2 de maio de 2024
Colunistas Priscila Chapaval

Quem nunca pagou um mico, atire a primeira pedra

Desde criança minha mãe fez questão que eu e minhas irmãs estudássemos música. Além disso tínhamos as aulas de solfejo e canto orfeônico que era uma das matérias do Liceu Pasteur onde nós estudávamos.

Começamos com aulas de violão que era muito chato. Depois aulas de piano que era muito grande e complicado de ter em casa. No final, aulas de harmônica.

Ganhamos uma Scandalli preta com teclado de marfim mas éramos meninas e mal conseguíamos segurar a “sanfona” mesmo com um banquinho de madeira feito especialmente para nós pequenas.

Apesar de todo o esforço dos meus pais, nenhuma das filhas se tornou pianista, violonista e nem “sanfoneira”.

Mas ficou em nós o interesse pela música, interpretada por quem tem vocação. E conforme fomos crescendo, a música foi cada vez mais presente na nossa casa na vitrola e nos LP’s que tivemos.

Eu, particularmente, gosto de músicas de diversos gêneros, de dance music, jazz, a orquestras sinfônicas e filarmônicas.

Um dia, muito tempo depois, já com meu escritório de Assessoria de Imprensa tive a sorte de ter como novos vizinhos de sala o Mozarteum Brasileiro e logo fizemos amizade. Fui incluída no mailing de convidados para a programação anual e isso durou anos. Devo a eles o meu conhecimento de musica clássica e ter tido a oportunidade de ver e ouvir as melhores orquestras do mundo regida pelos grandes maestros internacionais.

Numa dessas apresentações ganhei convites para assistir a Orquestra Sinfônica do Teatro Scala de Milão na Sala São Paulo. Os lugares dessa vez eram no Coro que ficava atrás da orquestra. A impressão que dava era que estávamos dentro da orquestra.

Teatro lotado e logo em seguida os músicos começaram a entrar no palco, ocupando seus lugares e afinaando os seus instrumentos. Dava para ouvir a conversa entre eles e eu fiquei encantada. Um dos músicos que sentou ao lado do Coro onde estávamos, me deu um belo sorriso tipo “Buona sera!” e eu retribui com outro sorriso.

Ricardo Mutti regeu a orquestra e a primeira parte foi linda.

No intervalo, o músico italiano galanteador veio até a divisória do fundo palco e veio falar comigo. Lindo, cheiroso e super elegante num smoking impecável.

Perguntou se eu estava gostando e me adiantou que a segunda parte ia ser maravilhosa.

E realmente foi. O público aplaudiu muito e eles ainda bisaram. Já me preparava para levantar e sair quando ele se aproximou e me deu um cartão com o telefone do Hotel Hilton. Era o “Otavino” digo Marco, que me ligava do teatro Scala me convidando para ir para Milão e assistir a temporada de Opera que estava para começar e eu seria sua convidada. Dava para ouvir a orquestra afinando os instrumentos no ensaio. Foi duro recusar.

De graça não iria sair. Mas o diabinho ficava na minha orelha sussurrando… ”você vai perder essa oportunidade ?”

Perdi… assim como até hoje só toco “O bife” a quatro mãos no piano. Foi o que restou.

Mas outras orquestras vieram e outros músicos também me encantaram. Sempre que vou assistir a um espetáculo desses, observo e escolho um ou dois componentes da orquestra e fico acompanhando e pensando como será a vida de um músico de uma orquestra com turnês internacionais.

E até hoje ele, o meu músico galanteador, continua sendo o Otavino!BRAVO!!! (Aplausos)

Priscila Chapaval

Jornalista... amo publicar colunas sobre meu dia a dia...

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