma noticia que prejudique a população, pelo contrário, é no mínimo impactante. No momento em bandido começa a matar bandido, é porque a situação está ficando mesmo incontrolável. Essa demonstração pública de poder é assustadora.
É muita coisa pra estragar o dia, então resolvo voltar ao assunto primeiro: o que vou fazer hoje?
Já sei! Vou varrer o lixo de 2016 pra fora, definitivamente, já que minha empregada que teoricamente trabalharia 24 horas semanais (teoricamente porque existem os feriados que caem no dia em que ela deveria estar trabalhando, ou porque seu filho ou ela própria fica doente  num desses dias e  não comparece) e que agora está gozando um mês de férias (e com a minha cara), não vem no dia 02/01 como foi combinado, pra ganhar um extra. No sábado ela ligou avisando que estaria doente nesse dia.
Peguei a casa de cabo a rabo, com fé e vontade! Varri, passei pano, lavei louça, lavei roupa, lavei a alma!
Depois disso, um bom banho, um bom lombo com abacaxi, sobra do ano passado, aquecido no micro, uma taça de um bom vinho e me sento para esperar pela chuva que deve refrescar esse cálido e plácido domingo. Agora sim! Tudo pronto para o ano novo.
Pode vir 2017! A casa está limpinha esperando por você!
Mas, por favor, limpe os pés  antes de entrar!

Vera Vaia

Mãe de filha única, de quatro gatos e avó de uma lindeza. Professora de formação e jornalista de coração. Casada com jornalista, trabalhou em vários jornais de Jundiaí, cidade onde mora.

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Mãe de filha única, de quatro gatos e avó de uma lindeza. Professora de formação e jornalista de coração. Casada com jornalista, trabalhou em vários jornais de Jundiaí, cidade onde mora.

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