Michel Temer, presidente da República (Foto: Dida Sampaio / Estadão)
Foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, nos anos 80 do século passado quando era senador e José Sarney presidente da República, que um dia afirmou debochado:
– A crise viajou.
Sarney era a crise. E havia viajado para o exterior deixando um país politicamente convulsionado e uma inflação mensal gigantesca que só fazia crescer. No fim do seu governo, chegaria a mais de 80% por mês.
Fernando Henrique sugeriu, ontem, que o presidente Michel Temer renunciasse, sem ousar dizer que a crise é ele. Mas se tivesse dito acertaria outra vez.
Temer herdou do PT, mais precisamente de Dilma, a crise que empurrou o Brasil para a maior recessão econômica de sua história desde os últimos anos 30. Quando ela dava sinais de recuperação, ele passou a ser a crise.
A teimosia em permanecer no cargo só dá razão ao ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger que decretou: “O poder é o afrodisíaco mais forte”. E também ao cientista Albert Einstein que observou cáustico:
– O esforço para unir a sabedoria e o poder raramente dá certo e somente por tempo muito curto.
Por experiente, com uma trajetória política de mais de 40 anos, imaginou-se que Temer acumulara sabedoria. Qual o quê… Acumulou em alto grau apego pelo poder. Sempre esteve perto dele. Alcançou-o finalmente.
Ao resistir a deixá-lo contra todas as evidências de que isso seria o melhor para o país, repete apenas o exemplo de políticos de sua estirpe, cegos e ao mesmo tempo deslumbrados pelas miçangas do poder.
Foi assim com Fernando Collor. A poucos meses de ser deposto, ele ouviu o conselho de mais de um amigo para que renunciasse. Collor convocou o povo para sair às ruas em sua defesa. Ele saiu para acusá-lo.
Collor denunciou seu impeachment como um golpe. Dilma faria o mesmo tantos anos depois – e também cairia. Na tentativa de ser original, Temer se diz vítima de “uma conspiração” e de “uma cilada”.
Não há conspiração alguma. Temer caiu de fato numa cilada executada por um empresário e amigo dele há mais de 20 anos que, clandestinamente gravou a conversa que o condenou.
Mais pelo que ouviu conivente e cúmplice do que mesmo pelo que disse, Temer forneceu todas as razões para alimentar o sentimento da maioria dos brasileiros desejosos de vê-lo pelas costas.
Pesquisa nacional online aplicada, ontem, junto a 2.800 pessoas acima dos 16 anos pelo Instituto Paraná conferiu que quase 87% delas querem a saída de Temer.
Sem apoio das ruas, que já não tinha, do mercado financeiro que passou a amargar volumoso prejuízo, e vendo se esfarelar sua base de sustentação no Congresso, como Temer pretende se aferrar à cadeira presidencial?
Talvez aposte na solidariedade de deputados e senadores atingidos como ele pela Lava Jato. Deve saber, porém, que eles não são confiáveis e que cobrarão muito caro por isso.
De resto, ninguém consegue governar se perde autoridade política. Foi o que aconteceu com Dilma e, agora, também com Temer, o primeiro presidente no exercício do cargo a ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal.
Definitivamente, 2016 é um ano que não quer acabar.
Fonte: Blog do Noblat
Usamos cookies em nosso site para oferecer a você a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e visitas repetidas. Ao clicar em “Aceitar tudo”, você concorda com o uso de TODOS os cookies. No entanto, você pode visitar "Configurações de cookies" para fornecer um consentimento controlado.
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
Cookie
Duração
Descrição
cookielawinfo-checkbox-analytics
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics".
cookielawinfo-checkbox-functional
11 months
The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional".
cookielawinfo-checkbox-necessary
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary".
cookielawinfo-checkbox-others
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other.
cookielawinfo-checkbox-performance
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance".
viewed_cookie_policy
11 months
The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data.
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect feedbacks, and other third-party features.
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Advertisement cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.