8 de maio de 2024
Cinema

Oppenheimer

De: Christopher Nolan, EUA-Reino Unido, 2023

Nota: ★★★★

(Disponível no Amazon Prime Video e no Now em 2/2024.)

Oppenheimer, escrito e dirigido pelo inglês Christopher Nolan, é um filmaço, uma obra-prima, um dos melhores filmes dos últimos anos – e todo mundo que gosta de cinema já estava cansado de saber disso quando finalmente o vimos, em fevereiro de 2024, seis meses e pouco depois do lançamento em julho de 2023.

Falar de Oppenheimer é tão chover no molhado que, quando começamos a ver, cheguei a pensar em sequer escrever sobre ele. Pra que, diabo? Tudo o que há para dizer sobre Oppenheimer já foi dito.

Pois é. Só que tenho um site sobre filmes – e não só isso. O filme foi falado demais, mas também é bom demais, e então os dedinhos coçam. Diacho, se já escrevi sobre Casablanca, também posso escrever sobre Oppenheimer.

O primeiro registro que gostaria de fazer é um detalhinho que achei absolutamente fascinante. Ao término dos loooongos créditos finais, há a seguinte afirmação: “This film was shot and finished on film”, este filme foi rodado e terminado em filme – e, logo em seguida, vemos o logotipo da Eastman Kodak Company.

Sensacional: Christopher Nolan, um realizador com obras de extrema modernidade, tanto na forma quanto no conteúdo – basta lembrar da ficção-científica A Origem/Inception (2010) – fez questão de produzir esta obra absolutamente cheia de efeitos visuais acachapantemente bem realizados no velho e bom filme, aquele de película, como faziam os pioneiros, de D. W. Griffith a Victor Sjöstrom, de Carl Theodor Dreyer a Humberto Mauro. Nada de câmara digital coisa nenhuma. O bom e velho filme analógico.

Em uma entrevista citada no IMDb, o realizador afirmou que não há em seu filme uma única tomada gerada por computador

Acho bonito isso. Admiro os realizadores que se mantêm fiéis aos meios tradicionais.

Christopher Nolan prova, com Oppenheimer, que não é necessário usar câmara digital para fazer um filme de visual acuradíssimo, moderníssimo, deslumbrante. E Oppenheimer prova que Christopher Nolan é hoje um dos grandes realizadores do cinema mundial.

Que alegria um filme sério, denso, ter tanto sucesso

No início de fevereiro de 2024, o filme sobre o físico que foi o principal responsável pela criação da bomba atômica havia ganhado 252 prêmios, com 379 indicações no total.

Ao Globo de Ouro, foram oito indicações, e ele levou os prêmios, na categoria drama, de melhor filme, diretor, ator para esse extraordinário Cillian Murphy, atriz coadjuvante para o também fantástico Robert Downey Jr. e trilha sonora para Ludwig Göransson.

Ao Bafta, o prêmio da Academia Britânica (o filme é uma co-produção EUA-Reino Unido), foram 13 indicações, incluindo as categorias de melhor filme, direção, roteiro adaptado, ator para Cillian Murphy, atriz coadjuvante para Emily Blunt e ator coadjuvante para Robert Downey Jr.

E ao Oscar foram também 13 indicações, incluindo várias das principais categorias – melhor filme, direção, roteiro adaptado, ator para Cillian Murphy, atriz coadjuvante para Emily Blunt, ator coadjuvante para Robert Downey Jr.

Vimos Oppenheimer antes do anúncio dos premiados com o Bafta e o Oscar – vou ter que mexer neste texto daqui a pouco. Mas o fato de o filme ter tido tantos prêmios e tantas e tão importantes indicações merece o segundo registro que gostaria de fazer:

Meu Deus do céu e também da Terra, nada como um ano após o outro! Depois daquela absoluta bobagem que foi Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo na temporada de premiações de 2023, que alegria ter como um dos grandes laureados um filme sério, pesado, denso, falando de temas importantes.

