

Até pouco tempo atrás, a obesidade e o sobrepeso eram considerados fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Mas, nas últimas décadas, essas condições passaram a ser reconhecidas como doenças crônicas por si só. Causadas por uma combinação de fatores genéticos, fisiológicos, ambientais e comportamentais, as DCNT demandam cuidados contínuos para que não progridam.
O que é uma doença crônica?
As doenças crônicas são classificadas dessa forma por apresentarem características comuns, como:
🗸 Aparecem gradualmente e têm prognóstico difícil de ser compreendido;
🗸 Se manifestam de formas diferentes ao longo de tempo;
🗸 Podem gerar incapacidades físicas, como perda de mobilidade, e também neurológicas;
🗸 Requerem mudanças no estilo de vida;
🗸 Demandam cuidados para toda a vida, já que não têm cura;
🗸 Possuem alta taxa de mortalidade.
A OMS reconheceu a obesidade como uma condição crônica em 1948. Assim como o diabetes, a hipertensão e as doenças cardiovasculares, a obesidade é uma doença crônica relacionada ao excesso de tecido adiposo, que aumenta o risco de complicações médicas no longo prazo e pode reduzir a expectativa de vida da pessoa. Além disso, a obesidade apresenta características de doenças progressivas e recidivantes, tais como:
Doença progressiva – o ganho de peso causa uma série de alterações hormonais, metabólicas e fisiológicas no organismo que aumentam a probabilidade de acúmulo de gordura e dificultam a perda de peso. Dessa forma, o próprio mecanismo da obesidade favorece o ganho de peso, de maneira progressiva.
Doença recidivante – tratamentos pontuais, de curto prazo, não alteram os fatores genéticos que impulsionam e mantêm o ganho de peso em pessoas com obesidade. Dessa forma, mesmo após a perda ou manutenção de peso por um tempo, existe a possibilidade de reganho, pois o organismo sempre busca o retorno do peso perdido.
Existem vários critérios para o diagnóstico da obesidade. Para uma triagem inicial da obesidade na maioria das pessoas, pode ser calculado o índice de massa corporal (IMC). É uma avaliação rápida e fácil de ser feita, mas que nem sempre leva em consideração a massa muscular.
Já a avaliação do percentual de gordura corporal, através da bioimpedância, é uma avaliação mais específica, que leva em conta também a massa magra. Outro método complementar de avaliação usado é a medição da circunferência da cintura, que melhor se relaciona com o risco de doenças metabólicas e doenças cardiovasculares.
Como a obesidade é uma doença multifatorial, crônica com manifestações que podem variar de pessoa para pessoa, o tratamento precisa ser individualizado e envolver profissionais de diferentes especialidades, conforme a necessidade.
Quais são os fatores de risco para obesidade?
O ganho de peso ocorre quando a quantidade de calorias consumidas excede a quantidade de calorias que o corpo usa no desempenho de funções biológicas básicas, atividades diárias e exercícios. Ele pode ser causado pela alimentação inadequada, falta de atividades físicas e outras condições que afetam o equilíbrio energético e o acúmulo de gordura, que não envolvem ingestão calórica excessiva ou falta de exercícios, tais como:
🗸 Síndrome metabólica;
🗸 Genética;
🗸 Tempo de sono insuficiente;
🗸 Tabagismo;
🗸 Consumo excessivo de bebidas alcóolicas;
🗸 Uso de medicamentos que favorecem o ganho de peso.
Além disso, existem ambientes obesogênicos, ou seja, que contribuem para hábitos de alimentação não saudáveis, para a falta de atividades físicas ou para outros fatores de risco, como o estresse e o tabagismo.
A obesidade pode causar outros problemas de saúde?
A obesidade está relacionada a mais de 200 outras condições de saúde – também chamadas de comorbidades. As mais comuns estão listadas abaixo:
🗸 Apneia do sono;
🗸 Depressão;
🗸 Hipertensão;
🗸 Diabetes tipo II;
🗸 Doenças cardiovasculares;
🗸 Doenças do trato digestivo;
🗸 Doenças hepáticas;
🗸 Pancreatite;
🗸 Osteoartrite;
🗸 Alguns tipos de câncer.
É importante ter em vista que o controle da obesidade diz respeito à melhora da saúde e bem-estar das pessoas com obesidade, não sendo apenas sobre a perda de peso.