7 de setembro de 2024
Cinema

Histórias incomuns / Ajeeb Daastaans

De: Shashank Khaitan, Raj Mehta, Neeraj Ghaywan, Kayoze Irani, Rahul Kamboj, Índia, 2021

Nota: ★★★☆

(Disponível na Netflix em 11/2023.)

Histórias Incomuns, produção indiana de 2021, caprichadíssima, muitíssimo bem realizada em todos os quesitos, é formada por quatro episódios completamente, absolutamente independentes. Cada um tem seu diretor e seu(s) roteirista(s), seu elenco, sua história.

E cada história aborda uma classe social, um tipo de realidade. A primeira, “Amante”, se passa nos domínios imensos de um biliardário. Na segunda, “Brinquedo”, as personagens centrais são duas irmãs bem pobres – a mais velha trabalha como empregada doméstica, a segunda é uma criança. A terceira história se passa, em boa parte, em uma grande fábrica: as personagens centrais são uma operária especializada, de casta inferior, e uma contadora, de casta superior.

Ah, sim… O terceiro segmento, “Beijo Molhado”, lembra ao espectador que, no país mais populoso do planeta, tido como uma grande democracia, os seres humanos – bem ao contrário do que diz a Declaração Universal dos Direitos Humanos – não “nascem livres e iguais em dignidade e direitos”. Mas esse é assunto para ser tratado mais tarde, não na abertura deste texto.

Na quarta história, “Não Falado”, os personagens são da classe média, a rigor da classe média alta. São as pessoas mais parecidas com as ocidentais – seja da riquíssima Noruega, seja do injustíssimo Brasil, seja de um país um tanto periférico da Europa, tipo Portugal ou Grécia.

Cada segmento, uma classe social, um tipo de realidade.

Quando foram moda, quase uma mania, em especial nos cinemas francês e italiano, nos anos 1960-1970, os filmes de episódios – que, em Inglês, são chamados de anthology movies – tinham bem nítidas as características que uniam, que juntavam os diversos segmentos. Houve O Diabo e os Dez Mandamentos (cada segmento, um mandamento), Os Sete Pecados Capitais (cada semente, um pecado), Histórias Extraordinárias e Boccaccio ’70 (todos os segmentos baseados em histórias do mesmo autor), As Bonecas, As Bruxas, Nós, as Mulheres, e por aí vai – ou melhor, ia.

Foi realmente uma moda, quase uma mania.

Bem mais recentemente, vieram os anthology movies feitos por várias histórias contadas por diferentes realizadores passadas nos mesmos lugares – Paris, Je t’aime, New York, I Love You, Rio, Eu Te Amo.

Os quatro segmentos de Histórias Incomuns têm, sim, uma característica que os une, que os junta. Cada segmento aborda uma classe social, um tipo de realidade – mas todos eles falam dos piores sentimentos de que o ser humano é capaz.

Inveja. Ódio. Vingança. Desprezo. Soberba. Medo. Conformismo. Crueldade.

São pouquíssimos os protagonistas das quatro histórias que demonstram atitudes diante da vida, emoções, sentimentos que sejam positivos. Que sejam bons. Quando isso acontece, quando alguém tem uma emoção boa, quando demonstra querer fazer algo positivo, que seja bom para si mesmo ou para os outros, logo acontece algo que faz a pessoa mudar de ideia, deixar de lado aquela breve maré em boa direção, e afundar-se na pior escolha que pode haver.

Nos momentos em que os personagens podem escolher para onde ir, eles sempre optam pelo pior, pelas trevas, pela dor.

Em vez de um gesto de carinho, eles pegam o facão afiado.

Histórias Incomuns é um filme, repito, muitíssimo bem realizado em todos os quesitos.

Com extrema competência, ele nos apresenta quatro histórias que demonstram que o ser humano é, definitivamente, inapelavelmente, uma invenção que não deu certo.

Logo de cara, um diálogo forte, um choque

O primeiro episódio – e portanto o filme – abre com um diálogo forte, impressionante.

O homem entra na sala em que a lindíssima mulher se cuida para parecer a mais bela possível e declara: – “Nossos pais estão felizes com o casamento. Afinal, foi um acordo lucrativo. Mas sempre amei outra pessoa, então não posso amar você. Não farei com que meu pai seja avô. Não espere nada de mim. Não peço desculpas. Nesses casamentos, todos têm que ceder. Você entende.”

O homem, um biliardário, se chama Babloo (o papel de Jaideep Ahlawat). A jovem esposa a quem ele informa que não será tocada, e tem todo o jeito de quem queria demais ser tocada, é Lipakshi (Fatima Sana Shaikh, na foto acima).

Lipakshi se demonstra, de cara, uma moça assim não propriamente feita para achar que está tudo bem: – “Por que se casou comigo?”