O cinemão mundial não é só feito de blockbusters com super-heróis de quadrinhos, corridas de carro velozes e furiosas e asneiras metidas a moderninhas como o grande vencedor do Oscar de 2023. Graças a Deus, a São Bergman, a São Truffaut, a São Kurosawa, ainda há cinema inteligente para plateias maduras.

É preciso ver o filme com calma – e muita atenção

Se por acaso um eventual leitor caísse neste texto antes de ver Oppenheimer, eu teria um conselho a dar a ele. É um filme para se ver com calma, com tempo. De preferência em um dia de folga, um feriado, um fim de semana. Na boa. Sem qualquer pressa.

Além de longo – três horas de duração, 181 minutos, para ser exato -, o filme exige muita, mas muita, mas muita atenção do espectador.

O roteiro de Christopher Nolan é brilhante, extremamente bem elaborado – mas ele não facilita a vida do espectador, de maneira alguma.

Há momentos em que é impossível evitar a sensação de que Nolan fez seu filme dando de barato, taking for granted, que todo espectador conhece muito bem a história de J. Robert Oppenheimer, as datas dos eventos da Segunda Guerra Mundial, os acontecimentos da era McCarthy, a sucessão dos presidentes dos Estados Unidos, de Harry Truman a Lyndon Johnson, passando por Dwight Eisenhower e John F. Fitzgerald.

O filme mostra o Oppenheimer (1904-1967) jovem físico estudando na Europa do entre-guerras, conhecendo os gigantes da Física da época. O Oppenheimer reconhecido como um gênio da matéria, o sujeito que havia formado o melhor curso de Física dos Estados Unidos em Berkeley, na Califórnia, no final dos anos 30. O Oppenheimer escolhido pelo governo para ser o líder do Projeto Manhattan já durante a guerra. O Oppenheimer do pós-guerra, atormentado pela destruição causada pelas bombas sobre Hiroshima e Nagasaki, temendo uma corrida armamentista entre Estados Unidos e União Soviética. O Oppenheimer na época do macarthismo, interrogado por suas proximidades com o Partido Comunista e com sua lealdade ao seu país sendo questionada…

Todas essas épocas de sua vida, ali entre o início dos anos 1930 até 1965, são mostradas sem qualquer letreiro indicando as datas, e sem qualquer respeito à ordem cronológica, como parece ter virado a praxe em boa parte dos filmes das últimas décadas.

Então vamos e voltamos para início dos anos 30, para final dos 50, para meados dos 40, para um toquezinho nos 60, para os 30 de novo, e daí para os 40 – sem, repito, insisto, não desisto, qualquer letreiro que nos auxilie a acompanhar esse vai e vai, vai e vem, vai e vem.

E tem o lance do preto e branco x cores. Preto e branco é passado mais distante, cores é coisa de tempos mais próximos de nós, certo? Errado. Em Oppenheimer, a época em que Lewis Strauss (o papel de Robert Downey Jr., na foto abaixo) está sendo sabatinado pelo Senado para assumir o cargo de secretário do comércio de Eisenhower, que governou de 1953 a 1961, entre Harry Truman (1945-1953) e John F. Kennedy (1961-1963), é mostrada em gloriosa fotografia em preto-e-branco. O que houve antes e depois aparece em cores. Sacadas. Bossa de diretor genial, sacumé?

A verdade é que fiquei com vontade de rever o filme, para perceber mais informações, mais detalhes que seguramente não percebi. É informação demais da conta…

Atores muitíssimo bem escolhidos – e maquiados

Geniais, absolutamente geniais, são também Luisa Abel, chefe dos departamentos de protética e maquiagem, e John Papsidera, chefe do casting. Oppenheimer não seria a maravilha que é sem o trabalho das equipes desses dois profissionais.

