Espantosa a capacidade que têm nossos poderosos de complicar o que pode ser simples. No século onde se privilegia, entre outras coisas, a velocidade e a eficiência, as coisas por aqui se tornam complexas, empacam ou se arrastam por muito mais tempo do que seria necessário.
É o caso, por exemplo, da substituição do ministro Teori Zavascki na relatoria da Lava-Jato. Faz uma semana que ele morreu em um desastre de avião. O regimento interno do Supremo Tribunal Federal oferece soluções para a substituição de um ministro em situações como essa.
A primeira: espera-se a indicação de um novo ministro a ser feita pelo presidente da República e submetida à aprovação do Senado. Isso pode demorar ou não, a depender do presidente e do Senado. Uma vez empossado, o novo ministro assume as tarefas daquele a quem sucedeu.
Se há pressa, tem uma segunda solução: qualquer um dos 10 outros ministros da Corte pode assumir em parte ou todas as tarefas que cabiam ao que morreu. Para isso basta que um ministro se ofereça para tal. E que o presidente da Corte o designe.
E então? Por que isso ainda não aconteceu? Sabe-se, por exemplo, que o ministro Edson Fachin topa sair da primeira para a segunda turma do tribunal, assumindo ali a relatoria da Lava-Jato. Sabe-se também que nenhum outro membro da segunda turma é candidato ao posto. E então?
A solução mais simples, mais lógica e, por suposto, a mais indicada seria entregar a relatoria da Lava-Jato a qualquer um dos membros da segunda turma encarregada de examinar seus feitos em caráter preliminar. Eles já estão enfronhados no assunto. Eles o conhecem muito bem. Mas…
Mas o hábito de complicar o que não é complicado provoca: e se isso não der certo? E se o ministro Gilmar Mendes, presidente da segunda turma, quiser ser o relator da Lava-Jato? Gilmar, logo ele? Por inimigo do PT, Gilmar não pode. Não pode também porque é amigo de Temer.
E Celso de Melo, o decano do tribunal? Dizem que ele não quer. Mas a quem ele disse que não quer? Então por que não Dias Toffoli? Bem, aí o mundo desabaria. Toffoli foi do PT. E Ricardo Lewandowiski? Muito menos. Deve o cargo a dona Marisa Letícia, mulher de Lula.
Quer dizer: Gilmar não pode porque tem horror ao PT. Toffoli não pode porque não tem – o horror dele é a Dilma, que foi contra sua indicação para ministro. Ora, uma vez no Supremo, os ministros não estão ali para julgar com isenção e equilíbrio? Ou nem todos estão ali para isso?
De volta ao regimento interno do tribunal: se nenhum dos seus artigos distingue entre ministros suspeitos ou insuspeitos de preferências políticas, mas se existem, sim, os suspeitos e insuspeitos, por que não se sorteia o nome daquele que sucederá Teori na relatoria da Lava-Jato?
Quando os responsáveis maiores pela aplicação da Constituição demoram em aplicar o regimento interno que regula suas atividades, é porque estamos mal, muito mal de juízes.
Fonte: Blog do Noblat
Usamos cookies em nosso site para oferecer a você a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e visitas repetidas. Ao clicar em “Aceitar tudo”, você concorda com o uso de TODOS os cookies. No entanto, você pode visitar "Configurações de cookies" para fornecer um consentimento controlado.
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
Cookie
Duração
Descrição
cookielawinfo-checkbox-analytics
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics".
cookielawinfo-checkbox-functional
11 months
The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional".
cookielawinfo-checkbox-necessary
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary".
cookielawinfo-checkbox-others
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other.
cookielawinfo-checkbox-performance
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance".
viewed_cookie_policy
11 months
The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data.
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect feedbacks, and other third-party features.
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Advertisement cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.