Como lidar com a tecnologia e as crianças? Leia o artigo e opiniões de especialistas na área.
Por Fernanda Beling
Na atualidade, o número de crianças que têm contato com smartphones ou tablets nos seus primeiros anos de vida só vêm aumentando. Será que a inserção tão precoce no mundo da tecnologia é saudável para as crianças?
A AVG Technologies realizou em 2016 uma pesquisa com famílias de todo o mundo que demonstrou que cerca de 66% das crianças entre três e cinco anos de idade conseguiam jogar no computador, que 47% já sabia como utilizar um smartphone, sendo que apenas 14% já conseguia amarrar os sapatos sozinho.
Os dados levantados pela AVG no Brasil revelaram que 97% das crianças brasileiras com idade entre 6 e 9 anos já utilizam a internet e que 54% já tem perfil na rede social Facebook. Especialistas no assunto, como a terapeuta canadense, Cris Rowan, considera o uso da tecnologia por menores de 12 anos prejudicial para o desenvolvimento e aprendizado infantil.
Crianças e tecnologias, como lidar?Crianças e tecnologias, como lidar?
Ela ressalta que o uso da tecnologia nesta fase da vida, ou seja, a superexposição das crianças com smartphones, tablets, redes sociais, assim como jogos, acabam por causar maior déficit de atenção, impulsividade, problemas para lidar com raiva, atrasos cognitivos e dificuldades de aprendizado. Além disso, a terapeuta ainda citou problemas com obesidade, pela falta de atividade física, além de passarem a dormir menos tempo pela dependência tecnológica.
Com isso, a Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Canadense de Pediatria no ano passado, em função dos riscos mencionados, passaram a recomendar exposição máxima para crianças a qualquer tipo de mídia. O recomendado pelas entidades é que depois dos dois anos de idade a criança comece a ter contato com tecnologias, porém por tempo limitado. Até os cinco anos de idade o recomendado é que as crianças fiquem no máximo uma hora em frente às telas. Para crianças de 6 a 12 anos o limite máximo é 2 horas e a partir dos 13 anos o limite passa para 3 horas.
Idade Tempo recomendado
Até 2 anos Sem contato diário
Acima de 2 anos Limitado a menos de uma hora e não diariamente
De 3 a 5 anos Uma hora por dia
De 6 a 12 anos Duas horas por dia
Acima de 13 anos Três horas por dia
Atualmente, o que acaba acontecendo é que os pais acabam cedendo ao uso de smartphones e tablets pela insistência dos filhos e outros porque consideram o contato desde cedo com os aparelhos necessário nos dias atuais.
Escritora e cofundadora da organização americana Coalizão pelo Fim da Exploração Comercial Infantil, Susan Linn, alerta “Nós precisamos encontrar uma maneira de educar os pais de hoje, e também os futuros pais, sobre prejuízos e benefícios das mídias eletrônicas e ajudá-los a fazer escolhas positivas para seus filhos”
Os pais são os exemplos
Os filhos seguem os exemplos dos pais. Os pais precisam estabelecer regras e tempo determinado para o uso de mídias tecnológicas para os pequenos. Portanto, para que haja equilíbrio, todos integrantes da família terão que determinar horários para ficar em frente às telinhas.
Outra dica é não estimular o uso de tablets e smartphones pelas crianças, tentar evitar o contato tão precoce. Estimular atividades em família é outra maneira de desviar a atenção dos pequenos para o uso da tecnologia.
Segurança
Um ponto extremamente importante, tome cuidado com o que seu filho está acessando na internet. Os números de casos em que crianças e adolescentes são vítimas de pedofilia são muito comuns na nossa sociedade, infelizmente.