Esse Cillian Murphy é mesmo um monstro. Ele já havia provado isso à exaustão em Face Oculta, de 2010. Quando vi o filme, escrevi: “Face Oculta, no original Peacock, é um filme apavorante, aterrorizador. (…) E traz uma interpretação impressionante, extraordinária, antológica, das melhores interpretações dos últimos tempos, a desse garoto irlandês Cillian Murphy. É espetacular, estrondosa, a atuação do rapaz. Não dá para entender que ele não tenha sido indicado a todos os prêmios possíveis e imagináveis. Talvez seja porque o filme é chocante demais.”

Cillian Murphy tem uma atuação especular, estrondosa, como Oppenheimer, o Prometeu Americano, o Pai da Bomba, o Destruidor dos Mundos. Mas é importantíssimo, é fundamental o trabalho da equipe de maquiagem e protética para fazer o ator parecer de um jovem na casa dos 20 anos até um senhor de quase 60 anos que a rigor aparentava bem mais que isso. (O ator estava com 46 anos durante as filmagens.)

Muitos dos atores passaram por trabalhos da equipe de Luisa Abel para ficarem parecidos com as pessoas reais que interpretam. É o caso, em especial, de Robert Downey Jr., Emily Blunt, Kenneth Branagh e Matt Damon, me parece.

Robert Downey Jr, como já foi dito, interpreta Lewis Strauss, presidente da Comissão de Energia Atômica (AEC, na sigla em inglês), aparente amigo mas na realidade um sujeito que fez tudo para prejudicar Oppenheimer. A magnífica Emily Blunt faz o papel de Kitty, a mulher com quem Oppenheimer se casa e vive por décadas, até a morte. Kenneth Branagh faz Niels Bohr, físico e filósofo dinamarquês por quem Oppenheimer tinha imenso respeito. Matt Damon faz o coronel Leslie Groves, que o governo escolheu para comandar o Projeto Manhattan como um todo – e que acaba optando por Oppenheimer como o físico mais indicado para dirigir um grande grupo de cientistas à procura da fórmula da bomba mais poderosa que a humanidade havia conhecido.

Todos eles – Robert Downey Jr., Emily Blunt, Kenneth Branagh, Matt Damon – estão mais parecidos com as figuras que interpretam do que com eles mesmos.

Confesso aqui candidamente: estava difícil reconhecer esses atores tão absolutamente conhecidos, tamanho o trabalho das equipes de maquiagem e protética.

Grandes atores em pequenos papéis – esta é outra característica impressionante deste filme em tudo por tudo impressionante. Meu, que coisa mais extraordinariamente chique ter Gary Oldman para interpretar, em uma única sequência, o presidente Harry Truman!

Matthew Modine como Vannevar Bush, em, creio, uma única sequência. E, diabo, essa magnifica Florence Pugh como Jean Tatlock, a amante conturbada, angustiada, de Oppenheimer.

Quando grandes atores aceitam fazer pequenos papéis, pode apostar: é porque confiam no realizador, no filme que o cara está fazendo.

Um homem chocado com os efeitos de sua criação

Para escrever seu roteiro, Christopher Nolan se baseou no livro American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer, um calhamaço de mais de 700 páginas.

Há referência a Prometeu na abertura do filme: um letreiro explica que Prometeu roubou o fogo dos deuses e o entregou aos humanos – e, por essa traição, esse crime, foi condenado a ser torturado eternamente.

Acho estranha essa comparação entre como fazer fogo e como criar uma bomba de capacidade de destruição maior do que tudo o que havia antes. Saber fazer fogo foi uma das grandes conquistas da humanidade em direção ao processo civilizatório. Esquentar alimentos é um avanço – não tem nada a ver com criar uma bomba.

Mas é claro que a comparação tem a ver com o fato de que tanto Prometeu quanto Oppenheimer foram condenados ao sofrimento eterno.

