16 de maio de 2024
Colunistas Joseph Agamol

O Manda-Chuva e o gato de Schrödinger

Acabei de assistir a abertura de um desenho clássico de nossa infância: “Top Cat”, de 1961 – aqui por essas bandas conhecido como “Manda-Chuva”, aquele gato malandro, líder de uma gangue de gatos de rua que vivia atazanando o Guarda Belo.

O que sempre me surpreendeu, amigos e vizinhos, e ainda me surpreende, é a qualidade da trilha sonora da série: um jazz magnífico, interpretado por um grupo vocal afinadíssimo e acompanhados por uma banda excelente. O roteiro das histórias poderia até ser ingênuo, e era ótimo que fosse assim: era para crianças, afinal.

Mas o ponto a que quero chegar é: a trilha sonora adultíssima e de qualidade altíssima era adicionada à uma obra infantil quase como uma mensagem subliminar. Ou seja: as crianças eram tratadas como crianças – o que era adequado – mas a elas era oferecido, até sem que elas percebessem, um elemento de alta cultura – algo a que elas se acostumavam desde tenra idade.

Fiquei pensando em como passamos disso, dessas pequenas obras de arte inseridas em prosaicos desenhos animados, como o citado “Top Cat” e “The Flintstones”, para as paupérrimas, tanto em grafismos quanto em trilhas sonoras, roteiros, etc., produções dedicadas ao público infantil de hoje.

O que tem a ver o Manda-Chuva com o gato de Schrödinger?

O gato Manda-Chuva era exemplo de uma sociedade pujante – e muito, muito viva.

O gato de Schrödinger exemplifica a nossa sociedade atual: pairando num estado de animação suspensa, sem saber se vive ou não.

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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