28 de abril de 2024
Colunistas Ligia Cruz

O teatro das mentiras

Quem quiser manter a sanidade mental deve sair da redes sociais antes das eleições.

Além do clima — do tempo mesmo –, apresentar tempestades com trovoadas aqui e ali, uma torrente de inverdades está caindo sobre nós, impiedosamente.

Não se trata mais de lado, de escolha política ou ideológica, de candidatos daqui e dali,  mas de uma pressão jamais vista sobre os eleitores, com mentiras construídas e verdades escondidas.

Agora todo mundo virou estrela do tik tok, dos tais reels, “lives”e viraliza com qualquer baboseira que disser ou mostrar. É só baixar o aplicativo e fazer o seu com um enredo qualquer. Principalmente sobre as eleições. Ninguém fala sobre outra coisa.

Tem candidato que todo dia vai atrás de cachorro abandonado para sair nas redes sociais como pessoa virtuosa, resgatadora de animais que a sociedade ignora. Mas a informação subliminar é o número do candidato que aparece no cantinho do vídeo.

 Aí o sujeito, tão bonzinho, é  eleito e vai para a Câmara dos Deputados cumprir seu mandato, ganhar seu polpudo salário e já não tem mais tempo para a população canina à deriva pelas ruas.

Uma senhora, daquelas que fazem “trabalho de base” na periferia, se eleita, também vai receber seu soldo e esquecer daquela vida “miserenta” de gastar sola de sapato em comunidade pobre. Logo, vai atuar só em comissões, virar madame, habitué de clínicas de estética e esquecer a baranga ativista que já foi.

Na largada da campanha eleitoral tinha até candidato a presidente falando em tom elevado sobre o que faria se chegasse ao topo, mas esqueceu de sua “folha corrida”. Exemplar assim ninguém esquece para o bem ou para o mal. Morre pela boca sem engodo.

Uns não se contentam só em cumprir seu papéis no cenário eleitoral para chegar ao Olimpo das deidades republicanas. Atingir o Pico da Neblina sem escalar é pouco. Mas como poucos sabem onde fica, melhor mesmo é subir a torre Eiffel, dá menos trabalho, mais glamour e dá para fazer um registro de selfie ainda mais blasé.

A arrogância das vaidades impolutas vai colocar muitos políticos no banco popular dos réus, para servirem de exemplos,  daqui a um tempo, até porque essa gente vira a casaca rapidinho.

No meio disso tudo, dinheiro,  muito dinheiro. Campanhas caríssimas pagas por nós – povão -, triturados pela máquina de torcer verdades.

Nunca se ouviu tanta mentira neste país. De todos os lados. Até de quem não é político e ocupam cargos de servidores públicos.

Resgatar a reputação de moribundo político, nem mesmo no Sírio Libanês. Nem a pátina mais densa consegue esconder os vincos da estupidez moral de alguns candidatos.

Pior que isso, é arrastar toda a sujeira para os tapetes de outros países. Uma vergonha inominável. Como se estes também não tivessem suas próprias mazelas e sofressem o julgamento popular.

Com tanta gente se estapeando, fica difícil enxergar quem tem razão num primeiro momento.  Mas as redes e a imprensa estão aí para  nos mostrar a verdade. É só não ter preguiça, pesquisar a história pregressa dos políticos, está tudo gravado e escrito, com números.

Até quem não era populista aprendeu a ser. Nunca se viu tanto cinismo e gente falando de amor. Sim, escolha o amor e você vai ficar amando de bolso vazio.

 O negócio é tomar uma posição e abstrair para longe do mundo real e virtual nestes dias. Aterrisse depois das eleições.

 Antes disso, é emprestar a razão ao demônio.  Lembre-se que o que todos eles querem é ganhar o que você tem de mais precioso, “no mole”. Seu voto.

Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

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