O J. Robert Oppenheimer que o filme mostra é um sujeito que fica orgulhoso, feliz demais da conta por ter sido escolhido para tocar o projeto de criar a bomba atômica – e depressa, antes que os nazistas o fizessem.

Só que a bomba ficou pronta depois da morte de Hitler e da rendição Alemanha, em maio de 1945. E então foi estreada no Japão, no início de agosto.

Há diversos estudos e teorias a respeito de por que Harry Truman resolveu lançar as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki. A melhor explicação, para mim, é que os Estados Unidos queriam dominar sozinhos o Japão no imediato pós-guerra, e não dividi-lo com os até então aliados soviéticos, como havia sido feito com a Alemanha.

Parece óbvio, hoje, que não era necessário lançar bombas atômicas sobre o Japão em agosto de 1945: o país se renderia de qualquer forma, e rapidamente.

O que o filme mostra é que, logo após a imensa satisfação de ter concluído a tarefa de inventar e construir a bomba, o grande físico foi ficando mortificado diante da destruição e da matança promovida no Japão. Percebeu logo que era o início de uma louca, insana corrida armamentista entre seu país e o então novo inimigo, a União Soviética.

O filme é cheio de belos diálogos, mas creio que um dos mais impressionantes é o que se dá quando o presidente Harry Truman recebe em seu gabinete o físico que havia sido o responsável pela criação da bomba que definiu o fim da Segunda Guerra Mundial.

Oppenheimer: – “Presidente, eu sinto que tenho sangue nas minhas mãos.”

Truman: – “Você acha que alguém em Hiroshima e Nagasaki se importa com quem construiu a bomba? Eles pensam em que a jogou. Eu joguei. Hiroshima não diz respeito a você.”

O secretário de Defesa, que acompanhava a visita, se levanta, indicando que a audiência havia terminado. O físico ainda estava saindo do gabinete quando Truman diz para o secretário: – “Não deixe esse bebê chorão voltar aqui”.

Há registros fidedignos de que o então presidente americano ficou furioso com Oppenheimer durante aquela audiência na Casa Branca. Tudo o que o filme mostra é, pelo que se sabe, a exata reprodução dos eventos reais.

John Kennedy quis reabilitar o nome do cientista

O site agregador de opiniões registra que Oppenheimer tem 93% de aprovação na média de 497 críticos pesquisados, e 91% entre os mais de 10 mil leitores que votaram. O “consenso da crítica”, segundo o site, é: “Oppenheimer marca outra envolvente conquista de Christopher Nolan, que se beneficia da interpretação tour-de-force de Murphy e do visual esplêndido”.

No IMDb, o site tem nota 8,4 em 10, média das avaliações de 624 mil leitores.

É obrigatório registrar: como Oppenheimer foi lançado na mesma época que outro filme comentadíssimo, o Barbie escrito e dirigido pela talentosa Greta Gerwig, com a esplendorosa Margot Robbie, a imprensa produziu extensas reportagens e artigos falando ao mesmo tempo dos dois filmes. O Barbenheimer virou um autêntico fenômeno cultural.

Vejo agora que o diretor e produtor Charles Band – que costuma misturar comédia e terror e fez O Mestre dos Brinquedos (1989), Trancers: O Tira do Futuro (1984) e Seduzida pelo Horror (1990) – anunciou que vai filmar Barbenheimer, a história de uma boneca cientista.

Eis algumas curiosidades sobre a produção de Oppenheimer, a maioria tirada da página de Trívia sobre o filme no IMDb, que contém mais de 170 itens (!!!).

