28 de março de 2024
Turismo

Amsterdam: o que fazer nesta cidade incrível

Tenho uma amiga que sempre diz: “Amsterdam é uma cidade para se visitar uma vez só”. Não concordo, de jeito nenhum. A capital da Holanda é uma cidade única onde um conjunto de razões faz dela um lugar muito especial.

A imagem clássica de Amsterdam. (Fonte: Mônica Sayão)

Seus canais e arquitetura formam uma dupla imbatível, que é complementada por uma atmosfera descontraída e alegre. Há muitos jovens, talvez seja esse o motivo. Mas não é só isso: os mais idosos também são super simpáticos e receptivos. Quem sabe as bicicletas não tenham um papel importante para uma vida sem stress e mais feliz?

Resolvi então listar minhas atrações favoritas na cidade. Quem sabe não convenço minha amiga que vale a pena voltar a Amsterdam!

1 – Canais com suas pontes e casas-barco:

Nada é melhor do que caminhar ao longo dos canais de Amsterdam. São muitos deles, mais de cem, e o conjunto de canais chamado Grachtengordel, que significa Cinturão ou Anel dos Canais, é o mais destacado. Ele engloba quatro canais paralelos: Prinsengracht, Keizergracht, Herengracht e Singer. Esse último já existia como fosso de proteção da cidade murada medieval até 1585. Por isso é o mais próximo da principal praça de Amsterdam, onde encontra-se o Palácio Real.

Imagem área mostrando os quatro canais que compõem o Anel dos Canais.
À direita do Singel, podemos ver uma construção maior: é o Palácio Real.  (Fonte: www.dutchamsterdam.nl)

Os canais foram construídos no século XVII, chamado de século de ouro holandês. Foi quando Amsterdam se transformou numa cidade muito rica e houve explosão populacional, passando de 50 mil para 200 mil habitantes em 75 anos. Uma dica: o Museu Histórico de Amsterdam, bem no centro, é uma ótima pedida porque mostra a história da cidade com destaque para o século de ouro.

Dos quatro canais, Herengracht é o mais lindo porque, em suas margens, encontram-se as residências senhoriais daqueles tempos de muita riqueza e opulência. Os canais transversais são o maior charme por serem mais estreitos. Meus favoritos são: Blomgracht, Leidsegracht, Reguliersgracht e Groenburgwal.

Um dos meus canais favoritos é o Bloemgracht. (Fonte: Mônica Sayão)

Há restaurantes, cafés, alguns hotéis, galerias de arte, museus, e um comércio bem bacana no Anel dos Canais. Aliás, uma dica boa é caminhar pela De Negen Straatjes (As Nove Ruas) que é uma sub-região onde estão as lojas mais descoladas da cidade. Vale conferir.

As pontes são muitas e lindas. De dia ou à noite iluminadas, são um atrativo à parte. Além de conhecê-las a pé, há passeios de barco, que num dia bonito de sol pode ser muito interessante.

Canais, pontes e arquitetura charmosíssima: quadro perfeito. (Fonte: Mônica Sayão)
Um passeio de barco pode ser uma boa pedida. Há vários tipos de embarcações. (Fonte: Mônica Sayão)
Quando digo vários tipos de barcos, aí vai um exemplo… (Fonte: Mônica Sayão)

Existem casas-barco em outras cidades da Holanda. Mas é na sua capital que elas são em maior número. Hoje há cerca de 2.500 casas-barco registradas no município de Amsterdam.

Originalmente as casas foram adaptadas de barcos, mas, desde algumas décadas atrás, houve permissão para que se construíssem casas mesmo, sobre plataformas flutuantes para não afundarem. Independente do tipo, são caríssimas e é difícil conseguir permissão para construção de uma nova já que as margens dos canais estão quase todas ocupadas.

Uma casa flutuante em primeiro plano e uma casa-barco logo a seguir. (Fonte: Mônica Sayão)
Detalhe de uma casa flutuante: ambientes distintos de estar, até mesmo no teto.  (Fonte: Mônica Sayão)
A vida parece muito boa… (Fonte: Mônica Sayão)

2 – Arquitetura:  

As fachadas são irresistíveis, cada uma diferente da outra. Têm em comum cores que vão do branco, ao tijolo e a tons de marrom ou preto. A maioria das casas foi construída no século XVIII, mas há as mais antigas, dos endinheirados, do século anterior.

Diversidade de fachadas dão um encanto extra à cidade. (Fonte: Mônica Sayão)
Há detalhes primorosos! (Fonte: Mônica Sayão)
Cada uma mais linda que a outra! (Fonte: Mônica Sayão)

3 – Museumplein (Praça dos Museus):

A Museumplein é um grande espaço verde gramado, rodeado por museus e uma maravilhosa sala de concertos, a Concertgebouw. Nesta praça estão o Rijksmuseum e o Museu Van Gogh. Dois dos mais importantes museus da Europa, que são visitas imperdíveis. Sem contar o Stedelijk Museum, de arte moderna e contemporânea.

