17 de maio de 2024
Colunistas Joseph Agamol

Um mistério de 40 anos

Nos anos 70 e 80 tornou-se comum um certo estilo de fazer propaganda: uma canção forte, acompanhada de belas imagens, seja de igualmente belos homens e mulheres, seja da natureza, ou de ambos. Eram quase pequenos clips, pequenos filmes, que contavam uma história, e que, geralmente ao final, faziam uma conexão com o anunciante.

Fabricantes de jeans, alguns que não sobreviveram, eram useiros e vezeiros em lançar mão desse recurso: U.S. Top, Villejack, Lee, e o mais popular, Levi’s. E é justamente sobre um comercial de jeans Levi’s que estou falando.

Em 1980, talvez 1981, as TVs foram tomadas de assalto por um anúncio da calça Levi’s, acompanhado de uma canção assombrosa, uma pequena joia pop, calcada em rock, blues e country, interpretada por uma poderosa voz masculina. Em pouco tempo, surgiu um clamor popular por um disco com a canção, que logo foi lançado.

Curiosamente, a versão do comercial era diferente da versão lançada em um compacto simples – sim, não havia um LP. E nunca haveria. A capa do compacto – forma de lançar canções antes do advento do CD, um disco com apenas duas músicas – apresentava o casal do comercial. O nome da canção? “Graffitti”. O grupo? “Paris Group”.

Nada fazia sentido. A letra da música não juntava lé com cré, parecendo apenas frases soltas. O título menos ainda. O nome do “grupo”? Provavelmente apenas pelo fato do comercial evocar Paris. E, ainda mais curioso: em uma época em que programas de auditório como o do Chacrinha pululavam na televisão, o “Paris Group” jamais se apresentou.

Até hoje não se sabe quem compôs, tocou e cantou essa verdadeira pérola pop perdida no tempo.

Eu tive uma suspeita, e até hoje aposto que é a mais forte possibilidade: a canção foi composta para o comercial, e, devido ao sucesso imenso, gravaram uma versão em compacto simples. O cantor? Tony Osanah, um argentino radicado no Brasil, e que fazia parte do grupo Raices de America. Tive essa certeza ao ver sua gravação, em duo com a cantora Rosa Maria, de “Summertime”.

Para os que quiserem conferir, deixo nos comentários as duas versões da música e a versão de “Summertime”.

Quem se propõe a ajudar a desvendar?

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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