  • Como Ingmar Bergman, François Truffaut, Woody Allen, Robert Guédiguian, o realizador Christopher Nolan gosta de trabalhar sempre que possível com o mesmo grupo de atores. Assim, Oppenheimer foi seu primeiro filme desde Insônia, de 2002, a não ter a participação de Michael Caine. Foi seu quarto com Gary Oldman. Reuniu três atores que trabalharam em Dunkirk (2017): Cillian Murphy, Kenneth Branagh e James D’Arcy. Foi o sexto filme do diretor com Cillian Murphy.
  • Kao Bird, um dos autores do livro em que o roteiro se baseia, visitou o set de filmagens e se demonstrou impressionado com a semelhança do ator Cillian Murphy com o físico. – “Dr. Oppenheimer!”, ele brincou. “Passei décadas esperando conhecer o senhor pessoalmente.” Segundo uma reportagem do The New York Times que contou a história, o ator riu e respondeu: – “Todos nós aqui lemos seu livro. É obrigatório para nós”.
  • Um assessor do Senado diz para Lewis Strauss que “um senador obscuro e novato de Massachusetts” havia votado contra sua indicação para o cargo de secretário do Comércio no governo de Harry Truman. E dá o nome do senador – John F. Kennedy. Como bem lembra o IMDb, em 1959, o ano em que Lewis Strauss foi indicado ao cargo por Truman, Kennedy já era bastante conhecido, e estava entre os nomes mais citados para participar das primárias democratas que escolheriam o candidato à Presidência. Ou Nolan quis indicar que o assessor era mal informado, ou então ele mesmo se enganou quando escreveu o diálogo.
  • Consta que John F. Kennedy era um admirador de Oppenheimer. Foi ele que determinou que o cientista deveria receber o Prêmio Enrico Fermi, como um gesto de reabilitação de seu nome. No filme, há uma rápida sequência em que o cientista recebe a honraria das mãos de Lyndon Johnson, o vice que assumiu a Presidência após o assassinato de Kennedy e em seguida foi eleito para um novo mandato.
  • Antes de Cillian Murphy, pelo menos uma dúzia de atores interpretaram J. Robert Oppenheimer. Em 1980, Sam Waterston fez o papel do cientista em Oppenheimer, uma minissérie de TV de sete episódios. Alguns dos outros filmes e os nomes dos atores:

O Fim ou o Princípio (1947), com Hume Cronyn;

Enola Gay: The Men, the Mission, the Atomic Bomb (1980), com Robert Walden;

Race for the Bomb (1987), com Tom Rack;

Os Senhores do Holocausto (1989), com David Strathairn;

O Início do Fim (1989), com Dwight Schultz;

Hiroshima (1995), com Jeffrey DeMunn;

Hiroshima (2005), com Fredrick Ruth;

Nuclear Secrets (2007), com Joe Jones;

Einstein (2008), com Pietro Ragusa;

Batalha de Gênios (2015), com Ryan Wesley Gilreath;

Einstein: Chapter Ten (2017), com Neal Huff.

“A humanidade está preparada para uma arma definitiva?”

Quando eu era bem jovem, ali pelos 20 anos, tive um período de mergulho em ficção científica – Arthur C. Clarke, Clifford D. Simak, Isaac Asimov, Fredric Brown. Alguns contos de Fredric Brown jamais me saíram da cabeça, como “A Arma”.

O conto tem tudo, absolutamente tudo a ver com a história de Oppenheimer. Muito certamente Fredric Brown o escreveu pensando em Oppenheimer. Foi publicado pela primeira vez em 1951, quando a Guerra Fria esquentava, a corrida armamentista estava a mil e os Estados Unidos mergulhavam no negror do macarthismo, da caça ás bruxas.

Enquanto escrevia esta anotação, fui procurar o livro em que está “A Arma” – e não achei. Devo ter emprestado para alguém lá no passado remoto, e não me devolveram. Mas hoje de fato os suportes físicos já não são mais imprescindíveis: o conto está na íntegra na internet, em Inglês, Espanhol e Italiano. Fiz a tradução e publiquei no + de 50 Anos de Textos. É curto, é brilhante, é genial: vale demais a pena ler.

