Fiquei matutando desde ontem, quando concluí a temporada final de “Modern Family” – e me senti como se velhos e bons amigos tivessem mudado de cidade. Me julguem.
Uma coisa levou a outra: o que faz um seriado alcançar tremendo sucesso, a ponto de se manter no ar por 11 anos, como foi a saga das famílias de Jay, Gloria, Manny e Joe, Phil, Claire, Haley, Alex e Luke, e Cameron, Mitchell e Lily? Um bom elenco, com a misteriosa “química” entre os integrantes? Roteiro afiado, direção afinada?
Ou a capacidade de dialogar, de forma intensa e íntima, com quem assiste, levando, muitas vezes, a reflexões inesperadas?
Seriados não são novidades na cultura pop, desde os primórdios, com “I Love Lucy”, “A Feiticeira”, “Os Waltons”, entre outros. Mas foi só recentemente que séries televisivas, antes vistas como um sub-mercado para artistas que não se destacavam ou em decadência no cinema, alcançaram status equivalente.
Para mim, o ponto de inflexão foi “Friends”, em 1990. “Friends” abriu o caminho para o que veio depois, tanto em audiência quanto em influência na sociedade. Sem “Friends” não seria possível “Game of Thrones”, por exemplo – por mais diferentes que sejam.
E aí voltamos à “Modern Family” e sua capacidade para se conectar conosco em níveis tão profundos como o de ontem, quando vi o último episódio, após 11 anos de série, que concluiu com a fala, simples e comovente, do patriarca Jay:
“A vida é cheia de mudanças. Umas grandes, outras pequenas. Aprendi há muito tempo que podemos resistir – ou aproveitar da melhor forma possível. E isso é muito mais fácil se tivermos pessoas que nos amam, nos ajudando a encarar o que a vida nos traz. Pelo menos, é isso que me ajuda a dormir à noite.”
Pensando bem, essa frase responde à minha dúvida inicial.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.
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