28 de abril de 2024
Colunistas Lucia Sweet

A origem intelectual da importância da classe artística para a esquerda

O dramaturgo George Bernard Shaw foi um dos homens mais originais, cultos e influentes da sua época, admirado por sua ironia, impertinência, humor cáustico e por recusar-se a aceitar dogmas e frases feitas.

Na juventude, abraçou o socialismo. Em 1884 fundou a Sociedade dos Fabianos, um grêmio de teóricos, juntamente, com William Archer (escritor e crítico teatral, admirador de Ibsen) , Florence Farr (atriz, compositora, diretora, ativista dos direitos das mulheres, jornalista, educadora, cantora, romancista e líder da ordem ocultista, a Ordem Hermética da Golden Dawn) e Annie Besant, entre outros.

Annie Besant “era escritora, teósofa, erudita, militante socialista, maçom, ativista e defensora dos direitos das mulheres, uma das mais notáveis oradoras da sua época e autora de uma vasta obra literária sobre Teosofia. Escreveu mais de 300 livros. Morou na Índia, onde adotou como filho o jovem indiano Krishnamurti, que era tido pelos teósofos como um grande mestre. Last but not least, em 1912 Annie Besant, Marie Russak e James Ingall Wedgwood fundaram a Ordem do Templo da Rosa Cruz. Em razão dos numerosos problemas originados na Inglaterra durante a Primeira Guerra Mundial, as atividades tiveram que ser suspensas. Besant retornou a suas tarefas como Presidente Mundial da Sociedade Teosófica, Wedgwood seguiu trabalhando como bispo da Igreja Católica Liberal e Russak manteve contato na Califórnia com Harvey Spencer Lewis, ao qual ajudou na elaboração dos rituais da Ordem Rosa-cruz AMORC.” [Fonte: Wikipedia].

O nome “Sociedade dos Fabianos” é uma alusão ao general romano Fábio Máximo, famoso por vencer o inimigo com suas técnicas protelatórias. Desse núcleo surgiu o Partido Trabalhista inglês.

George Bernard Shaw saiu do anonimato ao conhecer, na Biblioteca Nacional, William Archer, que ficou espantado de encontrar sobre a mesa de Shaw, lado a lado, “O Capital”, de Karl Marx e uma partitura de Wagner. Esse encontro fortuito aconteceu em 1885 e, a partir daí, G. Bernard Shaw, com quase com trinta anos, finalmente começou a ganhar dinheiro com a pena, escrevendo em diferentes seções de periódicos londrinos como crítico literário, crítico de arte, crítico musical e crítico teatral.

George Bernard Shaw acreditava que “as belas-artes são o instrumento de propaganda moral mais sutil, mais sedutor e mais eficiente do mundo, excetuando apenas o exemplo do comportamento pessoal. Segundo escreveu, “E mesmo dessa exceção abro mão em prol da arte da cena, porque esta funciona exibindo exemplos de comportamento pessoal tornados compreensíveis e comovedores aos olhos de multidões de pessoas que não sabem observar nem refletir, e para quem a vida real nada significa”.

Essa é a origem intelectual da importância da classe artística para a esquerda. Apesar da publicidade poder ser rastreada até civilizações antigas, em meados do século XIX tornou-se uma grande força nas economias capitalistas, principalmente em jornais e revistas. No século XX, a publicidade cresceu rapidamente com as novas tecnologias, como mala direta, rádio, televisão, internet e dispositivos móveis.

Com o advento da Estatística, passou-se a medir a eficácia dos anúncios e observou-se que a publicidade com artistas era um fracasso, porque artistas não passavam credibilidade para fazer alguém comprar um produto ou abraçar uma ideia. Uma pessoa anônima era muito mais convincente.

Esses princípios da publicidade mudaram e hoje artistas recebem fortunas para participar, por exemplo, do jogo político, junto com os veículos de imprensa, que publicam manchetes com as opiniões desses famosos.

Como curiosidade, voltando a G..B. Shaw , ele era abstêmio e vegetariano. Casou-se , com quase quarenta anos, com uma irlandesa rica e a união, baseada na atração espiritual, excluiu deliberadamente os laços sexuais. A esposa, sua grande amiga, aceitou casar-se com Shaw para facilitar sua obra de criação. Mas em suas peças, a mulher “shawiana” é instintiva e cruel.

Lucia Sweet

Jornalista, fotógrafa e tradutora.

Jornalista, fotógrafa e tradutora.

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