29 de março de 2024
Maria Helena

Não, não é cansaço…

Não vejo como o vencedor vai conseguir tirar o Brasil de um destino muito feio.
“No computador, você digita muito mais rápido do que o pensamento. Numa máquina de escrever, é preciso pensar”, diz Brandi Kowalski, de 33 anos

Jornalista numa máquina de escrever (Marcus Yam/The New York Times/VEJA)

Não sei se o amigo leitor está aborrecido com tantas pesquisas e tantas análises sobre estas eleições, como eu estou. É sempre mais do mesmo, não é não?
Além disso, esbarro sempre numa questão: o que será que leva certas pessoas a se candidatarem, a gastar fortunas em dinheiro e a abusar muito de sua saúde se sabem, como todos sabemos, que não vão chegar nem ao segundo turno? Não é curioso? Já recebi algumas explicações para isso, mas nenhuma me satisfez.
Fico preocupada com os jornalistas. Como trabalham em época de campanhas, sobretudo nesta, que está tão complicada. Nós, leitores, recebemos as notícias dadas pelos grandes nomes da mídia como se fosse um direito nosso, apenas. Claro que temos direito de saber com detalhes o que se passa nos bastidores da política. Mas não devemos esquecer do imenso trabalho e do grande sacrifício pessoal que fazem os nossos jornalistas.
Vou votar, confesso, exclusivamente em agradecimento aos jornalistas que tanto fazem para estimular o nosso voto. Se não fosse para honrar seu tremendo esforço de reportagem, eu não iria votar, ia me valer de meu direito a não comparecer, pela idade.
A desesperança tomou conta de meu espírito. Seja qual for o resultado destas eleições, não vejo como o vencedor vai conseguir tirar o Brasil de um destino muito feio.
Não estarei aqui para ver o resultado de um governo administrado por incompetentes ou radicais. Mas me preocupo por meu filho e pelos filhos e netos de amigos queridos.
Já começo a torcer para que os próximos quatro anos passem velozmente e que em muito pouco tempo tenhamos novas eleições, com candidatos, se Deus quiser, mais abalizados.
Perguntaram-me se isso não é simplesmente cansaço.
Pedi ao grande Fernando Pessoa que respondesse por mim. Ele concordou:
Não, não é cansaço…
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar.
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo…
Não, cansaço não é…
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais…
Fonte: Blog do Noblat

O Boletim

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