Ele: – “Não tive escolha.”

Ela: – “E o que espera de mim?”

Ele: – “Manter a reputação de nossas famílias.”

Ela: – “Por que os homens aqui são hipócritas? Se podem trair, deveriam aguentar ser traídos.”

Ele: – “Se eu tivesse coragem, haveria outra pessoa em seu lugar.”

Ela: – “E vou ter que sofrer a vida toda por sua falta de coragem?”

É sem dúvida uma beleza de abertura.

O que vem a seguir é tudo que não tem absolutamente nada a ver com algum tipo de felicidade. É um horror. Quando estamos com 7 minutos de filme, o biliardário Babloo – uma espécie assim de mistura do Al Capone interpretado por Robert DeNiro em Os Intocáveis de Brian De Palma com o carrasco nazista Klaus Barbie bem mostrado em Resistência de Jonathan Jakubowicz – está fritando em óleo o órgão masculino de um sujeito que ousou olhar para Lipakshi, a esposa na qual ele mesmo jamais tocou.

O que virá a seguir neste primeiro episódio, “Amante/Majnu”, é tão horrendo quanto isso.

Um crime que provoca profunda náusea

Do mundo dos biliardários para o dos muito, muito pobres, é um breve pulo. O segmento “Brinquedo/Khilauna” se passa na periferia de uma grande cidade. Meenal (o papel de Nushrratt Bharuccha) cuida de sua irmãzinha de aí uns 9, 10 anos, Binny (Inayat Verma, as duas na foto acima). Vivem apenas as duas em uma casa de favela, em que a energia elétrica vem de um gato. Na primeira sequência do segmento, há uma pane, o casebre fica sem luz.

Meenal trabalha como empregada doméstica; inveja a patroa, a vida da patroa. Na verdade, tem inveja e até ódio de qualquer pessoa que tenha condições de vida melhores que as dela, e passa esses sentimentos para a irmãzinha Binny, que – o espectador vai vendo – é espertíssima, inteligentíssima.

Ao saber que o supervisor do bairro, Vinod Agarwal (Maneesh Verma), poderá garantir que ela volte a ter energia elétrica, Meenal deixa o emprego e se oferece para trabalhar para o homem poderoso.

O qual está feliz da vida porque a esposa lhe deu um filho.

Meenal – que muitas vezes leva a irmãzinha Binny para a casa dos patrões – diz para a garota que é ela que faz tudo pelo bebê: limpa, dá banho, dá comida. Para os pais – ela fala com a irmãzinha –, o garoto é apenas um brinquedo.

Haverá então um crime capaz de testar a resistência do aparelho digestivo do espectador a eventos que causam profunda náusea.

Um retrato da injustiça, da distância entre as castas

Bharti Mandal (o papel de Konkona Sen Sharma), a protagonista da terceira história, “Beijo Molhado/Geeli Pucchi”, é a única mulher na fábrica em que trabalha. O gerente da fábrica (o papel de Gyan Prakash) a admira pela capacidade, pelo talento que ela tem de lidar com as máquinas; até acena para ela com a possibilidade de, no futuro, promovê-la a supervisora. Mas Bharti ambiciona mesmo é trabalhar no escritório da fábrica, como contadora. Estudou para isso, tem competência de sobra. Quando surge uma vaga no escritório, no entanto, o gerente escolhe uma moça de casta superior, Priya Sharma (Aditi Rao Hydari).

Bharti fica absolutamente possessa, consumida pela raiva, pela inveja da moça.

Priya, no entanto, se aproxima dela. As duas mulheres vão ficando próximas.

Poderiam até ficar próximas demais – e aqui o diretor Neeraj Ghaywan, também co-roteirista, juntamente com Sumit Saxena, com a ajuda das duas competentes atrizes, faz um belíssimo trabalho. É quase tudo muito sutil, nada explícito, mas o espectador percebe que Bharti é lésbica, e Priya tem uma tendência a se apaixonar por mulheres, mesmo que ela mesma não reconheça ou admita.

O relacionamento afetivo das duas mulheres é tratado com extrema sutileza, discrição. Já a questão da diferença entre as castas é mostrada abertamente, duramente. Não quero e não vou apresentar spoiler, mas é impressionante um detalhe em uma sequência já quase no finalzinho do segmento “Beijo Molhado”.

Bharti – contrariando, muito provavelmente, o que ela mesma desejaria – dá uma força imensa a Priya para que ela fique bem com seu marido, Shiv (Shreedhar Dubey). Dá uma ajuda decisiva para que a colega fique grávida. Em uma visita à casa de Priya, Bharti ouve efusivos agradecimentos do marido da moça. A mãe dele serve então um café para os quatro. Para o filho, a nora e para si mesma, o café é servido em xícaras de porcelana. Para a mulher a quem deve favores, mas é de casta inferior, a xícara é uma baratinha, de metal.

