14 de maio de 2024
Colunistas Joseph Agamol

Uma amiga querida vai para Nova York

E eu poderia dizer-lhe para ouvir Frank Sinatra, claro. Ou até Alicia Keys. Canções tradicionalmente associadas à Big Apple.

Mas eu, que estou, corriqueiramente, sofrendo de saudades nova-iorquinas, e sabedor de que minha amiga é, tanto quanto eu, avessa a lugares-comuns e clichês, recomendar-lhe-ei que ouça Carole King.

E por que não? Carole nasceu em Manhattan e suas canções estão impregnadas de Nova York, tanto ou mais do que qualquer outro artista associado à cidade.

Ouvir Carole King, para mim, é ouvir o sussurro da cidade além dos monumentos, é lembrar vividamente a sensação de caminhar pelas tão familiares ruas numeradas, suas entradas baixas, seus latões de lixo, seus carrinhos de bebê estacionados, suas obras intermináveis.

Suas tulipas onipresentes, suas incontáveis livrarias, seus peladões da high line, seus cachorros-quentes do Nathan’s, seus museus infinitos, seus monumentos obscuros, suas igrejas e sinagogas, tão infindos quanto o horizonte e o pôr do sol em Manhattan-henge.

Saudade de simplesmente me deixar levar e me perder e me encontrar pelos acessos ao coração do meu amor, da minha cidade, do meu lugar no mundo, quando eu estiver Home Again.

Boa viagem, querida amiga. Eu não irei. Mas você vai me encontrar por lá.

(Texto: Joseph Agamol foto: Javan NG)

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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