20 de abril de 2024
Colunistas Vera Vaia

Help!

Quando os meninos John, Paul, Ringo e George se reuniram lá nos idos de 1960 pra formar um conjunto, jamais imaginariam que quase 60 anos depois alguém apontaria a alta nocividade escondida por trás do tipo de música que eles tocavam. Apesar de terem passado por vários estilos, se consagraram mesmo no rock, que ia do folk ao psicodélico, o que pode representar, atualmente, um perigo para alguns seres desprovidos de cérebro.

The Beatles, como ficaram conhecidos, jamais poderiam imaginar que depois de mais de meio século alguém viesse a condenar esse gênero musical.

Como foi divulgado esta semana, para Dante Mantovani, atual diretor da Funarte (Fundação Nacional de Artes), o rock é coisa do diabo.

Ele aparece numa gravação de cair o cudabunda, dizendo o seguinte: “O rock ativa a droga, que ativa o sexo, que ativa a indústria do aborto. A indústria do aborto, por sua vez, alimenta uma coisa muito mais pesada, que é o satanismo. O próprio John Lennon disse que fez um pacto com o diabo”.

Ouvi a gravação várias vezes porque me recusava a acreditar que um ser, nos dias de hoje, ainda mais ligado às artes, pudesse expelir tanta besteira de uma só vez. Mas infelizmente está tudo lá! Tintim por tintim!

O Inferno de Dante, diante de tantos comentários de indignação que recebeu nas redes sociais, nem passou pelo Purgatório e, pelo jeito, jamais chegará ao Paraíso. Sua nada Divina Comédia já caiu na boca do povo e ele acabou virando motivo de chacota. Merecidamente, aliás!

Outro que meteu os pés pelas mãos e que foi – ao menos provisoriamente – destituído do cargo de presidente da Fundação Palmares foi o senhor Sérgio Camargo, um negro de direita, como ele se autodenomina.

O juiz Emmanuel José Matias Guerra, lá do Ceará, julgou que as declarações de Camargo “contrariam frontalmente os motivos determinantes para a criação da Fundação Palmares”. Essa Fundação visa à igualdade e à valorização do negro no Brasil, além de trabalhar na preservação da cultura afro-brasileira.

O juiz se baseou em algumas das frases ditas por Sérgio Camargo ao longo do tempo e que agora vieram à tona.

No processo, o magistrado deixou de mencionar algumas declarações por serem altamente ofensivas, mas divulgou outras que ele considerou relevantes para o destituição sumária do cargo.

Sérgio Camargo, além de falar que a escravidão foi benéfica para os negros, sugeriu extinguir o feriado da Consciência Negra e disse que o Brasil tem “racismo Nutella”, que racismo real tem nos EUA: “a negrada (sic) daqui reclama porque é imbecil e desinformada pela esquerda”. Disse também “é preciso que Marielle morra, só assim ela deixa de encher o saco”. E ainda mandou um recado para os negros importados: “Se você é africano e acha que o Brasil é racista, a porta da rua é serventia da casa”.

Não é inacreditável tudo isso?

Quando a pessoa encarregada de divulgar a arte critica a arte, e a pessoa nomeada para proteger os negros ataca os negros é sinal de que a evolução da espécie humana está com uma séria avaria mecânica, caminhando a passos largos para a perda total.

Help!

Vera Vaia

Mãe de filha única, de quatro gatos e avó de uma lindeza. Professora de formação e jornalista de coração. Casada com jornalista, trabalhou em vários jornais de Jundiaí, cidade onde mora.

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Mãe de filha única, de quatro gatos e avó de uma lindeza. Professora de formação e jornalista de coração. Casada com jornalista, trabalhou em vários jornais de Jundiaí, cidade onde mora.

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