Sem espaço para nada que se parece com felicidade

Samaira (Sara Arjun), adolescente aí de uns 17 anos, filha do casal Natasha e Rohan (Shefali Shah. na foto acima, e Tota Roy Chowdhury), está perdendo a audição. É uma família de classe média, que vive confortavelmente; Rohan trabalha muito, faz hora extra para comprar um bom aparelho de audição para a filha – mas se recusa a aprender a linguagem de sinais que Natasha já domina, certa de que a filha ficará mesmo surda. Marido e mulher brigam demais por isso: Natasha acusa o marido de não se importar com a filha.

É uma mulher bela, atraente.

Por acaso, puro acaso, Natasha fica conhecendo, numa galeria de arte, um fotógrafo jovem, talentoso, sensível, bonito – e surdo. Ela e Kabir (Manav Kaul) começam a conversar na linguagem de sinais, ficam amigos, passam a se ver sempre.

Vão se apaixonando – mas ela não conta para ele que é casada, que sua filha adolescente está perdendo a audição.

“Não Falado”, o quarto episódio do filme, é construído com imensa sensibilidade – assim como o terceiro.

Bem diferentemente do primeiro, e também do segundo, nesta quarta história não há gente má, de má índole, cruel, vingativa, invejosa. Mas não há espaço para nada que se pareça com felicidade.

3 mil castas, 25 mil subcastas

As castas. É impossível não falar das castas, tema que está presente com força no filme.

“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos”, diz a Declaração Universal dos Direitos Humanos, esse documento recente, proclamado pela Assembléia Geral da ONU em 1948 – e, diacho, em termos de História 1948 é ontem mesmo, no máximo anteontem.

Um documento milenar, a Bíblia, afirma que o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus. O ser humano – todos eles, sem distinção, sem divisão.

Mas, há mais de três mil anos, os hindus são divididos em grupos hierárquicos, “baseados em seu karma (trabalho) e dharma (a palavra hindu para religião, embora aqui signifique dever)”, segundo explica a BBC News Brasil. Há os Brahmins ou Brâmanes (sacerdotes), os Kshatriyas ou Xátrias (guerreiros), Vaishyas ou Viaixás (mercadores) e os Shudras (trabalhadores).

Ao longo destes 3 mil anos, as quatro castas principais foram divididas em cerca de 3 mil castas e 25 mil subcastas, cada uma com base em sua ocupação específica.

Fora desse sistema de castas – ou talvez fosse melhor dizer abaixo das demais castas – há ainda os Achhoots, também chamados de Dalits e Intocáveis. São os párias.

O texto da BBC lembra que a Constituição da Índia independente – da mesma época da Declaração dos Universal dos Direitos Humanos, o pós-Segunda Guerra Mundial – proibia a discriminação com base na casta. E, de lá para cá, o governo da Índia tem feito tentativas de corrigir injustiças históricas e oferecer igualdade de condições àqueles que tradicionalmente estavam em desvantagem. “Nas últimas décadas, com a expansão da educação laica e o aumento da urbanização, a influência das castas tem diminuído um pouco, principalmente nas cidades onde coexistem diferentes castas. Os casamentos entre castas também estão se tornando mais comuns.”

“Mas, apesar das mudanças, as identidades de casta permanecem fortes e os sobrenomes são quase sempre indicações da casta a que uma pessoa pertence”, diz ainda o texto da BBC. Exatamente como mostra este filme.

Sem dúvida é um filme muito bom. Mas…

O título original de Histórias Incomuns é Ajeeb Daastaans – que, segundo o tradutor do Tio Google, é exatamente “histórias estranhas” em hindu.

Interessante: segundo o IMDb, o filme foi exibido nos Estados Unidos e no Reino Unido com o título original. Interessante – e também estranho, incomum.

Tudo isso posto, qual é, afinal, minha avaliação do filme?

Bem, acho que muito do que foi dito aí acima já contém minha avaliação.

Histórias Incomuns/Ajeeb Daastaans é um filme extremamente bem realizado, em todos os quesitos. E entre eles eu realçaria três: as interpretações, a fotografia e a trilha sonora. Excepcionais, de babar, de aplaudir de pé como na ópera.

Como brinde especial, os créditos iniciais são simplesmente espetaculares. É uma animação lindíssima, usando diversas das situações que vamos ver em seguida ao longo dos quatro episódios.

O terceiro e o quarto segmentos – o das duas mulheres de castas diferentes que quase se apaixonam e o da mulher madura insatisfeita com o marido e que se envolve com um homem mais jovem, sensível, surdo e mudo – são sem dúvida os mais profundos, mais densos, mais sensíveis.

É, em suma, um filme muito bom.

