Foi no Natal de 1914. A Primeira Guerra Mundial tinha começado há apenas 5 meses. Os dois lados em disputa eram liderados por Inglaterra e Alemanha. Quando quase não havia mais avanço, os adversários se refugiaram em quilômetros de trincheiras, cavadas nas frentes de batalha.
Na noite de 24 de dezembro, ingleses em suas trincheiras começaram a cantar canções de Natal. Os alemães ouviram e começaram a cantar também. As vozes se misturaram. Em um dado momento, um soldado – alemão? inglês? – se levantou e saiu de sua trincheira. Em breve, alemães e ingleses emergiram de seus túneis e confraternizaram. Trocaram presentes. Chocolates. Rações de guerra. Cartões postais. Até jogaram futebol! Mas o mais importante: trocaram HUMANIDADES – em um momento de desumanização extrema.
A Trégua do Natal de 1914, como passou a ser chamada, nunca mais se repetiu. Os Senhores da Guerra passaram a reprimir ferozmente qualquer movimento nesse sentido. Os horrores do conflito se intensificaram – até seu fim em 1918, após ceifar milhões de vidas.
Mas houve luzes e houve cantos e houve, ao menos por um momento, a reconquista de algo que se considerava perdido: a “re-humanização”. Houve trocas, mas não só de presentes: houve troca de Luz.
Tênue como a chama que acende um cigarro.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.