No Rijksmuseum encontra-se um acervo enorme de arte holandesa, com destaque para os pintores do século de ouro. Lá estão, entre os muitos outros quadros, a “Ronda Noturna” de Rembrandt e “A Leiteira” de Vermeer. O museu é muito grande e é recomendável a compra antecipada de ingressos pela internet.

Fachada imponente do Rijksmuseum. O museu passou por reforma por dez anos e só foi reaberto em 2013. (Fonte: Mônica Sayão)
Uma das obras-prima do Rijksmuseum é a tela “Ronda Noturna” de Rembrandt. (Fonte: Mônica Sayão)
Outra tela em destaque é “A Leiteira” de Vermeer. (Fonte: Mônica Sayão)

O museu Van Gogh abriga a maior coleção de obras do pintor, não fosse ele holandês! É sensacional e a compra de ingressos com data e hora marcadas para a entrada é fundamental. É o museu do encantamento e da emoção, porque é difícil não se envolver com sua pintura e sua história. Totalmente imperdível!

Uma das inúmeras e maravilhosas telas de Van Gogh. (Fonte: Mônica Sayão)

Ainda na Praça dos Museus a Concertgebouw precisa ser destacada. É a sala de concertos da cidade, com excelente acústica e, por esse motivo, considerada uma das melhores do mundo.

Não perco um concerto lá. O som realmente é magnífico, dá para perceber. Mas o que mais me impressiona é a atitude do público, de total entrega à música. Uma experiência e tanto!

Concertgebouw: excelência em música clássica. (Fonte: Mônica Sayão)

4 – Bloemenmarkt (Mercado de Flores):

Esse é o mercado de flores mais famoso de Amsterdam. Ele é o único mercado de flores flutuante do mundo porque está instalado sobre barcaças atracadas ao longo da margem do Singel. Existe desde 1862 e lá compra-se desde um buquê de flores até bulbos de tulipas, por exemplo. Vende-se também souvenirs de todo o tipo.

O mercado de Flores está à direita da foto, na margem do Singel. (Fonte: Mônica Sayão)
Interior de um dos espaços do Mercado de Flores.  (Fonte: Mônica Sayão)

5 – Begijnhof:

Existe um recanto em Amsterdam que só foi descoberto por turistas nessa última década, o Begijnhof. Isso porque ele fica escondido, apesar de estar localizado bem no centro, e só é acessível por duas portas discretas. Aliás, quando a gente entra por uma das portas percebe que o espaço interno, com área central verde e rodeado por construções, está abaixo do nível da rua. Reminiscências de tempos medievais.

O Begijnhof, provavelmente fundado em 1346, era um conjunto de casas onde as beguinas moravam. Elas pertenciam a essa irmandade católica laica, composta por mulheres solteiras e viúvas, que queriam dedicar suas vidas a fazer o bem. Eram reclusas mas não precisavam fazer os votos religiosos.

O lugar é lindo e surpreendente! Há casas muito antigas lá. Um exemplo é a Houten Huis (Casa de Madeira), com sua fachada original toda de madeira.

Há também uma igreja católica do século XVI, convertida em Igreja Inglesa, com a chegada do protestantismo no país. Há também uma pequena capela, a Capela Escondida, que quase passa despercebida, e essa era a intenção mesmo, para proteger os católicos da época. Lá ainda hoje há missas.

Vista de uma parte do Begijnhof: atualmente são residências particulares. (Fonte: Mônica Sayão)
Begijnhof é encantador: parece que o tempo parou! (Fonte: Mônica Sayão)
Essa é a Houten Huis, casa toda de madeira de Begijnhof. (Fonte: Mônica Sayão)

6 – Casa de Anne Frank:

Algumas clientes de turismo às vezes me pedem para evitar a ida à Casa de Anne Frank. Eu entendo, a história é muito triste: durante a ocupação nazista na Holanda, a adolescente judia Anne Frank viveu com sua família (e com outra família também) no sótão secreto do prédio onde seu pai trabalhava.

Foi assim por mais de dois anos, até serem descobertos, vivendo em condições mínimas de conforto, apertados, sem sair do esconderijo e sem poder fazer barulho durante o dia. Nesse período Anne escreveu seu diário, que acabou virando um livro best-seller e depois um filme. Morreu no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia.

A visita é realmente emocionante. Não dá para a gente não se reportar àquele tempo e imaginar o sofrimento pelo qual passaram. Como o espaço é pequeno e a procura por ingressos grande, é absolutamente fundamente comprar os bilhetes online com antecedência. A casa de Anne Frank localiza-se em Prinsengracht, um dos canais do Anel de Canais.