Não consegui deixar de pensar que Histórias Incomuns tem muito a ver com Relatos Selvagens (2014), aquela beleza de filme do argentino Damián Szifrón formado por seis episódios que, como escrevi na época, “demonstram como o ser humano pode ser capaz de fazer coisas pavorosamente feias, agressivas, nocivas, violentas, abjetas, nojentas”.

Pois é. Histórias Incomuns é um filme muito bom.

Mas… Por que fazer uma obra em que todos os personagens são infelizes? Em que o que vence são sempre as emoções negativas?

Não tenho vocação de Polyanna, mas, diabo, com tanta prova disso na vida real, precisamos de um filme para enfatizar que o ser humano é uma invenção que deu errado?

Anotação em novembro de 2023

Histórias Incomuns/Ajeeb Daastaans

De Shashank Khaitan, Raj Mehta, Neeraj Ghaywan, Kayoze Irani, Rahul Kamboj, Índia, 2021

Direção criativa Rahul Kamboj

Segmento “Amante/Majnu”

De Shashank Khaitan

Com Fatima Sana Shaikh (Lipakshi, a mulher de Babloo), Jaideep Ahlawat (Babloo, um milionário), Armaan Ralhan (Raj, o filho do motorista de Babloo), Arvind Pandey (Gopal, o administrador dos bens de Babloo)

Roteiro Shashank Khaitan

Segmento “Brinquedo/Khilauna”

De Raj Mehta

Com Nushrratt Bharuccha (Meenal, empregada doméstica), Inayat Verma (Binny, a irmãzinha de Meenal). Abhishek Banerjee (Shushil, o amante de Meenal), Maneesh Verma (Vinod Agarwal, supervisor de bairro, novo patrão de Meenal)

Roteiro Sumit Saxena

Segmento “Beijo Molhado/Geeli Pucchi”

De Neeraj Ghaywan

Com Konkona Sen Sharma (Bharti Mandal, a operária qualificada), Aditi Rao Hydari (Priya Sharma, a contadora), Shreedhar Dubey (Shiv Sharma, o marido de Priya), Gyan Prakash (o gerente da fábrica)

Roteiro Neeraj Ghaywan, Sumit Saxena

Segmento “Não Falado/Ankahi”

De Kayoze Irani

Com Shefali Shah (Natasha), Manav Kaul (Kabir, o fotógrafo, amante de Natasha), Tota Roy Chowdhury (Rohan, o marido de Natasha), Sara Arjun (Samaira, a filha de Natasha e Rohan)

Roteiro Uzma Khan, Sumit Saxena

Fotografia Jishnu Bhattacharjee, Siddharth Diwan, Pushkar Singh,

Siddharth Vasani

Música Tanishk Bagchi, Alokananda Dasgupta, John Stewart Eduri,

Shashank Khaitan, Prateek Kuhad, Raghav-Arjun, Tanuj Tiku

Montagem Nitin Baid

Casting Mukesh Chhabra, Jogi Mallang

Desenho de produção Kazvin Dangor , Mukund Gupta, Aditya Kanwar, Parichit Paralkar

Figurinos Rohit Chaturvedi, Jaislin Chona, Ratna Dhanda, Shruti Kapoor,

Eka Lakhani.

Produção Karan Johar, Apoorva Mehta, Dharmatic Entertainment, Netflix.

Cor, 142 min (2h22)

Título na França: “Règles des Trois”. Na Espanha: “El Tercero en Discordia”.

Fonte: 50 anos de filmes

Sergio Vaz

Jornalista, ex-editor-executivo do Jornal O Estado de S. Paulo e apreciador de filmes e editor do site 50 anos de filmes.

Jornalista, ex-editor-executivo do Jornal O Estado de S. Paulo e apreciador de filmes e editor do site 50 anos de filmes.

    1 Comentário

    • Rachel Alkabes 17 de junho de 2024

      Se vc se interessar, há um livro, do Eduard Suré, chamado Os Grandes Iniciados, 2 volumes. Deve ter no Estante Virtual. Ali vc tem, detalhadamente, a formação das grandes culturas e quem as iniciou/orientou. O iniciado Zarathustra, nada a ver com o 2° Zarathustra, sabia da hierarquia dos anjos ou Potestades, cujo texto bíblico foi retirado no 5° século, que são os querubins, Serafins, Tronos, Arcanjos e Anjos. e Por quê? Essa separação hierárquica deu origem à separação em castas. Veja que nao ha relação da hierarquia no mundo superior com a hierarquia de castas na Índia. Uma infelicidade só, pq vc pode imaginar grandes inteligências sem nenhuma oportunidade! Pobreza só por ser de uma casta “inferior”. Horrível! PS: que bom q mencionou relatos selvagens! Uma resenha sempre excelente a sua. Será q delirei? Faz tempo que não leio sobre isso.

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