Essa não contei pra vocês, amigos e vizinhos. Acho que uns poucos sabem, aqueles que privam do duvidoso prazer de conversar comigo no WhatsApp. Então.
Uma breve contextualização: sou carioca, nascido e criado na região do German’s Complex, mas versado na geografia sebastiana, palmilhando da zona sul à Baixada, tendo como residência mais recente o bairro da Lapa – até vir morar aqui no interior de SP, há quase 8 anos.
Passei perrengues por falta de emprego – passo até hoje, na verdade. Várias entrevistas frustradas – faz parte do jogo, ok. Mas guardo uma em especial.
Fui chamado em uma escola. Meu currículo agradou. Experiente em vários graus do ensino. A coordenadora conversou comigo, acertamos turmas, salário e dias. Faltava só conversar com a coordenadora- chefe. Pois bem.
A dona chegou, sentou na minha frente e falou sobre a escola, sobre a linha didática, etc. etc. etc. E me pediu para falar a meu respeito.
Eu praticamente não concluí duas frases. Aos primeiros “chiados” característicos do sotaque da mui hermosa cidade do Rio de Janeiro, a senhora agradeceu, polida e friamente, e encerrou a conversa.
Nunca fui chamado.
Essa pequena história foi o corolário – ou a gota d’água, como queiram – que me tornou absolutamente intolerante ao preconceito contra os nascidos no Rio. Aliás, sou intolerante a qualquer tipo de preconceito, mas esse me afeta diretamente.
Portanto, caso passe na minha frente qualquer tipo de manifestação em que eu detecte esse abominável sentimento, a pessoa será imediatamente excluída da minha lista.
Os preconceituosos que desejarem me poupar o trabalho, podem fazer as honras da casa.
Sem mais.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.