7 – Red Light District (Distrito da Luz Vermelha):

Agora me lembrei da tal amiga: o Red Light District é um lugar para ir uma vez, não mais. Sem falsos pudores! Na realidade, a prostituição é legalizada na Holanda, e há outros Red Light Districts pelo país. O de Amsterdam é o maior e mais conhecido. A origem vem do país ter sido no passado um grande centro marítimo, onde muitos barcos atracavam. Marujos em terra e profissionais do sexo combinam, certo?

As profissionais continuam expostas nas vitrines, com roupas e maquiagem provocantes. O público passante é grande e bem eclético. Tem de tudo, até famílias com crianças. E gente estranha também. Não me sinto segura lá. É chegar, dar uma voltinha e ir embora.

8 – Gastronomia:

Há ótimos restaurantes em Amsterdam. Mas a cidade não é conhecida por sua gastronomia mais sofisticada. Então minha sugestão é comer o que há de melhor por lá: os queijos maravilhosos, os croquetes de carne com crosta crocante, as panquecas finas (salgadas e doces), um prato de assado com legumes, batatas fritas e o stroopwaffle, aquele biscoito redondo e fino recheado com caramelo. E torta de maçã com creme levinho. E chocolates, como esquecer?

A cerveja é muito popular e há até visitação à Heineken, que pode interessar aos aficionados.

Há diversos pequenos restaurantes onde pode-se pedir um sanduíche, sopa ou salada, e são sempre gostosos. (Fonte: Mônica Sayão)
Winkel é meu café favorito da cidade. (Fonte: Mônica Sayão)
Lá tem uma torta de maçãs famosa e deliciosa . (Fonte: Mônica Sayão)
O interior do Winkel é bem a cara da Holanda: despretensioso mas muito charmoso. (Fonte: Mônica Sayão)

9 – Mercado Albert Cuyp:

Essa é a maior feira a céu aberto da Europa. É também a mais famosa e antiga da Holanda. Fica na rua Albert Cuyp, um pintor do século XVII. É uma feira onde se encontra de tudo, inclusive comidinhas. É muito bem organizada e limpa.

Uma dica: a feira pode ser conjugada com visita ao Rijksmuseum ou ao Museu Van Gogh, porque ficam bem perto da feira. Ou mesmo conjugada com visita à Heineken, logo ao lado. A feira funciona em todos os dias, exceto aos domingos, das 9h às 17h.

Vale muito conhecer o Mercado Albert Cuyp.  (Fonte: www.hypeness.com.br)

10 – Tulipas:

Se a visita à Holanda acontecer entre final de março e meados de maio, aí a alegria será completa: é a época das tulipas! As cidades ficam coloridas e os campos, então, só vendo ao vivo para crer.

Fiz uma coluna aqui no Boletim sobre Keukenhof, o mais lindo parque de tulipas do mundo. Localizado a 30km de carro do centro de Amsterdam, é programa imperdível.

Os dias certos de abertura e fechamento do parque variam de ano a ano. É necessário confirmar no site do Keukenhof.

O ideal, por experiência própria, é a visita acontecer mais para o final de abril, início de maio, quando a maior parte das tulipas estarão em flor.

Só não pode visitar no Dia do Rei, que é em 27 de abril, quando acontece uma grande festa em homenagem ao aniversário do rei Guilherme.

É feriado nacional e a cidade fica lotada.

Keukenhof e suas maravilhosas tulipas! (Fonte: Mônica Sayão)
A gente quer tirar fotos dos canteiros de tulipas, e o povo só querendo aparecer na foto… (Fonte: Mônica Sayão)
Uma última imagem, só para a gente sonhar com uma próxima viagem. (Fonte: Mônica Sayão)
Mônica Sayão

“Arquiteta de formação e de ofício por muitos anos, desde 2007 resolveu mudar de profissão. Desde então trabalha com turismo, elaborando roteiros e acompanhando pequenos grupos ao exterior. Descobriu que essa é sua vocação maior.”

“Arquiteta de formação e de ofício por muitos anos, desde 2007 resolveu mudar de profissão. Desde então trabalha com turismo, elaborando roteiros e acompanhando pequenos grupos ao exterior. Descobriu que essa é sua vocação maior.”

    4 Comentários

    • Edwiges 14 de fevereiro de 2021

      Fiquei encantada com as fotos e a vontade de retornar a esse país tão charmoso. Lindo!😘😘💖💖

    • Mônica Sayão 18 de fevereiro de 2021

      Edwiges querida,

      Amsterdam é inspiradora! Ainda com dias de sol e tulipas!

      Vamos voltar?

      Beijão,
      Mônica

    • Maria Cecilia Capistrano 18 de abril de 2022

      Amei sua reportagem.
      Maravilhosa, vamos curti-la.
      Contando os dias..,

      • Mônica Sayão 18 de abril de 2022

        Cecília querida!

        Tenho certeza que será uma viagem maravilhosa!
        Obrigada pelo carinho.

        Bjs
        Mônica

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