26 de abril de 2024
Editorial

De novo o puxadinho da Previdência

Foto: Arquivo Google

O governo se empenha na aprovação de uma mutilada reforma da Previdência. Joga todas as fichas, aposta no troca-troca sórdido para angariar um mínimo de 308 votos. Por que não limparmos a pauta com uma reforma tributária ou, antes de tudo, uma reforma política?
Mas politiqueiros não a aprovariam, pois necessários seriam uma rígida cláusula de barreira, extinção de pelo menos uns 25 partidos, além de redução drástica no número de deputados… e por aí vai…
Então, por favor, sem terrorismo em cima de aposentados e pensionistas, que ganham, em média, entre um e dois salários mínimos. Que tal adotar o termo e “reformar” os políticos apenas após 30 anos de “trabalho”, e não com dois mandatos, com base apenas nos “proventos”? Quero ver o empenho das 308 excelências…
Por qualquer ângulo que se analise a reforma da Previdência, não se tem argumento contrário à aprovação. A resistência do Legislativo guarda motivos nada patrióticos. Dizer que é para não dar vitória ao presidente Temer, e pior, exigir favores que vão deteriorar ainda mais a situação fiscal do país é jogar uma cortina de fumaça no real motivo, igualmente torpe.
A negativa de reconhecer a necessidade da reforma deve-se ao corporativismo e à proximidade das próximas eleições. Deputados não querem o fim de aposentadorias gordas de algumas classes do serviço público, inclusive as suas. Com isso, jogam o país num buraco. A máquina pública cara e mal administrada nunca sofrerá mudanças, pois ela é a detentora do poder e nós, do querer. Cabe-nos eleger novos dirigentes que defendam essas mudanças.
O PSDB, que posa de arauto das reformas, deveria deixar de ser incoerente, e fechar questão a favor da reforma da Previdência. Apesar de se proclamar fora da base do governo, essa atitude contribuirá para que os aliados do governo, também, fechem questão a favor da imprescindível reforma. Mesmo com as alterações sofridas, sua aprovação será responsável pela redução da dívida pública e pelo aumento dos investimentos e pelo crescimento sustentável do país.
O governo Temer está conseguindo esculhambar até a compra de deputados, que era uma coisa que funcionava direitinho. Está deixando para comprar as excelências na hora da xepa, e aí fica essa ladainha que nunca acaba. Por que ele não compra logo toda a Câmara e aprova essa reforma? A crise da Previdência é moral, e isso não interessa a nenhum dos três Poderes admitir.
A manchete informa que o governo conseguiu o apoio de cinco partidos para tocar a reforma da Previdência. Ou seja, como em qualquer outro negócio comercial, basta chegar a um preço de consenso.

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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