29 de abril de 2024
Colunistas Joseph Agamol

O Prêmio Nobel não ganhou Guimarães Rosa

Ontem, Guimarães Rosa completaria 115 anos.

O Brasil não nos tem dado pródigos motivos para termos orgulho em ser brasileiros, convenhamos. Um desses raros motivos que me faria brandir uma bandeira verde-amarela e sair bradando “eu sou brasileiro…” tem nome – ou sobrenome – e estaria ontem completando 115 anos.

Guimarães Rosa pintou o Brasil como nenhum outro: nem Drummond, nem Amado, nem Veríssimo (o pai, o grande Érico), nem Machado, acreditem.

(Sim, pintou, pois que escrevia como quem pinta, criando e recriando o sertão à sua moda, em generosas pinceladas, espalhando cores no interior dourado de Minas, guache de palavras amalgamando o agreste, dando forma ao que só existia em pensamento, o Verbo tornado livro.)

Guimarães Rosa me dá até uma… sei lá, uma saudade de ser brasileiro. De ver ao vivo o cinza e o ocre das veredas interioranas, de beber na fonte do povo real, da sabedoria que brota feito macaxeira, nos montes e prados e ribanceiras dos caminhares das Geraes, nas trilhas do ouro e da prata, das estradas percorridas por El-Rei, dos redemoinhos, da poeira do chão.

Curiosamente, o Prêmio Nobel nunca conquistou Guimarães Rosa. Mas, como ele mesmo disse em “Grande Sertão: Veredas”:

“Sorte é isto. Merecer e ter.”

Faltou foi sorte ao prêmio Nobel para ganhar Guimarães Rosa.

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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