Mas, de qualquer forma, aqui vai um resumo:

Um grande cientista que é a peça-chave em um projeto importantíssimo – a criação de uma arma definitiva – recebe um belo dia a visita de um desconhecido, que diz que gostaria de conhecê-lo, conversar com ele, tipo “o senhor se importaria em me receber por alguns instantes?”

O cientista acha que uma interrupção rápida não seria ruim, e então manda o sujeito entrar. Sentam-se, conversam. Lá pelas tantas, entra na sala o filho do cientista – um rapaz de uns 15 anos, mas com evidentes demonstrações de retardamento mental, com todo o jeito de uma criança de quatro anos. Pede que o pai leia para ele a historinha da Pequena Galinha. O pai promete que logo vai ler a historinha, e pede para o filho esperar no seu quarto.

O visitante, é claro, pergunta sobre a arma. O dr. Graham responde que ele é apenas um cientista. Está fazendo a ciência avançar – é só nisso que ele pensa. O que será feito com a arma não é problema dele. O visitante insiste: – “Dr. Graham, a humanidade está preparada para uma arma definitiva?”

O cientista oferece uma bebida e, enquanto busca a garrafa e os copos, o visitante vai até o quarto do filho.

Logo agradece por toda a gentileza, se despede – e diz que deixou com o rapaz um presente.

O cientista vai até o quarto do filho, e vê, apavorado, que o rapaz está brincando com o que o visitante havia deixado. Depois que retirar aquilo das mãos do filho, passa pela sua cabeça a exclamação:

– “Só um louco poderia dar um revólver carregado a um idiota!”

Anotação em fevereiro de 2024

Oppenheimer

De Christopher Nolan, EUA-Reino Unido, 2023

Com Cillian Murphy (J. Robert Oppenheimer)

e Emily Blunt (Kitty Oppenheimer),

Robert Downey Jr. (Lewis Strauss),

Matt Damon (coronel Leslie Groves), Florence Pugh (Jean Tatlock), Alden Ehrenreich (auxiliar no Senado), Scott Grimes (advogado), Jason Clarke (Roger Robb), Kurt Koehler (Thomas Morgan), Dylan Arnoldv (Frank Oppenheimer, o irmão), Emma Dumont (Jackie Oppenheimer, a cunhada), Josh Hartnett (Ernest Lawrence), Tony Goldwyn (Gordon Gray), Macon Blair (Lloyd Garrison), James D’Arcy (Patrick Blackett), David Krumholtz (Isidor Rabi), Matthias Schweighöfer (Werner Heisenberg), Alex Wolff (Luis Alvarez), Josh Zuckerman (Rossi Lomanitz), Rory Keane (Hartland Snyder), Jefferson Hall (Haakon Chevalier). Britt Kyle (Barbara Chevalier)

e, em participações especiais, Kenneth Branagh (Niels Bohr), Tom Conti (Albert Einstein), Gary Oldman (Harry Truman), Hap Lawrence (Lyndon Johnson), Matthew Modine (Vannevar Bush)

Roteiro Christopher Nolan

Baseado no livro “American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer”, de Kai Bird & Martin Sherwin

Fotografia Hoyte Van Hoytema         .

Música Ludwig Göransson     

Montagem Jennifer Lame       

Casting John Papsidera 

Desenho de produção Ruth De Jong

Figurinos Ellen Mirojnick

Departamento de protética e maquiagem Luísa Abel

Produção Christopher Nolan, Charles Roven,

Emma Thomas, Universal Pictures, Atlas Entertainment, Gadget Films. Syncopy.

Cor, 181 min (3h01)

Fonte: 50 anos de filmes

Sergio Vaz

Jornalista, ex-diretor-executivo do Jornal Estado de São Paulo e apreciador de filmes e editor do site 50 anos de filmes.

Jornalista, ex-diretor-executivo do Jornal Estado de São Paulo e apreciador de filmes e editor do site 50 anos de filmes.

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