Sempre procurar orientar a criança a não utilizar chats e nem informar dados pessoais a ninguém, como forma de proteger os pequenos. O ideal também é manter o computador com a tela visível e em uma área de comum acesso da casa, para que você possa seguidamente conferir o que a criança está fazendo. Já no caso dos smartphone e tablets, o ideal é excluir aplicativos de chats e bloquear sites pornográficos. Porém, o mais importante é sempre manter o diálogo com a criança, tentando esclarecer o porquê dos cuidados a serem tomados.
Crianças, tecnologia e segurança digital
A Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Canadense de Pediatria recomendam o uso de smartphones, tablets, computadores, ou qualquer outra mídia tecnologia somente a partir dos 13 anos de idade. A Entidade norte-americana ressalta que após os 13 anos o uso de smartphones já é benéfico para os adolescentes que começam a sair de casa sozinhos e também para os pais, que podem conversar com os filhos e saber onde estão através do smartphone.
Agora, para crianças com cinco anos de idade a entidade não vê nenhuma necessidade do contato com smartphones ou tablets. Por mais que os pequenos insistam, é necessário estabelecer regras, determinando tempo máximo de uso e o horário do dia mais adequado.
O que dizem os especialistas
Entramos em contato com a Psicóloga Clínica, Especialista em Terapia de Casal e Família, Mestre em Desenvolvimento Regional e Professora Universitária, Alba Regina Zacharias, para sabermos qual é a sua posição sobre o assunto, a especialista ressaltou que “A tecnologia contribuiu para uma mudança importante no comportamento infantil; muitas crianças acabam ficando isoladas em seus joguinhos, aplicativos eletrônicos e acabam desinteressadas pelas coisas reais, ou seja, interação com outras crianças e brincadeiras mais prazerosas”.
Tentar excluir a criança dessa realidade é impossível ou mesmo prejudicialQuando questionada sobre a inclusão tecnologia tão cedo na vidinha dos pequenos, Zacharias explicou que “Tentar excluir a criança dessa realidade é impossível ou mesmo prejudicial, pois seria aliená-la do que ocorre ao seu redor. A criança privada dessa realidade se sentiria excluída, até porque não entenderia dessa revolução tecnológica”.
“Penso que cada família tem condições de avaliar o limite, o tempo e a idade para a criança tenha contato com a tecnologia. O problema não é a tecnologia, mas sim o uso que se faz dela. Por exemplo, a criança passa muito tempo no vídeo-game para poupar os pais de uma interação maior ou de poder brincar com eles, esse problema certamente não é o da tecnologia em si”, completou a especialista.
Do meu ponto de vista toda estimulação é benéficaJá o pediatra, Dr. Eduardo Borges Boelter, CRM 16611-RS, disse “Do meu ponto de vista toda estimulação é benéfica, devido a estimulação que ocorre no desenvolvimento das áreas cerebrais responsáveis pelas habilidades que estas mídias irão necessitar no futuro”.
Inclusão tecnológica, é sim, benéfica as crianças
Não temos como nos desvincular das ferramentas tecnológicas, na atualidade elas fazem parte de nossas vidas no dia a dia. E as crianças necessitam ter acesso as tecnologias desde cedo, porém de uma forma organizada e orientada. O uso deve ser controlado tanto em casa como no ambiente escolar para que não afete o aprendizado e o convívio com a família, amigos e colegas.
Tomando as devidas precauções a tecnologia se torna uma grande ferramenta pedagógica, pois auxilia o aluno e muito, podendo buscar conhecimento além do conteúdo passado na sala de aula.
Algumas entidades recomendam uma idade correta para iniciar o contato com a tecnologia. No entanto, já se nasce imerso em uma sociedade que não vive sem tecnologia. A principal preocupação dos pais está em acompanhar e orientar a forma como as crianças utilizam esses equipamentos tecnológicos, para que o uso não atrapalhe o desenvolvimento dos pequenos. Brincadeiras sadias não devem ser substituídas por horas e mais horas em frente às telinhas. É necessário que a nova geração consiga combinar crescimento físico e intelectual.
Fonte: Oficina da Net
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